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Audiência com o Presidente Eleito Marcelo Rebelo de Sousa
Audiência com o Presidente Eleito Marcelo Rebelo de Sousa
Palácio de Belém, 28 de janeiro de 2016 ler mais: Audiência com o Presidente Eleito Marcelo Rebelo de Sousa

PRESIDENTE da REPÚBLICA

INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República no Banquete de Estado em honra do Presidente da República Popular da China
Palácio Nacional da Ajuda, 6 de Novembro de 2010

Em 1508, o Rei de Portugal deu instruções ao Comandante da frota, que partiu à descoberta de Malaca, para “recolher todo o tipo de informações sobre os hábitos e costumes” dessa terra misteriosa, conhecida como o Império do Meio.

A riquíssima cultura milenar chinesa não mais deixaria de exercer um fascínio especial nos portugueses. Estabelecemos relações regulares, abrimos rotas comerciais e iniciámos uma era de intercâmbio de conhecimentos, que marcou os rumos da História mundial. Os nossos povos aprenderam a conhecer-se e a respeitar-se, construindo laços de amizade que perduram até aos nossos dias.

É com este mesmo espírito que dou as boas vindas a Vossa Excelência, Senhor Presidente, à Senhora Dona Liu Yongqing, bem como à ilustre delegação que os acompanha nesta primeira Visita de Estado que realizam a Portugal.

Uma visita que, estou certo, muito contribuirá para o fortalecimento do nosso relacionamento.

Portugal e a China reestabeleceram relações diplomáticas em 1979. Temos razões para estar orgulhosos do caminho que percorremos, em conjunto, desde então.

Em 1987, tive a honra de subscrever, em nome de Portugal, a Declaração Conjunta Luso-Chinesa sobre a Questão de Macau, que reconheceu as características próprias do Território e abriu caminho a um processo de transição que constituiu um exemplo para o mundo. Foram criadas as condições de confiança fundamentais para assegurar a estabilidade e o desenvolvimento económico e social de que Macau vem beneficiando.

Macau desempenha um papel central nas relações entre Portugal e a China, bem como da China com os países de língua oficial portuguesa. É o que atesta o Fórum de Macau, cuja próxima reunião, com a presença, entre outros, dos Chefes de Governo da China e de Portugal, suscita as maiores expectativas.

O nível de excelência que caracteriza o nosso relacionamento conduziu, em 2005, ao estabelecimento de uma Parceria Estratégica Global, num sinal da determinação dos nossos dois países em prosseguir uma cooperação mutuamente vantajosa e voltada para o futuro.

E o futuro é promissor.

As reformas internas, a abertura e a crescente participação da China no sistema económico e financeiro mundial proporcionaram-lhe, nas três últimas décadas, índices notáveis de crescimento económico, com reflexos no nível e na qualidade de vida dos seus cidadãos. Um crescimento a que correspondeu uma crescente afirmação na cena política internacional.

Por seu lado, Portugal é um Estado membro da União Europeia e da zona Euro, com uma economia aberta, que aposta em áreas de inovação tecnológica, que revestem um grande potencial para o desenvolvimento da nossa cooperação com a China.

A nossa situação geográfica e as relações privilegiadas e forte presença das nossas empresas em África e na América Latina, designadamente nos países de expressão portuguesa, são outros factores que fazem de Portugal um destino atractivo para o investimento chinês e que justificam uma aposta no estabelecimento de parcerias empresariais luso-chinesas.

Entendo, pois, que dispomos das condições para que seja possível o desejado progresso quantitativo e qualitativo nas nossas relações económicas e empresariais.

Os contactos empresariais e os acordos que serão assinados durante esta Visita permitirão, estou certo, que as nossas empresas e empresários se conheçam melhor, abrindo caminho a novas oportunidades de negócio e contribuindo, desse modo, para alterar o forte desequilíbrio que se verifica nas nossas trocas comerciais.

No domínio cultural, por seu turno, cabe-nos dar resposta ao interesse crescente dos nossos cidadãos, bem patente no aumento significativo do número de cidadãos chineses que pretendem aprender a língua portuguesa, assim como a procura crescente pelo ensino do chinês, em Portugal.

Senhor Presidente,

Vivemos tempos de grandes desafios. A crise económica e financeira veio pôr em evidência a necessidade de uma revisão da arquitectura financeira e da regulação e supervisão, à escala global.

Esta não é, contudo, a primeira crise de dimensão global. Na véspera de mais uma importante Cimeira do G-20, é importante recordar as lições que o passado nos legou.

Face à interdependência que caracteriza a realidade dos nossos dias, há que saber evitar a confrontação, o isolacionismo e o proteccionismo e trabalhar em conjunto em favor da abertura e transparência dos mercados e em nome de um sistema global mais justo e equilibrado, que privilegie o diálogo construtivo entre parceiros.

É com este espírito e com esta convicção que Portugal se prepara para exercer o seu mandato no Conselho de Segurança das Nações Unidas, no biénio 2011-2012.

A necessidade de um reforço da cooperação e da coordenação internacionais confere um particular relevo às relações entre a UE e a China. Portugal é um defensor activo do reforço dessas relações, um reforço assente no respeito mútuo e num diálogo sem reservas sobre todas as matérias de interesse comum.

Senhor Presidente,

A História, a cultura, os laços humanos e os interesses que partilhamos são pilares sólidos de relações que pretendemos cada vez mais dinâmicas e ambiciosas.

É nesse espírito que peço a todos que se juntem a mim num brinde à saúde do Presidente Hu Jintao e da Senhora Liu Yongqing, ao reforço da amizade e da parceria estratégica entre Portugal e a China, e à prosperidade crescente dos nossos povos.

Muito obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.