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Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Descerramento da Placa Toponímica da Avenida Marechal António de Spínola
Lisboa, 11 de Abril de 2010

Ao homenagear a figura do Marechal António de Spínola, a Câmara Municipal de Lisboa pratica um acto de grande justiça, a que todos nos devemos associar com o maior júbilo.

António de Spínola foi um distintíssimo oficial de Cavalaria, que recebeu as mais elevadas condecorações. Notabilizou-se em combate e deixou uma marca profunda na memória dos que serviram sob o seu comando. Todos lhe reconhecem a inteireza de carácter, o seu imenso amor à Pátria, o seu arreigado sentido do dever, o espírito de leal camaradagem e o empenho que sempre colocou na defesa dos seus homens. Acima de tudo, foi um patriota e um homem de grande coragem.

Foi essa coragem que o levou, em toda a sua vida, a dizer sempre o que pensava, fossem quais fossem as consequências. Mesmo sabendo que poderia ser punido, não hesitou em dar à estampa um livro que faria História e, mais do que isso, faria a História. Como português, preocupava-se com o futuro de Portugal. E, por isso, escreveu Portugal e o Futuro. Não se acomodou ao estado a que o País chegara. Desejava um Portugal diferente e não hesitou em dizê-lo nas páginas de um livro que marcou uma época e contribuiu para fazer cair um regime.

António de Spínola seria o primeiro Presidente da República do Portugal renovado em 25 de Abril de 1974. Diria mais tarde, quase no fim da vida, que o «objectivo central da Revolução foi atingido», com a «devolução ao povo português de um bem inestimável sem o qual a vida não tem significado – a liberdade». Chefiou o Estado com grande dignidade, num período muito difícil. Foi Presidente da República com a mesma coragem com que, muitos anos antes, se voluntariara para ir para África. Lutou por um Portugal verdadeiramente democrático e pela construção de um Estado de Direito assente no respeito pela dignidade da pessoa humana. Foi inteiramente leal ao povo português, como sempre fora leal aos homens que estiveram sob as suas ordens.

Como todas as grandes personalidades, António Sebastião Ribeiro de Spínola foi uma figura controversa, que suscitava paixões. O seu carisma não deixava ninguém indiferente. Portugal concedeu-lhe as mais altas distinções. Mas não estou certo de que tenhamos sempre estado à altura do exemplo de vida que nos legou.

A homenagem que hoje prestamos à sua memória é, sem dúvida, um acto de justiça. Mas, muito para além das homenagens dos homens, será o juízo do tempo que se encarregará de lhe reservar na História o lugar que merece. O seu lugar na História é o lugar de um português que amava o Portugal onde nasceu, um oficial de Cavalaria que prestigiou a sua Arma, um Presidente da República que conduziu os destinos do País num tempo de grandes esperanças, mas também de graves crises.

A memória do Marechal António de Spínola acompanhará sempre aqueles que consigo estiveram, nas boas e nas más horas. No dia de hoje, a cidade de Lisboa presta-lhe uma merecida homenagem, mostrando que o decurso dos anos e o serenar das paixões são a melhor forma de ajuizarmos com imparcialidade a biografia dos grandes homens.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.