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INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República no Congresso do International Statistical Institute
Centro de Congressos de Lisboa, 22 de Agosto de 2007

Senhor Ministro da Presidência,
Senhor Prof. Niels Keiding, Presidente do International Statistical Institute,
Senhor Prof. Paulo Gomes, Presidente do Congresso,
Senhora Dra. Alda Carvalho, Presidente do Instituto Nacional de Estatística,

Interrompi com o maior gosto as minhas férias para dirigir a todos vós e, em particular, aos conferencistas que nos visitam de outros países, uma palavra de boas-vindas.

Estou seguro de que esta 56ª Sessão do International Statistical Institute será um evento de grande qualidade científica, à altura da sua longa história, do mérito dos seus participantes, e do empenho que tem sido colocado na sua realização. A adesão de cerca de 3000 congressistas e participantes, oriundos de mais de 100 países de todos os continentes do mundo, atesta a importância desta iniciativa bienal. A todos desejo uma óptima estadia no nosso país.

Enquanto professor de economia, mas também como político, atribuo uma enorme importância à qualidade da informação.

As estatísticas são um instrumento poderoso de conhecimento da sociedade, essenciais à tomada de decisão, à definição e avaliação de estratégias e até ao próprio debate político. Por isso mesmo, considero que é grande a responsabilidade associada aos desenvolvimentos metodológicos e à produção e utilização de dados, quer por parte dos organismos oficiais, quer por parte de outras entidades de análise e investigação.

Esta responsabilidade é cada vez maior, dado que vivemos num mundo dependente, sedento mesmo, de informação. A natureza global da nossa sociedade – nomeadamente na sua dimensão económica – assenta, em larga medida, na rapidez de acesso ao conhecimento e na credibilidade e relevância da informação que o suporta.

Um dos principais objectivos da comunidade estatística deve ser o de permitir informação de qualidade, cobrindo as mais diversas áreas, quer temáticas quer geográficas. Neste domínio, os progressos têm sido notáveis. A qualidade do trabalho efectuado é hoje amplamente reconhecida e o grau de disseminação, até em consequência do progresso tecnológico, tem aumentado de forma significativa.

Há, contudo, ainda muito por fazer. Recordo, por exemplo, no âmbito dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, as fragilidades existentes a nível da produção estatística sobre a qualidade de vida nos países menos desenvolvidos e a dificuldade que isso representa para o desenho e para a avaliação de políticas de desenvolvimento e de combate à pobreza.

Outro grande objectivo deve ser o de privilegiar o rigor. É importante que a produção de informação não ceda à conveniência ou às tendências do momento. É fundamental que o trabalho estatístico seja produzido e transmitido com clareza e independência. Só assim podemos falar verdadeiramente de contributos para o conhecimento.

Creio, também, que a comunidade académica desta área do saber tem o dever de colaborar no processo de educação sobre a importância e o papel da análise estatística como forma de melhorar a nossa compreensão do mundo e de questionar pontos de vista pré-concebidos.

Independente da sua qualidade intrínseca, as estatísticas são, por vezes, usadas com fins demagógicos, o que todos sabemos poder ser conseguido através da manipulação dos resultados e da deturpação da informação recolhida. A comunidade científica deve contribuir para contrariar o mau uso, intencional ou não, das estatísticas.

A estatística é um instrumento fundamental do avanço científico, quer nas ciências naturais quer nas ciências humanas. O teste de teorias e o avanço da ciência acompanham em muito o grau de sofisticação e de conhecimento que a Teoria das Probabilidades, e a Estatística em geral, vão proporcionando.

Sendo eu próprio um economista, não posso deixar de notar que muitos laureados com o prémio Nobel da Economia receberam este prémio pelas suas contribuições para a econometria, e pelos avanços que, por essa via, foram gerados em outras áreas científicas.

Exemplos como Haavelmo, Heckman e McFadden, Engle, Granger e Prescott ilustram bem o que acabei de dizer. O facto de muitos destes nomes serem laureados relativamente recentes demonstra, por seu turno, a crescente importância de metodologias estatísticas rigorosas para o avanço da ciência económica. Acredito que o mesmo se aplica, de resto, a praticamente todas as áreas do saber.

Haverá com certeza, neste Congresso, muita discussão teórica e técnica. O desenvolvimento de bases teóricas e metodológicas robustas é, naturalmente, fundamental para progredir na qualidade e no rigor da informação produzida. Creio, e todo o caso, que o debate científico não deve esquecer o papel cada vez mais relevante que a estatística desempenha no contexto social, político e económico.

Da formulação e da correcta utilização da estatística dependem decisões que afectam a vida – presente e futura - das pessoas, a credibilidade das instituições e a capacidade de se exercer uma vigilância adequada sobre o desempenho daqueles que decidem e governam. Estou certo de que a comunidade estatística está ciente do impacto do seu trabalho e do muito que pode contribuir para estes objectivos.

Portugal progrediu muito nos últimos anos no que respeita à produção e à qualidade das estatísticas. O trabalho que os investigadores têm realizado e o esforço técnico que tem sido feito, em instituições como o Instituto Nacional de Estatística português, no sentido de assegurar uma informação mais clara, fiável e independente tem sido notável. Este é um trabalho que deve prosseguir e ser aprofundado, quer em Portugal quer noutros países.

É uma honra, desde logo como utilizador, estar presente nesta Sessão do International Statistical Institute. Faço votos de que os vossos trabalhos sejam profícuos e, aos muitos que vieram de outros países, desejo que levem consigo boas recordações de Lisboa e de Portugal.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.