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Instalação em Moura do “Aperture Array Verification Program”, do Projecto “Square Kilometer Array”

O projecto “Square Kilometer Array” (SKA) tem uma dimensão mundial e consiste na instalação no hemisfério sul do maior rádio telescópio até agora construído, tirando partido de avanços tecnológicos recentes em várias áreas, designadamente na conjugação de radiofrequência com tecnologias de informação e comunicação (o que justifica a designação de “rádio telescópio de nova geração). Há dois locais candidatos à localização do SKA, na África do Sul e na Austrália, estando a decisão final prevista para 2011. Até 2012 decorre a concepção e teste do sistema (Moura será um dos campos de ensaio tecnológico), iniciando-se nesse ano a construção de estação de testes (em Portugal). A construção do radiotelescópio começará em 2014, ficando concluída apenas em 2020. Contudo, espera-se que em 2015/16 já haja resultados científicos significativos. Os custos globais do projecto ascendem a 1,5 mil milhões de Euros, sendo que o contributo da Europa se fixará em cerca de 300 milhões de Euros.

A investigação subjacente ao projecto SKA tem vindo a ser apoiada no âmbito dos Programas Quadros da União Europeia. No 7º Programa Quadro foi financiado o consórcio PrepSKA, com o objectivo da produção em 2013 de um “Concept Design”. Na Europa, o PrepSKA conta com vários parceiros, nomeadamente as Universidades de Cambridge, Oxford, Manchester, Groningen, bem como o Observatório de Paris, o Instituto Max Planck, e o Instituto de Telecomunicações (Portugal). Outras Universidades envolvidas são as de Cornell (que lidera o consórcio Americano), Berkeley, Wisconsin, Calgary (Canadá) entre outras.

O conceito SKA coloca enormes desafios tecnológicos, quer em termos da construção de antenas, quer em termos de transporte e processamento de dados, bem como de alimentação energética de todo o sistema. A escolha de Portugal e de Moura para a localização do principal campo de ensaio tecnológico ficou a dever-se ao reconhecimento do (bom) trabalho que jovens investigadores portugueses têm vindo a desenvolver nesta área e às condições de muito baixa rádio interferência (níveis 100 vezes menores que no outro campo de ensaio tecnológico, na Holanda) aliadas à maior iluminação solar do continente europeu. Em Portugal, os trabalhos científicos têm vindo a ser dirigidos pelo Doutor Domingos Barbosa (41 anos) do Instituto de Telecomunicações (Grupo de Radioastronomia, pólo de Aveiro), em estreita colaboração com o Instituto Superior Técnico (CENTRA – Centro Multidisciplinar de Astrofísica) e a Universidade do Porto (Centro de Investigação em Ciências GeoEspaciais). O Doutor Domingos Barbosa foi eleito, como um dos representantes da Europa, para o SKA Science and Engineering Committee.

Foi também importante, para o Projecto, a existência em Portugal de capacidade empresarial relevante, que foi assegurada desde logo pela Martifer Solar, a Nokia Siemens Networks Portugal e outras empresas (designadamente a Deimos e a Motofil Robotics, para além da Lógica), sendo de esperar que esta participação venha a ser reforçada num futuro próximo.

Este projecto, que claramente se situa na vanguarda tecnológica de uma área científica (as ciências espaciais) com um enorme potencial de expansão, não deverá ser dissociado da dinâmica que um conjunto de jovens doutorados tem vindo a imprimir à astronomia designadamente através da Sociedade Portuguesa de Astronomia e da celebração do Ano Internacional da Astronomia (cuja sessão de encerramento está prevista para 17 de Março de 2010). A Sociedade Portuguesa de Astronomia não terá muitos associados, cerca de oito dezenas, mas muitos desses associados concluíram o seu doutoramento recentemente, cooperam entre si e têm fortes relações internacionais. Essas redes têm permitido a participação de investigadores portugueses em vários projectos com uma enorme projecção internacional, tendo alguns desses investigadores recebido prémios e/ou apoios financeiros internacionais vultuosos (foram aliás objecto de notícias recentes). Refira-se, a propósito, que decorrerá em Lisboa, em Setembro próximo, o “Joint European National Astyronomy Meeting” da “European Astronomical Society”, sendo que uma das sessões será dedicada ao SKA.

Acresce que, após um período em que as actividades neste âmbito tinham um cariz marcadamente teórico e esotérico, mais recentemente, sobretudo com o desenvolvimento da instrumentação, elas assumiram uma significativa vertente tecnológica e diversas vertentes de carácter aplicado a temáticas claramente inseridas na “agenda global” da sociedade contemporânea (e.g. alterações climáticas). Estas vertentes fizeram com que surgissem em Portugal dinâmicas empresariais (a Proespaço, Associação Portuguesa de Indústrias do Espaço, foi criada em 2004) e que outras empresas com tecnologia relevante (e.g. Martifer) tenham já feito um percurso significativo em redes e projectos internacionais onde a colaboração universidades/empresa é muito forte. Merece ainda referência o facto de algumas regiões Portuguesas oferecerem condições muito favoráveis á localização de instalações de importância estratégica. Além de Moura, também a Pampilhosa da Serra, onde foi desenvolvido o Projecto GEM (Gallactic Emission Mapping) com base numa antena de obtenção de dados cedida pela Portugal Telecom e cujos resultados mereceram já o interesse de investigadores da NASA e, noutra perspectiva, os Açores, apresentam também uma localização ímpar (ainda por explorar) para a colocação de antenas inseridas em projectos globais.

A opção por Moura beneficiou ainda da existência da “Lógica E. M.”, uma empresa municipal, detida em 75% pela CM de Moura. Esta empresa é a entidade gestora de um Parque Tecnológico (ainda em desenvolvimento) vocacionado para a dinamização de um cluster no domínio da energia solar. Um dos principais instrumentos de dinamização desse cluster é um Laboratório Tecnológico, que permite testes e a certificação de vários materiais e produtos da indústria de painéis solares, que é considerado um dos mais bem equipados e avançados da Europa em domínios específicos. Muitos dos equipamentos já instalados têm um forte componente de integração de tecnologia nacional. Não deixa de ser de relevar que numa zona rural remota se possam encontrar infra-estruturas tecnológicas das mais avançadas que há na Europa, ainda que em domínios específicos, com uma forte incorporação de tecnologia nacional. Curiosamente, em 2008, o Presidente da Câmara de Moura, José Maria Pós-de-Mina, foi um dos 10 finalistas nomeados para “personalidade do ano” pela associação “”OneWorld”, não só pela central de Amareleja mas também por “um conjunto mais vasto de iniciativas, como produtos tecnológicos e actividades de investigação”.

 

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