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Cerimónia de agraciamento do Eng. António Guterres
Cerimónia de agraciamento do Eng. António Guterres
Palácio de Belém, 2 de fevereiro de 2016 ler mais: Cerimónia de agraciamento do Eng. António Guterres

PRESIDENTE da REPÚBLICA

INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República na Sessão de Encerramento do 12.º Encontro Nacional de Inovação COTEC
Culturgest, 9 de dezembro de 2015

Saúdo todos os presentes neste 12º Encontro Nacional de Inovação. É sempre com o maior interesse que acompanho as iniciativas da COTEC e o profícuo trabalho que tem realizado desde a sua fundação.

A criação da COTEC em 2003 inseriu-se num quadro político europeu que visava afirmar o conhecimento, a tecnologia e a inovação como traves mestras da competitividade da economia e do desenvolvimento das sociedades.

Foi esse o seu propósito fundador, com 100 empresas que representavam, na altura, cerca de 18 por cento do PIB nacional. O impulso à inovação nas empresas, em particular nas PME, era já claramente assumido como o caminho mais fértil para o crescimento económico e para o novo modelo de desenvolvimento do século XXI.

Ao longo destes anos, a COTEC contribuiu, de forma notável, para consolidar a ideia de que a cultura de inovação é um verdadeiro desígnio nacional, um propósito intergeracional que deve ser partilhado por todos.

Desafiou as empresas e as instituições do sistema científico a aproximarem-se em benefício mútuo e valorização recíproca.

Desafiou jovens empreendedores a transformarem ideias em negócios.

Desafiou as empresas a aumentar o nível de qualificação dos seus recursos humanos.

Os Encontros COTEC Europa, com a participação dos chefes de Estado dos países participantes, foram também momentos de grande relevo.

Desde o início que, entre as três COTEC europeias, foram estabelecidos laços para troca de experiências, o que permitiu criar um espaço de reflexão comum que deu o devido destaque às especificidades das economias da Europa do Sul no quadro das políticas europeias.

Volvida mais de uma década, há que reconhecer que a ação da COTEC se integrou transversalmente nas políticas públicas e privadas, sendo hoje consensual a relação entre a inovação, o desenvolvimento tecnológico e a competitividade económica.

A COTEC soube associar conceitos de grande relevância a uma prática insistente e exigente de criação de instrumentos eficazes, que se tornaram alavancas de transformação real da atitude dos agentes económicos e sociais.

Instrumentos como o Diagnóstico de avaliação, a Norma e o Barómetro de inovação foram, ao longo destes anos, cruciais para sensibilizar empresários e outros agentes económicos e para reconfigurar a sua ação.

Uma das iniciativas de maior alcance foi a criação da Rede PME Inovação, um exemplo de coordenação e de cooperação empresarial a ser seguido em todos os setores de atividade.

No início da rede de PME inovadoras, predominavam as empresas de setores de elevada intensidade tecnológica. Hoje vemos maior expressão dos bens de equipamento, dos setores agrícola, florestal e alimentar, dos plásticos e moldes, da eletrónica, da biotecnologia, da farmacêutica, da saúde e do calçado.

Este avanço, a todos os títulos importante, no leque de setores representados, é bem elucidativo da transformação que está a fazer-se no tecido empresarial português e que, estou certo, se afirmará ainda mais num futuro próximo.

A inovação foi também, de resto, a chave para que muitas empresas conseguissem resistir e fortalecer-se em tempos de grande exigência.

Como já tive ocasião de referir, o sucesso desta Rede PME Inovação, que tenho acompanhado desde o seu lançamento, e o seu alargamento sucessivo, que sempre incentivei, são fruto de uma abordagem coerente e estruturada do processo de inovação e de um persistente trabalho de acompanhamento por parte da COTEC.

Saúdo as empresas que agora foram admitidas na rede PME Inovação, selecionadas a partir da aplicação de critérios rigorosos, e que aceitaram o desafio e a responsabilidade de fazerem parte de um grupo de grande prestígio e responsabilidade empresarial.

Outra iniciativa que muito contribuiu para a visibilidade e para a capacidade de disseminação do trabalho da COTEC foi a política consistente de reconhecimento de mérito a empresas e a empresários, cujo trabalho e sucesso, aferido por critérios exigentes, merecem ser exemplo e estímulo para muitos outros e motivo de orgulho para todo o País.

