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30.º aniversário da adesão de Portugal às Comunidades Europeias
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INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República na Sessão Comemorativa dos 20 anos das Aldeias Históricas de Portugal
Marialva, 11 de dezembro de 2015

Recordo hoje uma viagem inesquecível que fiz como Primeiro-ministro em 2 de junho de 1994. Visitei nesse dia seis aldeias da Beira Interior: Monsanto, Idanha-a-Velha, Sortelha, Castelo Mendo, Almeida e Marialva. Na manhã de 2 de junho fiz, em Idanha-a-Velha, a apresentação de um programa inédito de recuperação das aldeias históricas de Portugal que, na sua primeira fase, incluía, para além daquelas seis, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Linhares da Beira e Piódão.

Visitar o interior, as aldeias e vilas do nosso País, tal como o fiz em 1994, é contactar com as nossas raízes, recordar pedaços da nossa história e usufruir deste magnífico património, cultural e natural que os antepassados nos legaram.

Mas vir ao interior é também, hoje em dia, uma ocasião para testemunharmos o orgulho com que as populações encaram esse património e o empenho que colocam na sua conservação.

Atualmente, a preservação do património histórico faz parte das preocupações das nossas gentes, em particular dos autarcas, em cujos ombros recai a principal responsabilidade pelos bens que integram a nossa herança comum e representam a identidade de cada município ou região.

A diversidade de sítios, monumentos e expressões culturais portugueses inscritos pela UNESCO nas listas do Património da Humanidade, é bem a prova de que as populações estão hoje mais conscientes da importância do seu património e procuram preservá-lo e valorizá-lo.

O projeto das Aldeias Históricas de Portugal, cujos 20 anos comemoramos, é um claro exemplo dessa nova sensibilidade. Pelo seu pioneirismo, pela diversidade dos esforços envolvidos e pelos resultados alcançados, é digno da melhor atenção por parte dos poderes públicos, das empresas e dos cidadãos em geral.

Nesta minha visita a Almeida, Linhares da Beira e Marialva, gostaria de deixar uma palavra de admiração e reconhecimento por todos quantos deram continuidade e aprofundaram o programa que apresentei em 2 de junho de 1994, em Idanha-a-Velha.

Senhores Presidentes de Câmara,
Minhas Senhoras e meus Senhores,

A defesa do património tem sido uma das causas em que, desde o início do meu primeiro mandato, mais frequentemente tenho insistido. Em múltiplas intervenções que proferi, praticamente em todos os municípios, fiz questão de salientar a importância estratégica que tem para Portugal o conhecimento, a defesa e a promoção desse legado, através do qual nos identificamos como Povo detentor de uma história singular.

No decurso das jornadas do Roteiro do Património, visitei alguns dos sítios e monumentos mais emblemáticos, quer pelo seu significado histórico, quer pela forma exemplar como têm vindo a ser recuperados, quer pelas parcerias que se constituíram para a sua defesa e promoção.

Conforme tive ocasião de sublinhar, a causa do património não se reduz a uma simples exaltação do passado, por muito que dele nos orgulhemos.

Para além de um motivo de orgulho, para a Nação como um todo e para cada uma das localidades em que se ergue uma igreja ou um castelo, uma torre ou uma fonte, o património pode igualmente representar um fator de desenvolvimento económico e social.

Congratulo-me, por isso, com o trabalho aqui desenvolvido, durante as últimas duas décadas, e apresento os meus sinceros parabéns a todos quantos se empenharam, aos mais diversos níveis, para que a rede, hoje constituída por 12 aldeias históricas, fosse recuperada e dotada das infraestruturas necessárias ao desenvolvimento do turismo.

Se há exemplos bem-sucedidos de cooperação entre o Estado e a sociedade civil, este projeto é seguramente um deles.

Graças à iniciativa dos cidadãos e das empresas, associada à visão e dinamismo dos autarcas, e com o necessário apoio do Estado, foi possível devolver a cada uma das aldeias abrangidas a sua singularidade arquitetónica, instalar unidades hoteleiras bem equipadas e desenvolver sinergias que fazem do conjunto uma atração turística de nível europeu.

A partir desse capital, que foi recuperado da história e, muitas vezes, da ruína com que o êxodo rural ameaça tantas vezes as povoações do interior, constituíram-se dezenas de empresas, criando assim novos postos de trabalho.

Deu-se, portanto, um passo importante para a fixação das populações e para a atração de projetos inovadores, capazes de colocar a região da Beira Interior nas rotas do turismo nacional e internacional.

Esperemos que, através de uma adequada gestão, se continue a trabalhar para consolidar e promover este projeto, que é decerto único em todo o País, pela forma como nele se associam o passado e o presente, a cultura e o empreendedorismo, a história e o desenvolvimento regional.

É possível reconhecer aqui um forte potencial de desenvolvimento. As Aldeias Históricas não são uma realidade do passado. São um projeto de futuro, em que vale a pena acreditar e em que vale seguramente a pena investir, desde que o produto se apresente como diferenciador e apelativo. Cabe também aos autarcas procurar esse caminho de desenvolvimento.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Portugal é hoje um dos principais destinos turísticos do Mundo. Aquilo que há dez anos poderia julgar-se uma utopia, é hoje uma evidência estatística e uma realidade que facilmente se observa nas ruas e nos museus, nas lojas e nos restaurantes.

Do turismo sazonal e quase exclusivamente concentrado nas praias, passámos nos últimos anos a receber um turismo mais cosmopolita, mais culto e, por isso mesmo, mais exigente.

O número de visitantes estrangeiros que procura os nossos monumentos está a aumentar progressivamente. Os meios de comunicação internacionais colocam o património natural e cultural português entre aqueles, cada vez mais raros, que fazem realmente a diferença num mundo crescentemente globalizado.

Acredito, perante estes factos, e olhando para exemplos como o das Aldeias Históricas de Portugal, que somos e seremos capazes de vencer os novos desafios honrando devidamente a memória dos nossos antepassados e colocando ao serviço do progresso e bem-estar das populações o património que nos legaram.

Muito obrigado!

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.