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INTERVENÇÕES

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Intervenção do Presidente da República na Inauguração da Feira do Livro de Bogotá
Corferias, Bogotá, Colômbia, 17 de abril de 2013

É com enorme satisfação e, ao mesmo tempo, com um grande orgulho que participo com Vossa Excelência, Senhor Presidente, na inauguração da Feira Internacional do Livro de Bogotá, no ano em que Portugal é o País convidado.

Satisfação e orgulho, antes de mais, pelo convite com que as autoridades colombianas nos distinguiram e que muito nos honra.

Mas satisfação e orgulho, também, pelo notável conjunto de escritores, músicos, artistas plásticos e gráficos que vieram a Bogotá dar testemunho, pela sua palavra e a sua arte, da vitalidade da cultura portuguesa, uma cultura que, ao longo dos séculos, tem sabido reinventar-se a cada nova geração.

A este propósito, queria aqui, publicamente, louvar o trabalho e o empenho do Professor Doutor Jerónimo Pizarro – Professor da Universidade Los Andes e Comissário da participação portuguesa na Feira do Livro de Bogotá –, que em muito tem contribuído para a divulgação da cultura portuguesa na Colômbia.

Queremos dar-vos a conhecer o nosso melhor. E o melhor com que uma nação se pode apresentar emerge dos seus escritores, dos seus artistas, daqueles que, através das suas obras, revelam não apenas o talento que individualmente possuem, mas também o mais profundo da identidade coletiva que partilham.

Não seria, de resto, necessário lembrá-lo aqui, na Colômbia, um país cuja imagem está tão associada, em todo o Mundo, à obra de escritores como Gabriel García Márquez e Álvaro Mutis, ou de artistas como Fernando Botero, cuja pintura e escultura já por mais de uma vez tivemos o privilégio de apreciar em Lisboa. Há uns anos, a nossa capital acolheu, na sua praça principal, uma magnífica exposição de obras de Botero e orgulha-se de ostentar atualmente, num dos seus lugares privilegiados, com uma magnífica vista sobre a cidade e o rio Tejo, uma escultura deste grande criador colombiano.

Portugal é uma nação que desde muito cedo se abriu ao diálogo com gentes de todo o Mundo. Situado no extremo da Europa, mas projetado sobre o Atlântico, é a própria geografia que lhe imprime esta marca identitária. Como escreveu Luís de Camões, o maior dos nossos poetas, Portugal fica «onde a terra se acaba e o mar começa».

Não admira, por isso, que, sendo uma das mais antigas nações europeias, Portugal tenha sido também a primeira que se aventurou pelo mar adentro e se encontrou com gentes de todo o planeta, lançando assim os alicerces do mundo globalizado em que hoje vivemos.

«Da minha língua vê-se o mar», escreveu Virgílio Ferreira, um dos grandes escritores portugueses do século XX. Seria difícil encontrar uma frase mais expressiva do que esta, que os organizadores da Feira escolheram, para ilustrar o que a nossa literatura tem de singular.

Na verdade, a literatura portuguesa está, desde muito cedo, repassada de sentimentos ligados à necessidade de nos fazermos ao mar e rasgarmos horizontes, não só para lá das nossas próprias fronteiras, mas também para lá das fronteiras do pequeno mundo que os europeus conheciam até aos finais da Idade Média e aos alvores do Renascimento.

Logo nas primeiras cantigas escritas em português, o risco das viagens por mar e a saudade dos que ficam em terra são referências constantes.

Ainda hoje, nas letras do Fado, que é um dos símbolos mais conhecidos do património imaterial português, são igualmente frequentes os temas ligados aos marinheiros, aos navios, à tempestade e à bonança. O Fado foi cantado por muitos, mas Amália Rodrigues deu aos poetas portugueses o tom inconfundível da sua voz única. É justamente no Jardim Amália Rodrigues, em Lisboa, que se encontra a escultura de Fernando Botero. Eis um exemplo muito expressivo do traço de união que a cultura gera entre os povos de Portugal e da Colômbia.

Poderemos – de seguida – ouvir alguns fados, na voz de Raquel Tavares. Creio que, para os que conhecem menos bem este género musical, será uma excelente oportunidade de perceber porque é o Fado tão apreciado no Mundo inteiro. Gostaria de vos dizer que fiz questão de que Raquel Tavares, além desta breve atuação, realizasse um concerto maior, amanhã, no Centro Cultural Gabriel García Marquéz, que terei o gosto de oferecer à cidade e aos cidadãos de Bogotá.

Tanto na cultura popular, como na cultura erudita, o mar esteve sempre presente, faz parte da nossa História e integra a nossa língua e a nossa cultura.

Foram as viagens através dos oceanos que nos permitiram estabelecer, em todos os continentes, relações comerciais e laços de amizade que ainda hoje perduram. Em alguns casos, perdura até a própria língua portuguesa, partilhada que é pelo Brasil e por mais seis Estados soberanos.

A Oriente como a Ocidente, em África como nas Américas e nas Índias, convivemos com culturas as mais distintas, num intercâmbio de descobertas que mudou o Mundo e cujos resultados os povos com quem nos cruzámos são unânimes em reconhecer.

É com esse mesmo espírito, aberto ao conhecimento mútuo e ao diálogo entre as nações, que temos agora em Bogotá uma representação tão diversificada da cultura portuguesa contemporânea.

Ao longo das próximas semanas, irão suceder-se, um pouco por toda a cidade, conferências, exposições, concertos e debates, em que este nosso grupo de escritores e artistas apresentará a sua obra e terá contacto com representantes da cultura colombiana.

Estou certo de que, no final, ficaremos a conhecer-nos melhor, de parte a parte.

Faço votos para que a cooperação entre os nossos dois países, alicerçada nos valores e nos propósitos que partilhamos, saia desta iniciativa mais reforçada, seja no plano cultural, seja em todos os domínios em que Portugal e a Colômbia têm vindo a estreitar o seu relacionamento.

Muito obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.