Bem-vindo à página ARQUIVO 2006-2016 da Presidência da República Portuguesa

Nota à navegação com tecnologias de apoio

Nesta página encontra 2 elementos auxiliares de navegação: motor de busca (tecla de atalho 1) | Saltar para o conteúdo (tecla de atalho 2)
Visita ao Centro de Formação  da Escola da Guarda (GNR)
Visita ao Centro de Formação da Escola da Guarda (GNR)
Portalegre, 11 de fevereiro de 2016 ler mais: Visita ao Centro de Formação  da Escola da Guarda (GNR)

INTERVENÇÕES

Clique aqui para diminuir o tamanho do texto| Clique aqui para aumentar o tamanho do texto
Discurso do Presidente da República na Sessão Solene de Boas Vindas por ocasião das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
Elvas, 9 de junho de 2013

Nesta Elvas “mui nobre e leal” que, em 1513, o Rei D. Manuel elevou a cidade como “acrescentamento de honra” e em “louvor e memória” dos “grandes e muitos serviços” recebidos das suas gentes, comemoramos hoje Portugal, a sua história, a sua língua e o seu povo.

Celebramos a singularidade de Elvas.

Como escreveu José Hermano Saraiva, “Hoje, Elvas não é nem fortaleza fronteiriça, nem alfândega, nem sede episcopal. Mas a sua enorme e recortada cintura de fossos, as escarpas, os revelins e os baluartes dão-lhe uma sedução de joia antiga”.

O Aqueduto da Amoreira, com as suas oito centenas de arcos, marca a memória de quantos, ao longo dos anos, por ele passaram.

Olhando a Norte através dos seus arcos, surge, alcandorado na sua verdejante colina semeada de oliveiras, o Forte da Graça, obra ímpar da arquitetura militar de Setecentos, que domina as paisagens em redor.

As imponentes portas de armas da Cidade, as suas muralhas seiscentistas, as torres e os arcos das suas igrejas e a alvura das suas casas são testemunho de uma gesta heroica, intimamente ligada ao destino de Portugal.

Dentro, recebem-nos os Elvenses, acostumados pelos séculos às agruras dos tempos difíceis, que custearam a construção da maior parte destes gloriosos monumentos e que veem hoje saudado o esforço dos seus antepassados com o reconhecimento internacional da sua cidade.

Porta alentejana de Portugal, grande urbe fronteiriça, Elvas é uma presença constante nas páginas da nossa história, um reduto militar essencial à manutenção da independência do nosso País.

“Chave, defennça e escudo
Sou do Reyno Luzitano
Freyo sou do Castelhano
Elvas sou e digo tudo”

Assim escreveu o poeta seiscentista António Serrão de Castro.

A preciosa “Chave do Reino” foi-se fortificando até se tornar no imenso reduto que conhecemos, quase inexpugnável.

A importante vitória alcançada em 1659, durante a Guerra da Restauração, na famosa Batalha das Linhas de Elvas, cujo terreiro foi recentemente qualificado como Património Nacional, constituiu uma vitória tática e estratégica que, ao demonstrar a capacidade de defesa do nosso País, potenciou apoios externos, determinantes para a manutenção da nossa independência.

Nem só de guerra vivem, contudo, os séculos de Elvas. Aqui também se selou paz e se celebraram importantes alianças dinásticas.

Reuniram-se Cortes no reinado de D. Pedro, em 1361, num tempo em que se reorganizava o país, olhando o futuro com renovado entusiasmo.

Hoje, quando se assinalam 500 anos da elevação a cidade e comemorando também a elevação a Património da Humanidade, regressam a Elvas as celebrações nacionais, com as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

É um encontro com a história, mas é também um encontro com o futuro.

Aos municípios cumpre hoje e cada vez mais olhar pelo desenvolvimento económico dos concelhos e, desta forma, pelo bem-estar e progresso das populações.

A aposta da Câmara Municipal de Elvas na requalificação urbana, a dignificação dos espaços públicos e, sobretudo, a recuperação do riquíssimo património histórico da cidade merecem ser sublinhadas. São elementos essenciais de uma visão de conjunto que permite abrir novas portas para o futuro.

O reconhecimento de Elvas como Património da Humanidade pela UNESCO, em junho de 2012, foi um passo importante na afirmação turística e cultural da cidade e da região e deve constituir também um estímulo para o futuro e um exemplo para outras vilas e cidades do nosso país.

É a prova de que o esforço, o planeamento e a ação concertada são recompensados.

Saúdo os responsáveis pela candidatura de Elvas a Património da Humanidade pelo sucesso alcançado. Saúdo igualmente todos os historiadores e etnógrafos que, ao longo das últimas décadas, estudaram esta cidade e contribuíram para que crescesse o orgulho pela sua memória.

Senhor Presidente da Câmara Municipal,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Elvenses,

No Cancioneiro de Elvas, joia manuscrita do século XVI e uma das mais importantes fontes de música do Renascimento Português, encontram-se cantigas e poemas que nos contam um pouco do Portugal de então. Há nesses poemas sentimentos que soam hoje estranhamente familiares.

As gentes de Elvas habituaram-se a olhar atentamente os horizontes em busca de perigo. Souberam resistir corajosamente a todas as dificuldades; coragem que traz hoje ecos da capacidade que os Portugueses têm demonstrado nos últimos anos.

Nesta hora que Portugal atravessa, Elvas convoca-nos a olharmos para a nossa História e a reconhecermos que os momentos difíceis não são inéditos, mas que, nas horas decisivas, os Portugueses souberam unir-se para defender os grandes desígnios nacionais.

Esta é uma hora decisiva. Portugal vive um momento em que não podemos vacilar na determinação de vencer e de alcançar um futuro melhor.

É importante estarmos muito conscientes das dificuldades, do drama que o desemprego representa nas vidas de milhares dos nossos cidadãos e dos momentos árduos atravessados por muitas famílias.

Mas não esqueçamos que aquilo que Portugal sempre teve, muito bem representado por esta nobre e leal Cidade de Elvas, foi uma capacidade para, mesmo nos momentos cruciais, enfrentar e vencer as adversidades.

Tal como nas Cortes de D. Pedro se organizou em Elvas o futuro do país, e tal como, na Batalha das Linhas de Elvas soubemos reafirmar a nossa soberania, cumpre-nos hoje, em Elvas, assumir com força e com esperança que temos pela frente um desígnio comum, de que não queremos desistir. Esse desígnio é Portugal.

Obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.