Bem-vindo à página ARQUIVO 2006-2016 da Presidência da República Portuguesa

Nota à navegação com tecnologias de apoio

Nesta página encontra 2 elementos auxiliares de navegação: motor de busca (tecla de atalho 1) | Saltar para o conteúdo (tecla de atalho 2)
Cerimónia de agraciamento do Eng. António Guterres
Cerimónia de agraciamento do Eng. António Guterres
Palácio de Belém, 2 de fevereiro de 2016 ler mais: Cerimónia de agraciamento do Eng. António Guterres

PRESIDENTE da REPÚBLICA

INTERVENÇÕES

Clique aqui para diminuir o tamanho do texto| Clique aqui para aumentar o tamanho do texto
Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Entrega dos Prémios Literários Fernando Namora e Agustina Bessa-Luís
Teatro Auditório do Casino Estoril, 3 de Outubro de 2011

É sempre com muito prazer que me associo à cerimónia de entrega dos prémios literários instituídos pela Sociedade Estoril-Sol.

Estamos aqui para distinguir publicamente os vencedores desta edição: Luísa Costa Gomes, a quem o júri atribuiu o Prémio Fernando Namora; e Paulo Bugalho, um estreante nestas lides, que viu galardoado o primeiro romance que publicou com o Prémio Revelação Agustina Bessa Luís.

De alguma forma, são três gerações sucessivas de escritores que homenageamos nesta cerimónia, prova de que a nossa literatura continua com a vitalidade que a caracterizou nas suas melhores épocas.

Namora e Agustina, os dois patronos dos prémios Estoril-Sol, são de facto nomes que marcaram profundamente, cada um a seu modo, a ficção portuguesa da segunda metade do século XX.

Nos livros de qualquer um deles, tanto ou mais do que nos livros de História, encontramos uma verdadeira galeria de retratos vivos do País que éramos e do País que, em muitos aspectos, continuamos a ser.

Dos solares do Minho aos montes do Alentejo, das aldeias da Beira aos bairros de Lisboa, há todo um mundo que foi recriado pela imaginação desses autores, mas que capta com surpreendente fidelidade aquilo que verdadeiramente somos e nos define como povo.

É aí que reside, afinal, o segredo da arte, em particular da literatura. Os romances e contos de grandes autores, como Namora e Agustina, dão-nos a ver em profundidade essa teia de sentimentos, no interior da qual se processa o relacionamento entre pessoas e se cimenta a coesão das comunidades.

O livro de Luísa Costa Gomes, vencedor do Prémio Fernando Namora, revela, precisamente, este poder que a ficção possui de nos transportar ao âmago das coisas, para lá da chamada espuma dos acontecimentos.

Conforme se pode ler na acta da deliberação que lhe atribuiu o Prémio, «o júri considerou a obra manifestamente inovadora, quer pela sua excelente construção, quer pelo seu ágil registo estilístico, de constante ironia, quer pela análise penetrante de alguns comportamentos-tipo da actual sociedade portuguesa».

Luísa Costa Gomes volta, assim, a surpreender-nos, com um livro cujo título: - Ilusão (ou o que quiserem) – se encontra, ele próprio, carregado de ironia.

Os seus dotes como ficcionista e dramaturga estão, de há muito, sobejamente demonstrados. Estamos perante uma carreira literária já extensa, na qual se acumulam os títulos, alguns deles já traduzidos para diversas línguas e galardoados por várias instituições.

Faço votos para que o Prémio que hoje lhe entregamos, além de ser mais uma justa e merecida prova de reconhecimento, seja também um estímulo para que a autora prossiga o seu trabalho e continue a escrever obras tão inspiradas como aquelas que publicou até aqui.

Ao vencedor do Prémio Revelação, o neurologista Paulo Bugalho, a quem o júri apontou «a capacidade de criação de personagens» e «as qualidades de estilo e de efabulação», evidenciadas no romance A cabeça de Séneca, gostaria igualmente de exprimir a minha admiração e o meu apreço.

Todos conhecemos a já antiga tradição de médicos que são, ao mesmo tempo, grandes escritores, conciliando a escrita de romances ou poesia com a experiência profissional e científica nos hospitais.

Fernando Namora foi um deles, mas poderíamos, também, referir Lobo Antunes, Miguel Torga, Fialho de Almeida, Júlio Dinis e tantos outros.

Desejo sinceramente que esta primeira obra publicada por Paulo Bugalho seja o início de mais um desses percursos literários, que não apenas se desenvolvem em paralelo com a clínica, como até se enriquecem, humana e culturalmente, no contacto diário com o sofrimento e a doença.

Uma palavra de apreço é devida, também, à Sociedade Estoril -Sol.

Num tempo como o nosso, em que a tentação da desistência é tão frequente, continuar a investir nas artes e nas letras constitui um gesto que merece, seguramente, o nosso aplauso.

Saúdo, pois, os responsáveis da Estoril-Sol, pelo seu contributo para o dinamismo e a promoção da língua e da literatura portuguesas, pilares da nossa identidade e meios privilegiados de afirmação internacional.

Muito obrigado

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.