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Rio Maior, 3 de fevereiro de 2016 ler mais: Visita às salinas

INTERVENÇÕES

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Intervenção do Presidente da República na cerimónia de homenagem a Aquilino Ribeiro
Panteão Nacional, 19 de Setembro de 2007

Senhor Presidente da Assembleia da República
Senhor Primeiro-Ministro
Senhores Ministros
Senhores Deputados
Membros da Família de Aquilino Ribeiro
Senhoras e Senhores,

A presente homenagem à figura de Aquilino Ribeiro constitui, antes de mais, um acto de homenagem à cultura portuguesa.

Na verdade, a trasladação dos seus restos mortais para o Panteão Nacional de Santa Engrácia, onde repousará ao lado de grandes vultos da História e da Cultura portuguesas, representa uma forma simbólica, mas plena de significado, de evocarmos aquele que foi um dos grandes prosadores da literatura portuguesa do século vinte.

A vasta obra romanesca de Aquilino Ribeiro, que retrata o mundo rural português de uma forma ímpar, continua a acompanhar-nos, mesmo que desse mundo restem apenas escassos vestígios.

O universo de Aquilino Ribeiro, povoado de tipos que todos conhecemos, com destaque para o «Malhadinhas», é o universo português. Deleitamo-nos com os seus arcaísmos e os seus regionalismos porque nos revemos neles. E porque, apesar do decurso do tempo, continuamos a encontrar o homem português em cada página dos grandes livros de Mestre Aquilino. No fundo, porque ainda nos encontramos a nós próprios em obras imortais como A Casa Grande de Romarigães ou Quando os Lobos Uivam.

Aquilino Ribeiro foi também um admirável biógrafo de figuras históricas, como Luís de Camões ou Camilo Castelo Branco, um autor de enternecedores livros para crianças, com destaque para O Livro de Marianinha, dedicado à sua neta, ou O Romance da Raposa. Foi também um notável memorialista que nos legou o interessante testemunho intitulado Um Escritor Confessa-se.

Aquilino Ribeiro, contudo, não precisaria de se confessar num texto autobiográfico, porque em toda a sua obra a biografia e a ficção entrecruzam-se a cada passo. A marca da ruralidade está presente em praticamente todos os seus livros. Sempre permaneceu fiel às suas origens – e são estas que marcam decisivamente a sua obra. Mas o que também surpreende e fascina nessa obra é a capacidade de Aquilino em transcender os limites da sua Beira natal e converter-se num escritor de projecção universal.

De facto, Aquilino não é um mero escritor regionalista, susceptível de ser lido apenas por aqueles que conhecem bem as terras e as gentes de que fala. Cultivou a Geografia Sentimental – título de um dos seus livros mais apaixonantes – mas soube ultrapassar os limites que esse afecto das raízes lhe poderia ter imposto enquanto prosador. Isto só é possível porque Aquilino Ribeiro descreveu ambientes e paisagens mas, acima de tudo, captou aquilo que de mais singular e profundo existe no género humano, nas suas grandezas como nas suas fraquezas.

Ler Aquilino Ribeiro é ler um certo Portugal, mas é também ler o mundo. E, por isso, aqui deixo o meu público testemunho de admiração por uma obra literária que espero continue a ser lida e acarinhada pelas gerações futuras do nosso País.
É também em nome dessas gerações que se justifica a homenagem que hoje, no Panteão Nacional, fazemos à obra de Aquilino Ribeiro.

Muito obrigado.

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Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

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