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Quero começar por felicitar o Senhor Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros pela organização deste Seminário, à margem da minha Visita de Estado à Polónia, bem como por saudar a presença dos Senhores Embaixadores e dos Senhores Conselheiros Económicos.
Na minha última intervenção no Dia de Portugal, sublinhei o valor estratégico daquilo a que chamei o «Universalismo português», um activo inestimável nos dias de hoje.
A capacidade de interlocução e de mediação de que temos sabido dar provas e o legado de conhecimento e de simpatia que a História nos deixou nos cinco continentes são factores que, em conjunto, representam um potencial para a projecção dos nossos interesses económicos e culturais que não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar. No mundo altamente competitivo que é o de hoje, esta é uma das nossas mais importantes vantagens comparativas.
É vital que assumamos em pleno a nossa vocação de país aberto ao mundo, capaz de, mais uma vez, tirar partido da globalização e das oportunidades que a mesma nos oferece.
Todos conhecemos a actual situação económica do País e as nossas debilidades estruturais. O crescente grau de endividamento da economia portuguesa, associado ao aumento dos custos de financiamento da dívida externa, traduz-se num encargo anual líquido que deverá, já este ano, ultrapassar cinco por cento do PIB. Sem uma aposta – vital e decisiva – na produção de bens transaccionáveis e no aumento das nossas exportações, o desequilíbrio externo tende a assumir uma dinâmica insustentável, comprometendo, no mínimo, a recuperação de uma trajectória de convergência com a União Europeia.
Neste contexto, torna-se ainda mais premente apoiar os projectos dos nossos empresários que apostam em competir onde quer que se lhes deparem oportunidades nas respectivas áreas de negócios, aproveitar a agenda de contactos que a nossa diáspora oferece, dar a conhecer as iniciativas de sucesso que têm contribuído para valorizar a imagem do nosso país no exterior.
Todos estamos conscientes da necessidade de internacionalização das nossas empresas, assim como da captação de investimento externo, para robustecer o nosso sector produtivo.
O sucesso que caracterizou as três Presidências portuguesas (do Conselho) da União Europeia deve ser relembrado em prol da promoção dos nossos interesses. Creio que, nesta região, o contributo português para a abertura do espaço Schengen aos novos Estados da União Europeia constitui um exemplo bem marcante de uma iniciativa que, hoje, nos permite tirar dividendos e que urge não deixar cair no esquecimento.
A nossa projecção externa depende, também, da nossa capacidade de promover a língua portuguesa. É sabido que a afirmação de uma língua contribui decisivamente para a defesa dos interesses e valores de quem nela se exprime.
O interesse pela língua portuguesa, que sei existir na maior parte dos países desta região, deve merecer, da nossa parte, um reiterado esforço de promoção.
É também essencial que nos empenhemos na inserção das nossas Universidades e dos nossos Centros de Investigação nas redes internacionais de conhecimento e tecnologia. É reputada, na grande maioria dos países desta região, a qualidade e formação dos seus recursos humanos. A cooperação nas áreas de formação e de investigação científica e tecnológica pode também repercutir-se positivamente na imagem do nosso país e no aprofundamento das relações bilaterais.
Em suma, é fundamental que rentabilizemos o capital de simpatia de que desfrutamos, o interesse que a nossa cultura suscita e a imagem favorável de Portugal, para apoiar os esforços de internacionalização dos nossos empresários, para promover as nossas exportações, a captação de investimento estrangeiro e o reforço dos fluxos turísticos para o nosso país, para disseminar a nossa língua e a nossa cultura.
Estou consciente de que os Senhores Embaixadores, e todos aqueles que convosco colaboram, começando pelos Conselheiros Económicos, são a face visível deste esforço, nas diferentes capitais. Sei, também, como é importante o investimento na nossa rede diplomática e consular, dotando-a de capacidades que lhe permitam corresponder cabalmente ao que dela se espera, enquanto activo fundamental para a promoção dos nossos interesses políticos, económicos e culturais, no apoio às nossas empresas e aos nossos cidadãos. Trata-se de um investimento que, atentos os recursos envolvidos, estará muito longe de outras despesas públicas porventura menos capazes de gerar o retorno de que o País tanto necessita.
Vejo esta iniciativa do Senhor Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, semelhante à que já promoveu relativamente aos países da África Austral, como estando na linha das preocupações que acabo de exprimir, reflectindo a intenção de investir numa Política Externa ambiciosa e eficaz que, com os meios necessários e com o empenho e determinação de todos, contribua para a projecção dos interesses de Portugal e para o seu desenvolvimento económico.
Congratulo-me, por isso, pela organização deste Seminário. Estou certo de que ele contribuirá para a promoção e defesa dos nossos interesses nesta região da Europa.
© 2008 Presidência da República Portuguesa