Gostaria de começar por felicitar as agências de promoção do investimento e do comércio externo de Portugal (a AICEP) e da China (o CCPIT), pela organização desta excelente iniciativa, que veio permitir o encontro e o debate entre empresários, fomentando parcerias e dando a conhecer as realidades económicas e o ambiente empresarial de ambos os países.
Saúdo e agradeço a presença de todos os oradores, empresários e participantes.
A China, país ancestral com fortes tradições e uma cultura milenar, tem um papel único na história do mundo. A China atual surpreende pela capacidade de conjugar as suas tradições multisseculares com um processo de mudança estrutural assente no desenvolvimento económico e empresarial e numa forte estratégia de internacionalização.
A China é hoje uma economia de sucesso. Tenho acompanhado, com grande interesse, os esforços feitos e as soluções encontradas para afirmar a China como parceiro de sucesso na economia global.
A China tem vindo a transformar-se muito rapidamente, pelo seu próprio mérito e vigor, num dos maiores expoentes de crescimento económico a nível mundial.
A China está em voga. A sua energia e vitalidade, a sua dimensão, a audácia e perseverança do seu tecido empresarial atraem, naturalmente, a atenção do Mundo e, por certo, também de Portugal. É hoje um país de interesse estratégico para as empresas portuguesas.
O potencial de cooperação é enorme e gostaria que esta minha Visita contribuísse para o reforço do relacionamento económico e empresarial entre os dois países.
Nesse sentido, não posso deixar de sublinhar a oportunidade que este Seminário e os Encontros Empresariais representam para o aumento do investimento e de novas parcerias. Desde logo, porque proporcionam um estreitamento dos contactos entre empresários e altos responsáveis portugueses e chineses. Contribuem, deste modo, para um melhor conhecimento do que se faz atualmente na China e em Portugal.
Os nossos países e as nossas economias têm dimensões muito diferentes e estão, geograficamente, muito distantes. Contudo, se soubermos criar um bom clima de confiança entre as nossa empresas, com respeito pelas nossas culturas e identidades, teremos condições para estabelecer verdadeiras parcerias de interesse mútuo, de âmbito não apenas bilateral mas também orientado para terceiros mercados.
Para além da sua condição de Estado-membro da União Europeia e da proximidade e do bom relacionamento com os países do norte de África, Portugal sustenta ainda laços especiais com a África subsaariana – onde países como Angola e Moçambique falam português e mantém ligações políticas, económicas e culturais fortes com o nosso País. O mesmo se passa com a América do Sul, onde avultam as nossas particulares ligações de amizade com o Brasil e as fáceis relações com os países do eixo atlântico.
Portugal é hoje, também, uma importante porta no Atlântico para a Europa. O porto de Sines é o primeiro porto europeu de águas profundas no acesso pelas rotas do oriente, venham elas por África ou através do canal do Panamá.
Na sequência da crise financeira mundial de 2008, Portugal comprometeu-se com um ambicioso e abrangente programa de ajustamento económico, financeiro e orçamental. Passados exatamente três anos da sua aplicação e em fase de conclusão, existem dois aspetos que gostaria de salientar. Por um lado, os objetivos estabelecidos e as medidas previstas foram, na sua grande maioria, cumpridos e implementados; e, por outro, o ajustamento orçamental e as alterações estruturais na economia portuguesa foram muito significativos.
Recuperámos a confiança dos nossos parceiros e dos mercados financeiros internacionais.
Os resultados da execução do programa de ajustamento começam agora a aparecer e a estimular a confiança interna, situação que tanto os nossos parceiros como os mercados têm reconhecido e valorizado.
Os sinais dos últimos doze meses têm sido, de facto, muito animadores. Desde o 2º trimestre de 2013 que a economia está a crescer. O desemprego tem baixado. Nos mercados externos, as empresas portuguesas têm mostrado uma notável capacidade de adaptação, continuando a conquistar quotas de mercados, sobretudo fora do espaço europeu. Atualmente, as exportações já representam 40 por cento do PIB, contra cerca de 30 por cento em 2010. O saldo das nossas contas externas foi positivo em 2013, situação que deverá reforçar-se no ano em curso.
