Começo por dirigir uma saudação muito especial a todos os representantes das instituições estrangeiras que, por ocasião desta Conferência Anual do Centro Europeu de Fundações, quiseram honrar o nosso país com a sua presença.
Sejam bem-vindos e faço votos de que usufruam de uma óptima estadia em Portugal.
Aos representantes das fundações portuguesas quero endereçar a expressão do mais profundo reconhecimento pelo trabalho de filantropia e cooperação que têm vindo a desenvolver nos mais variados domínios e pelo contributo que têm dado para o desenvolvimento do nosso país, para o bem-estar dos Portugueses e para a imagem de Portugal no mundo.
Pude constatar que, de entre os estratos populacionais que mais beneficiam da actuação das mais de duas centenas de membros do Centro Europeu de Fundações, as crianças e os jovens ocupam um primeiro lugar destacado, seguindo-se os grupos sociais desfavorecidos e em risco de exclusão, desde os deficientes às minorias étnicas e aos migrantes.
Trata-se de uma acção convergente de promoção da igualdade de oportunidades e de combate à privação material e a todas as formas de exclusão e de discriminação social, quer nos países onde estão sedeadas as Fundações, quer no âmbito da ajuda e cooperação internacionais.
É com agrado que verifico serem a educação, as artes e a cultura, bem como o desenvolvimento comunitário, a saúde e a ciência, as áreas de intervenção que reúnem maior apoio, facto que me leva a concluir que há uma nova concepção de filantropia que orienta a acção solidária: mais do que distribuir activos monetários ou alimentos, estas Fundações estão empenhadas em conferir, através dos programas e incentivos que promovem, uma acrescida sustentabilidade social e cultural.
Apraz-me registar, igualmente, uma segunda orientação: a cooperação internacional assenta em redes globais de solidariedade, na acção concertada das Fundações e na definição de objectivos prioritários comuns.
Hoje sabemos que uma parte significativa dos problemas sociais se insere numa escala global que vai muito para além da capacidade de que cada país isoladamente dispõe para encontrar soluções eficazes.
Problemas como as migrações internacionais, o crescente número de refugiados, o combate às novas doenças epidémicas, as alterações climáticas ou os riscos de ordem ambiental, apresentando-se como desafios globais, exigem uma actuação concertada, também, à escala global.
Problemas globais requerem soluções globais.
É precisamente o caso do tema central que vos reúne nesta Conferência: os Oceanos.
Trata-se de um tema que me suscita particular interesse, e para o qual tenho procurado mobilizar os Portugueses e as suas instituições, chamando a atenção para as oportunidades de desenvolvimento que o Mar encerra.
Foi nos Oceanos que Portugal erigiu um dos pilares fundamentais da sua identidade como Nação. Uma Nação, das mais antigas da Europa e do Mundo, que se forjou no propósito da descoberta, na revelação de novos mundos ao Mundo, numa complexa rede de trocas culturais e civilizacionais que cobre os cinco continentes.
Foi no mar e nos oceanos que construímos uma parte significativa da nossa História e estou convencido de que será no mar e nos oceanos que poderemos encontrar um manancial de oportunidades para o nosso desenvolvimento económico e até um renovado sentido para a nossa existência como País, incluindo como parceiro privilegiado da Europa na relação com os continentes que connosco partilham este imenso mar Atlântico.
Portugal, quer pela sua posição geográfica quer pela sua História e pela sua identidade, dispõe de um enorme acervo de conhecimento e de experiência para o há muito ambicionado diálogo de civilizações. Estou certo de que o seu contributo poderá ser relevante.
Mas também estou certo de que este mar de recursos e oportunidades encerra riscos e ameaças, muitos deles de natureza e impacto global, que importa conhecer e para os quais teremos de encontrar soluções.
O risco ambiental é um deles. A vulnerabilidade dos ecossistemas marítimos à poluição, aos contaminantes com incidência nos complexos biológicos e nas cadeias alimentares, é ainda mal conhecida. A produção de conhecimento científico sobre os Oceanos e o que representam para a vida na Terra está ainda muito longe do desejável e necessário.
Por isso entendo que é urgente unir esforços – dos governos, das comunidades científicas, das organizações não-governamentais – com vista, justamente, a um melhor conhecimento dos Oceanos e à identificação das formas mais eficazes de acautelar os riscos que se colocam à sustentabilidade dos seus recursos. As Fundações europeias poderão ter um papel decisivo nesta estratégia comum de construirmos um Mundo mais seguro e mais sustentável e um futuro mais esperançoso para a Humanidade.
Considero, pois, que a escolha do tema dos Oceanos para a Conferência do Centro Europeu de Fundações deste ano foi de extrema oportunidade. É com grande expectativa que aguardo os resultados dos vossos trabalhos, na certeza de que em muito contribuirão para descobrirmos novos caminhos para o futuro dos nossos países, para o bem-estar dos nossos concidadãos e para o desenvolvimento de uma globalização mais equilibrada, mais justa e mais colaborante.
Votos de um bom trabalho e, para os que nos visitam, de uma estadia agradável em Portugal.
Muito obrigado.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
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