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INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República por ocasião do Banquete oferecido em honra do Presidente de Malta e Senhora de Edward Fenech-Adami
Palácio Nacional da Ajuda, 12 de Novembro de 2008

Senhor Presidente, Excelência,
Senhora Mary Fenech-Adami,
Excelentíssimas Autoridades,
Ilustres convidados,

É com grande prazer que acolhemos Vossa Excelência, Senhor Presidente, sua Mulher e a comitiva que o acompanha nesta Primeira Visita Oficial de um Chefe de Estado de Malta a Portugal, fazendo votos para que a mesma contribua para a consolidação das excelentes relações que unem os nossos dois países.

Portugal recebe, hoje, na pessoa de Vossa Excelência, o europeísta convicto a quem muito fica a dever o sucesso do processo de integração de Malta na União Europeia. Eu próprio pude testemunhar, ao tempo em que ambos exercíamos as funções de Primeiro Ministro, a notável acção de Vossa Excelência em favor desse objectivo.

Senhor Presidente,

Os laços entre Portugal e Malta confundem-se com a História da Europa. Três portugueses assumiram, em períodos diferentes, os altos destinos da Ordem Soberana e Militar de Malta. Se a regência do Grão-Mestre Luiz de Vasconcelos, por ter sido relativamente curta, é menos conhecida, já os Grão-Mestres António Manoel de Vilhena e Manuel Pinto da Fonseca foram dos mais proeminentes Regentes de Malta, sendo relembrados por um legado que faz parte, até hoje, do património cultural e da vivência quotidiana dos malteses.

Portugal estaria de novo presente, na História de Malta, ao tempo da heróica Insurreição Popular, em 1798, quando navios da Armada Portuguesa, comandados pelo Vice-Almirante Marquês de Nisa, asseguraram, durante 15 meses, o bloqueio do acesso das poderosas forças navais francesas a Malta e o apoio, no solo, às forças insurrectas. A gratidão por este gesto está bem documentada numa carta do Congresso Nazionale Maltês que, em 1799, à partida do Marquês de Nisa, enaltece o apoio prestado pelos militares portugueses, instrumental para a preservação dos interesses e da vontade do povo de Malta.

O descerramento, por Vossa Excelência, no passado mês de Setembro, da placa evocativa da memória do Almirante Marquês de Nisa, por ocasião das comemorações dos trezentos anos da chegada da frota portuguesa a Malta, foi um gesto que muito nos sensibilizou.

Excelência,

Hoje, somos, de novo, parceiros, no quadro desse magnífico projecto de reconciliação, progresso e desenvolvimento que é a União Europeia. O passado deixou-nos uma afinidade que nos cabe reafirmar no presente, em nome do futuro que queremos para o nosso relacionamento.

Malta é hoje um membro da Zona Euro, uma economia dinâmica, com assinaláveis taxas de crescimento, um destino de investimento rentável, uma valiosa plataforma política, económica e empresarial numa região de grande importância geoestratégica.

Portugal está envolvido numa profunda alteração do seu modelo de desenvolvimento, assente na qualificação dos seus cidadãos, na inovação tecnológica, no desenvolvimento sustentável.

Por outro lado, dispõe, fruto da riqueza do seu legado histórico, de um notável capital de relacionamento e de conhecimento nos cinco continentes, em particular nos países de língua oficial portuguesa, algo que constitui um aspecto particularmente atraente para países cujos empresários pretendam internacionalizar as suas actividades.

Há, assim, que fomentar a cooperação entre os nossos agentes económicos, designadamente em áreas de interesse mútuo, como as energias renováveis, as Tecnologias de Informação, a construção de infra-estruturas ou a produção farmacêutica. Faço votos para que o Seminário que hoje se iniciou e que conta com a presença de empresários dos nossos dois países permita identificar oportunidades e estabelecer parcerias entre as nossas empresas.

O conhecimento mútuo dos povos é condição essencial para o desenvolvimento de uma relação mais estreita e solidária entre os países. Desde logo, através do incremento dos fluxos turísticos entre os nossos dois países, permitindo somar as vantagens económicas ao melhor conhecimento das nossas respectivas realidades culturais.

Tenho acompanhado as iniciativas culturais levadas a cabo pela Embaixada de Portugal em Malta e quero agradecer o caloroso aplauso que têm merecido por parte de Vossa Excelência e de toda a sociedade maltesa. Esta resposta é um sinal inequívoco do potencial que encerra a dimensão cultural do nosso relacionamento.

Senhor Presidente,

Os dias que temos vivido constituem, pelas más razões, é verdade, a melhor resposta a quantos pudessem pôr em dúvida de que precisamos de mais e melhor Europa.
Portugal e Malta partilham a crença numa Europa forte e coesa, que se constitua numa real mais valia face aos desafios do nosso tempo. O Tratado de Lisboa, que os nossos dois países já ratificaram, é um instrumento essencial para a prossecução desse objectivo. Face à sua óbvia necessidade, há que assegurar a sua entrada em vigor, tão cedo quanto possível.

Senhor Presidente,

Esta Visita Oficial de Vossa Excelência a Portugal constituirá, estou certo, um importante marco no nosso relacionamento, não apenas pela relevância histórica que resulta de ser a primeira de um Chefe de Estado de Malta, mas também pelas novas vias de cooperação bilateral que permitirá inaugurar. É nessa convicção que peço a todos que se juntem a mim num brinde à saúde e prosperidade do Presidente Edward Fenech-Adami, da Senhora Mary Fenech-Adami e do Povo amigo de Malta, bem como à amizade entre os nossos dois países e ao futuro das nossas relações.

Muito obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.