A este propósito, quero felicitar as empresas hoje distinguidas com os Prémios Produto e PME inovação, os seus líderes e seus trabalhadores, pela forma notável como aplicaram a inovação como arma de afirmação nos respetivos mercados.

Neste contexto, vale a pena sublinhar o alargamento desta estratégia de valorização do tecido empresarial português às comunidades portuguesas no estrangeiro. Trata-se, como ficou amplamente demonstrado pelo Prémio Empreendedorismo Inovador, de aproveitar plenamente esse enorme potencial dos nossos concidadãos que trabalham e vivem fora do país, que querem e podem ajudar, e com os quais o País quer e pode contar.

A COTEC foi também pioneira numa nova cultura de estímulo e apoio às iniciativas inovadoras através das incubadoras e aceleradores de empresas, uma aposta já ganha pelo novo modo de estimular o empreendedorismo e mitigar o risco que lhe está associado, dando oportunidade a muitas iniciativas que, de outro modo, poderiam nunca ter sido realidade.

Senhoras e Senhores,

O tema deste Encontro é a aplicação do conhecimento e da inovação, de forma a que a sua assimilação no tecido da empresa se traduza, também, no aumento e na consolidação de relações estáveis de emprego qualificado.

Para crescer, criar raízes e ocupar o seu espaço na sociedade, uma empresa terá que ter não apenas investimento tecnológico mas também uma correspondente consolidação das relações de trabalho com todos aqueles cujo esforço contribui para os seus bons resultados.

Como sabemos, nem sempre os indicadores mais comuns permitem uma correta avaliação do potencial de uma empresa.

É o caso das patentes, da despesa em I&D, entre outros, que, sendo de grande importância, podem não ser suficientes para fornecer um retrato fidedigno da solidez da organização e da sua trajetória de futuro.

À semelhança do que a COTEC faz na rede PME Inovação, importa colocar às nossas empresas e aos seus empresários e gestores questões como: quantos trabalhadores do conhecimento integram? Quanto investem na sua formação? Que perspetivas de desenvolvimento profissional se oferecem a partir da expectativa de sucesso da empresa?

A este propósito, tive já a oportunidade de afirmar, neste mesmo fórum, que existe em Portugal uma insuficiente valorização quer do talento e do potencial de desenvolvimento individual, quer do contributo que este potencial humano pode representar para as organizações empresariais.

Devemos valorizar o potencial do talento produzido em Portugal e criar condições para atrair e manter aqueles que, de outro modo, procurarão em diferentes paragens a sua realização profissional. Temos, pois, de criar condições de atração para todos, para os que desejam ficar e para os que, estando no estrangeiro, aspiram a regressar a Portugal.

A gestão do talento, tema que tem vindo a ser abordado pela COTEC, é uma exigência dirigida às lideranças das empresas e das organizações e uma questão determinante para o nosso futuro coletivo.

Os líderes empresariais terão de protagonizar uma ação esclarecida e motivadora, capaz de detetar o talento, e de captar, desenvolver e realizar todo o potencial que a sociedade do conhecimento encerra.

Este é o caminho através do qual as empresas inovadoras poderão consolidar-se e serem verdadeiros agentes transformadores do tecido social e económico em que se inserem.

Trata-se, sem dúvida, de uma dimensão ambiciosa que, estou certo, a COTEC saberá interpretar e, cada vez mais, imprimir na sua ação.

Senhoras e Senhores,

Esta é, provavelmente, a última das 45 iniciativas da COTEC em que participei ao longo dos meus dois mandatos.

Agradeço a todos, direções e respetivas equipas, e felicito-vos pelo extraordinário trabalho que testemunhei ao longo destes 10 anos, um trabalho que esteve à altura da expectativa e da ambição que ditaram o nascimento da COTEC Portugal.

Não deixarei de seguir, com grande interesse, a trajetória projetada para o futuro com que hoje a COTEC se comprometeu, e que representará, estou convencido, mais um contributo fundamental para o desenvolvimento e a criação de riqueza em Portugal.

Faço votos de continuação do vosso excelente trabalho, em nome de Portugal e das futuras gerações.

A todos, muito obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.