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Assembleia Geral das Nações Unidas
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Nova Iorque, EUA, 28 de setembro de 2015 ler mais: Assembleia Geral das Nações Unidas

PRESIDENTE da REPÚBLICA

INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Homenagem ao Desporto Nacional
Lisboa, 27 de maio de 2015

O filme que vimos há pouco mostrou-nos alguns dos momentos mais marcantes do desporto em Portugal.

Ao promover esta Homenagem ao Desporto Português, quis que o dia de hoje fosse também um momento marcante, que ficasse na memória como uma iniciativa singular em que, enquanto Presidente da República, faço questão de, publicamente, exprimir aos desportistas nacionais o reconhecimento do povo português pelos seus triunfos.

Ao longo de décadas, esses triunfos foram notáveis. Reunimos hoje, neste edifício histórico, um conjunto de atletas extraordinários que foram galardoados nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos e que irão ser condecorados pelos seus méritos quer como desportistas, quer como exemplo de qualidades pessoais.

Na verdade, o que distingue um desportista de exceção é, para além do talento, a sua fibra. Para alcançarem tantas e tão expressivas vitórias, os nossos homenageados tiveram de lutar muito, de trabalhar muito. Tiveram, acima de tudo, de acreditar neles próprios e nas suas capacidades. Tiveram, em suma, a coragem que é própria dos vencedores.

Nesse sentido, os desportistas são um exemplo que deve motivar os Portugueses, incutindo-lhes ânimo e confiança, traços fundamentais nesta nova fase da vida de um País que atravessou uma das crises mais complexas da sua História recente.

É também devida uma palavra de saudação aos que nem sempre apareceram em palco, mas sem os quais as vitórias alcançadas não teriam sido possíveis. Refiro-me aos dirigentes federativos e associativos, aos treinadores, ao pessoal técnico e de apoio, aos funcionários das organizações desportivas. Sem eles, sem o seu trabalho discreto e a sua dedicação, seria impossível atingir os sucessos que hoje celebramos. Permito-me salientar a ação do Comité Olímpico e do Comité Paralímpico, que hoje irão ser igualmente agraciados.

Senhoras e Senhores,
Podemos encontrar sinais da prática de jogos e de desportos em Portugal desde tempos longínquos, que remontam à fundação da nacionalidade e ao período medieval.

Todavia, no nosso país – e à semelhança do que sucedeu nas outras nações da Europa –, aquilo a que se chama «processo de desportivização» apenas começou a tomar uma forma mais definida nos finais do século XIX.

Desde então, a prática desportiva sofreu transformações profundas. Entre elas, deve destacar-se a democratização do desporto. Aquilo que, durante muito tempo, fora privilégio de algumas elites, rapidamente se tornou acessível à generalidade dos cidadãos. No início, predominou a vertente lúdica do desporto e só mais recentemente se tem acentuado a sua dimensão como elemento essencial para a saúde e o bem-estar individuais.

Em simultâneo, alguns desportos tornaram-se fenómenos de massas, atraindo multidões de espectadores em todo o mundo. A rádio e a televisão e, no nosso tempo, a Internet e as novas tecnologias deram um contributo decisivo para a difusão do desporto à escala planetária.

Para alguns, a massificação e, sobretudo, alguma mercantilização do fenómeno desportivo podem despertar sentimentos negativos. Devemos, no entanto, ter presente que o desporto, como quase todas as atividades humanas, se situa atualmente numa dimensão global de enorme concorrência. O que é fundamental, a este propósito, é que a lógica do mercado não ponha em causa a pureza dos ideais que animam a prática desportiva.

Nesse particular, as Olimpíadas são uma referência de humanismo e de salvaguarda da ética desportiva. Saúdo com muita emoção os nossos atletas olímpicos e paralímpicos. E, relativamente aos desportistas paralímpicos, quero deixar uma saudação especial. Não por serem «diferentes» ou merecedores de um tratamento distinto dos demais atletas. Pelo contrário: o que é de sublinhar na prática desportiva das pessoas com deficiência é sobretudo o facto de ela visar precisamente os mesmos objetivos e prosseguir finalidades idênticas às do desporto praticado pelos demais atletas.

Entre uns e outros, não há qualquer diferença, exceto a que resulta, naturalmente, da necessidade de atender às exigências particulares de alguns desportistas. O espírito de auto-superação e a ambição de vencer são em tudo idênticos, o que mostra que o desporto é mais, muito mais do que um instrumento de inclusão. O desporto é um território onde não existem fronteiras nem barreiras ou, melhor dizendo, onde todos somos iguais na diferença. É difícil encontrar um campo da ação humana onde esta igualdade na diferença seja tão respeitada como na prática desportiva.

Entre as diversas transformações que se registaram no desporto, podemos salientar, ainda, o emergir de novas modalidades e, em particular, de modalidades em que o nosso País dispõe de condições privilegiadas para a respetiva prática. Neste contexto, não devemos ignorar a importância do desporto para a atratividade turística de Portugal e para a projeção da sua imagem no exterior. O desporto engloba uma componente material e o seu potencial contributo quer para a atividade económica quer para o desenvolvimento humano de uma nação não podem ser menosprezados.

De igual modo, não pode ser menosprezada a importância do desporto para a adoção de hábitos e estilos de vida saudáveis. Também aí, o desporto revela a sua dimensão integradora: os efeitos positivos para a saúde das pessoas verificam-se em todas as idades e em todos os estratos socioeconómicos.

Portugal tem condições ímpares para a prática desportiva em todas ou quase todas as modalidades, de que me permito destacar as relacionadas com o mar. Trata-se de um ativo estratégico do País, de que devemos saber tirar partido de forma ambientalmente sustentável.

Senhoras e Senhores,
Referi algumas razões objetivas para que a Homenagem que hoje realizamos seja um ato de inteira justiça.

Poderia acrescentar uma razão subjetiva, pessoal: fui desportista empenhado e esforçado, participei em várias competições, ainda hoje procuro encontrar-me em boa forma física e acompanho com orgulho e entusiasmo, confesso, os triunfos que, nas mais diversas modalidades, os nossos atletas vão conquistando em toda a parte.

Sinto, por isso, um enorme gosto em estar perante desportistas de excelência, que alcançaram triunfos notáveis, e quero agradecer, a todos, a vossa presença.

Hoje é um dia especial.

Esta Homenagem ao Desporto Nacional é uma iniciativa inédita, que há muito se impunha realizar. Foi com muita satisfação que decidi promovê-la, até porque o desporto é, acima de tudo, sinónimo de vitalidade e de alegria.

Muito obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.