É com o maior gosto que me associo à entrega do “Prémio Científico IBM”, aqui na Fundação Champalimaud, cuja Presidente e nossa anfitriã, Dra. Leonor Beleza, saúdo calorosamente.
Quero também saudar e felicitar a IBM Portugal pelo 25º aniversário deste prestigiado Prémio Científico, que tem como propósito distinguir trabalho de excelência no campo das Ciências da Computação. Trata-se de um reconhecimento merecido.
O Prémio Científico IBM, que foi pioneiro no incentivo e na divulgação do trabalho de jovens investigadores portugueses, constitui um vivo testemunho da aposta que esta empresa tem feito, de forma consistente, em benefício da cultura de ciência no nosso País.
Senhoras e Senhores
O grau de cultura científica de uma sociedade afere-se sobretudo pelo modo como o conhecimento e as técnicas nele baseadas se refletem na vida quotidiana, na economia e na organização social.
A ciência moderna tem registado uma evolução fulgurante, com isso transformando de forma profunda as nossas sociedades e o nosso modo de vida.
O conhecimento científico acumulado e a sua aplicação sob a forma de ferramentas tecnológicas têm permitido feitos admiráveis e, como nunca noutro período da história da humanidade, têm melhorado a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas.
O impacto da ciência na sociedade é hoje bem visível. Ao nível da saúde e do aumento da esperança de vida, no progresso nos níveis de educação e de produtividade no trabalho, nas comunicações e nos transportes, na computação, por toda a parte encontramos verdadeiras conquistas civilizacionais que devemos à ciência e ao conhecimento científico.
Não é, pois, motivo de surpresa a importância atribuída à ciência, aos cientistas, ao conhecimento científico e à sua aplicação na tecnologia.
Para além das técnicas, dos conhecimentos ou dos métodos científicos, importa considerar os valores inerentes ao espírito científico e o seu impacto na sociedade. Desde logo, porque a ciência encoraja o pensamento crítico feito através da observação, da experimentação, do questionamento e da dúvida. A ciência é, também, em larga medida, uma plataforma interativa, um diálogo de aprendizagem entre muitos seres humanos.
No espírito científico, as disputas são resolvidas não pela força mas pelo diálogo esclarecido. A ciência é edificada não por argumentos de autoridade, mas pela cooperação e pelo respeito mútuo.
Estes são valores que as nossas sociedades deveriam cultivar de forma mais intensa. Uma sociedade mais democrática e mais aberta é, também, uma sociedade mais científica. Por sua vez, uma sociedade mais científica é uma sociedade mais livre e mais racional.
Senhoras e Senhores,
Em apenas uma geração, Portugal foi capaz de superar grande parte do seu atraso científico estrutural face aos restantes países europeus.
Portugal é, de facto, na Europa, um caso de progresso, num curto período de tempo, em matéria de ciência e tecnologia.
As universidades portuguesas e os nossos investigadores ombreiam com os seus pares internacionais em muitas áreas do conhecimento.
A qualidade da nossa ciência e dos nossos cientistas é, sem dúvida, um resultado muito positivo da aposta do investimento público em políticas científicas e tecnológicas.
Esta evolução, que assentou no acesso crescente ao ensino superior, traduziu-se no crescimento consistente do número de doutorados e pós-graduados e no aumento da quantidade e da qualidade da produção científica.
Pode dizer-se que um dos principais resultados do investimento público em ciência e tecnologia foi a melhoria da capacidade de educar e preparar as novas gerações.
O reforço da capacidade científica e tecnológica faz-se igualmente sentir na acrescida proximidade e no relacionamento mais profícuo entre as universidades e as empresas.
Se é verdade que ainda se constata algum distanciamento entre instituições universitárias e empresas, esta aproximação tem, no entanto, conhecido uma dinâmica e um sucesso que tornam esta tendência irreversível.
Será desejável e expectável, por isso, que a atividade e a produção de conhecimento da comunidade científica venham a ter uma presença cada vez maior no nosso tecido empresarial, com benefícios para a criação de riqueza e de emprego.
As políticas públicas prosseguidas nas últimas décadas permitiram fortalecer o sistema de ciência e tecnologia nacional.
A promoção da cultura científica, a capacitação de recursos humanos, o reforço das instituições académicas e a internacionalização das plataformas de produção de conhecimento foram algumas das vertentes onde estas políticas tiveram a sua mais feliz incidência.
A introdução da avaliação externa independente foi um instrumento importante para garantir a qualidade científica como premissa essencial da evolução do sistema, incluindo o seu financiamento.
Neste contexto, as instituições de ensino superior souberam desenvolver-se num quadro de autonomia e responsabilidade reforçadas, promovendo uma maior abertura à sociedade. Cabe-lhes, em primeira linha, um papel instrumental na promoção e na difusão não apenas de conhecimento mas também da cultura e do espírito científico.
Senhoras e Senhores,
Na presente cerimónia de entrega deste Prémio Científico IBM, que hoje alcança a sua 25ª edição, celebramos também o vínculo de uma empresa centenária e com presença global, que iniciou a sua atividade no nosso País há 77 anos e que tem trazido um contributo excecional para o desenvolvimento do setor das tecnologias de informação, para a modernização do nosso tecido empresarial e da nossa Administração Pública e, bem assim, para a industrialização de centros de serviços e a criação de postos de trabalho qualificados.
É, de igual modo, inquestionável o contributo da IBM para o desenvolvimento do sistema científico e tecnológico nacional, nomeadamente no domínio do cálculo científico.
Este Prémio Científico IBM, instituído em 1990, constitui, por si só, um registo histórico desse contributo e dos seus resultados muito concretos. 330 candidaturas foram apresentadas a este Prémio durante 25 anos!
Saúdo, pois, muito vivamente, a visão de longo prazo e o compromisso firme com o desenvolvimento económico e social patentes na atividade da IBM.
De há muito que sublinho a importância do compromisso das empresas com o emprego qualificado, com a educação e com a formação, pilares fundamentais para uma sociedade mais próspera, equitativa e coesa.
Quero felicitar, naturalmente, o vencedor desta 25ª edição do Prémio Científico IBM, Professor Doutor Ricardo Silveira Cabral, pela qualidade do seu trabalho e saudar todos os outros concorrentes. Ao Presidente do Júri, Professor Carlos Salema, uma palavra de apreço pelo notável labor desenvolvido ao longo destes anos na avaliação rigorosa do conteúdo dos muitos trabalhos apresentados.
A todos vós, cientistas, investigadores, estudantes, docentes e empresários, o meu muito obrigado. Em nome de Portugal e dos Portugueses, bem hajam pelo vosso talento e pelo vosso trabalho.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.