Agradeço, muito sensibilizado, as palavras que Vossa Majestade acaba de proferir, tal como agradeço o caloroso acolhimento que nos tem sido dispensado, a mim e à minha Mulher, bem como à delegação que me acompanha nesta Visita de Estado à Suécia.
É com grande satisfação que visito este país na qualidade de Presidente da República Portuguesa. Apesar da distância geográfica, a amizade entre Portugal e a Suécia tem raízes seculares. Em 1641, os nossos países estabeleceram relações diplomáticas, embora, mesmo antes desse marco institucional, seja possível encontrar testemunhos de encontros entre os dois povos. Como sabem, 1641 foi um ano decisivo na História de Portugal. No ano anterior, tínhamos restaurado a nossa independência. Havia, então, que consolidá-la. A Suécia esteve connosco nessa altura, tal como viria a estar na instauração da democracia, em 1974. Muito me apraz recordar o apoio do país de Vossas Majestades nestes dois momentos históricos para Portugal.
É com redobrado gosto que o faço, aliás, quando se comemoram os 40 anos de reinado de Vossa Majestade e quando se anuncia o nascimento de mais um Príncipe da Família Real sueca. Permitam-me que exprima, em meu nome e no do Povo português, as mais sinceras felicitações.
Os contactos diplomáticos, comerciais e culturais entre os nossos países criaram um legado de amizade e de proximidade que quero destacar nesta ocasião. Portugal e a Suécia, cujos povos partilham uma forte tradição marítima, têm nessa herança do passado a melhor das bases para uma relação vocacionada para o futuro. E, neste contexto, não será demais sublinhar a importância das visitas realizadas ao mais alto nível, como aquelas que Vossas Majestades efetuaram ao meu país em 1986 e em 2008, das quais guardo uma recordação muito grata.
Acresce, naturalmente, que somos parceiros há quase duas décadas. no quadro da União Europeia. Este é, como sabemos, um tempo de grandes desafios, quer para Portugal, quer a nível europeu. A crise financeira na Zona Euro veio expor fragilidades e desequilíbrios estruturais nas economias de vários Estados membros, mostrando, igualmente, a dificuldade das instituições europeias em responder adequada e atempadamente a uma situação sem precedentes.
Têm vindo, é certo, a ser tomadas importantes decisões e adotados instrumentos europeus para fortalecer o sistema de governação económica e a estabilidade financeira e para reforçar a confiança na moeda única. Mas, como tenho sublinhado várias vezes, incluindo no próprio Parlamento Europeu, na visita que efetuei a Estrasburgo em junho passado, precisamos de fazer muito mais para promover o crescimento económico e o emprego.
Portugal tem vindo a realizar um importante esforço de ajustamento macroeconómico e financeiro e tem cumprido os compromissos que assumiu internacionalmente. Temos também vindo a prosseguir um ambicioso e exigente programa de reformas estruturais, destinadas a aumentar a flexibilidade e a capacidade competitiva da nossa economia.
Majestades,
A excelência da relação política entre os nossos dois países deve ser extensiva aos planos económico e comercial.
Nesse sentido, fiz-me acompanhar por uma delegação empresarial representativa de alguns dos setores mais dinâmicos da economia portuguesa, visando promover a identificação de novas oportunidades de negócio e de entendimento entre empresários portugueses e suecos.
O intenso programa desta Visita na esfera económica e empresarial é bem demonstrativo do nosso potencial de cooperação. É o caso, em particular, das áreas da inovação e da investigação científica e tecnológica, das energias renováveis e das indústrias de alta tecnologia. Mas também de setores mais tradicionais, como os têxteis e o calçado. Amanhã, terei a honra de encerrar os trabalhos do fórum empresarial na companhia de Vossa Majestade; estaremos em Kista; manterei contactos com líderes económicos deste país; e teremos ainda diversas iniciativas em Lund e Malmö.
O reforço dos laços entre os povos passa, também e em muito, pelo conhecimento recíproco das suas culturas, do seu património e dos seus idiomas. Espero que, cada vez mais, os cidadãos suecos se sintam interessados em visitar o meu país, em conhecer a cultura portuguesa, a sua gastronomia, os vinhos e a música. Há muito em Portugal para descobrir e desfrutar.
Majestades,
Por ocasião da visita oficial do Rei D. Luís a Estocolmo, em 1886, a folha oficial sueca publicava “(...) temos razões suficientes para estarmos persuadidos de que a visita do Rei de Portugal foi muito apreciada pelo próprio. Se, como esperamos, a visita real contribuir para relações comerciais mais intensas entre a Suécia e Portugal, ela trará igualmente vantagens para os dois países, cujos soberanos tiveram oportunidade estes dias de renovar e de reafirmar os laços de amizade que os unem desde há muito (...)” Estou certo de que a Suécia e Portugal saberão continuar, neste século XXI, a valorizar e a reforçar a longa amizade que os une.
É neste espírito que peço que se juntem a mim num brinde à saúde de suas Majestades, ao povo amigo da Suécia e ao futuro das relações entre os nossos dois países.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.