Desde meados de 2013 que as taxas de juro da dívida pública portuguesa têm vindo a descer significativamente. O País tem vindo a retomar a emissão de dívida de médio e longo prazo nos mercados internacionais, valendo a pena sublinhar que as taxas de juro da dívida a 10 anos se situam, atualmente, em cerca de 3,5 por cento.
Sabemos que é essencial manter o ritmo das reformas estruturais em curso e que o crescimento económico terá de assentar fundamentalmente no investimento privado, nacional e estrangeiro, e nas exportações.
Estamos determinados a proporcionar a quem investe em Portugal um ambiente empresarial estável e atrativo. Nesse sentido, estão em curso reformas essenciais na área das relações laborais, da Justiça, do licenciamento e da tributação das empresas. Portugal beneficia também de um novo e interessante programa europeu de apoio ao investimento, especialmente dirigido para as PME e para a inovação e competitividade.
As empresas que me acompanham nesta Visita de Estado à República Popular da China representam muito do melhor e mais dinâmico de Portugal e apresentam experiências bem-sucedidas de internacionalização em várias geografias. Poderia falar com gosto sobre a qualidade individual de cada uma das empresas aqui presentes, mas sei que os senhores líderes empresariais o terão feito ou o farão muito melhor do que eu.
Portugal tem hoje uma nova geração de empresas, com grande capacidade empreendedora, inovadora e tecnológica. Muitas estão a desenvolver produtos e serviços diferenciadores para novos segmentos de procura no mercado mundial: na eletrónica, nas tecnologias de informação, na área das energias renováveis, na indústria farmacêutica, no sector automóvel e aeronáutico, ou nas aplicações de software para processos de fabrico ou de gestão.
Destaco as áreas das tecnologias de gestão, da preservação e requalificação ambiental, do ordenamento, da valorização urbanística e da gestão das cidades, assim como da eficiência energética e das infraestruturas, áreas, todas elas, onde as empresas portuguesas já têm provas dadas mundo fora.
Também me acompanham algumas empresas das chamadas «indústrias tradicionais», como o calçado, a têxtil e vestuário, o mobiliário, a agroalimentar e os vinhos, entre outras. Com uma enorme experiência acumulada, souberam reinventar-se e ganharam uma posição comercial forte nos mercados internacionais.
O sector do turismo merece uma particular referência. Portugal é um destino de reconhecida qualidade. O sol e a luminosidade sempre presentes, o agradável clima, a hospitalidade e a segurança, a par de uma extensa costa marítima de rara beleza, são pontos fortes da nossa oferta turística.
As diferentes regiões, tanto na riqueza e diversidade do património construído como nas tradições, festas e romarias populares, fazem de Portugal um destino turístico único.
A tudo isto acresce, ainda, uma forte capacidade de alojamento, tanto ao nível hoteleiro como em apartamentos para estadias de longa duração ou residenciais, complementada por uma rede de qualidade de apoio à saúde, uma boa gastronomia e excelentes campos de golfe, que valerá a pena conhecer e fruir. Neste particular, devo sublinhar que, nos últimos anos, muitos cidadãos chineses têm procurado residência em Portugal.
Portugal situa-se hoje, em segmentos de mercado específicos, numa posição de vanguarda a nível mundial. A China, por seu lado, encontra-se numa imparável rota de desenvolvimento e pode encontrar em Portugal parcerias estratégicas que acrescentem massa crítica competitiva em terceiros mercados.
Embora afastados, cada um do seu lado do Mundo, juntos podemos criar valor, com benefício mútuo.
É com essa convicção que irei terminar. Mas não sem antes vos transmitir a fundada esperança de que os trabalhos deste Seminário e os encontros que proporciona deem um contributo determinante para que os empresários chineses e portugueses possam reforçar o bom entendimento e a amizade entre a China e Portugal.
Muito obrigado.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.