Agradeço, muito sensibilizado, as palavras que Vossa Excelência, Senhor Presidente, acaba de proferir, e o caloroso acolhimento que me tem sido dispensado, bem como a minha Mulher e a toda a delegação portuguesa, nesta Visita de Estado à Colômbia.
Recordamos muito afetuosamente a recente Visita a Portugal de Vossa Excelência e da Senhora D. Maria Clemência de Santos, que muito nos honrou e que todos temos presente com grande simpatia.
Creio que nunca se terá assistido, entre os nossos dois países, a uma dinâmica tão intensa de contactos entre responsáveis políticos, agentes culturais e empresariais, como nos últimos tempos. Atrever-me-ia a dizer que a Colômbia “está de moda” em Portugal e que Portugal “está de moda” na Colômbia.
Foi neste espírito e com grande gosto que aceitei o convite que Vossa Excelência me dirigiu para visitar a Colômbia e para inaugurar a Feira do Livro de Bogotá deste ano, na qual Portugal é o país convidado. É uma participação que muito nos honra e que, estou certo, será um marco fundamental no reforço das relações culturais entre os nossos dois países, que aliás conheceram já um outro ponto alto: a instituição, na Universidade dos Andes, da Cátedra Fernando Pessoa, um dos maiores poetas portugueses.
Senhor Presidente,
Olhamos para a Colômbia como um país modelo na América Latina, sobretudo pela forma como tem sabido enfrentar os grandes desafios da consolidação democrática, do desenvolvimento económico e da justiça social.
Com uma economia pujante e estruturada, uma política de abertura ao investimento estrangeiro, um leque diversificado de relações políticas e económicas com outras nações, além de uma invejável posição geográfica, a Colômbia destaca-se no novo milénio como um destino extremamente atrativo e uma excelente plataforma de projeção noutros mercados da América Latina.
Portugal, por seu lado, é uma democracia estável e consolidada. É um país com uma economia moderna e aberta, dotado de excelentes infraestruturas e com um capital humano extremamente qualificado. É ainda, desde há décadas, um Estado-membro da União Europeia.
Em suma, somos um país que abre portas à iniciativa dos empresários colombianos, que podem, através dele, encontrar novas vias de acesso ao gigantesco mercado único europeu e a outros mercados que, fruto da sua História, Portugal conhece bem e com os quais mantém laços privilegiados de cooperação e de amizade.
Este é, como sabemos, um tempo de grandes desafios a nível nacional e a nível europeu. Nos últimos dois anos, Portugal tem vindo a realizar um importante esforço de ajustamento macroeconómico e financeiro. Temos também levado a cabo um ambicioso e exigente conjunto de reformas estruturais destinadas a aumentar a flexibilidade e a capacidade competitiva da nossa economia.
Assim, é com enorme satisfação que registo o crescente interesse das empresas e dos investidores portugueses pela Colômbia. Um sinal visível desta realidade é a expressiva comitiva empresarial que me acompanha nesta Visita. Amanhã, teremos a honra de encerrar o Seminário Económico e Empresarial, que, durante dois dias, reúne empresários, empreendedores e investidores dos nossos países.
Congratulo-me que o Acordo Comercial Multipartes, entre a União Europeia, a Colômbia e o Peru, tenha sido aprovado. Estou certo de que, em breve, todos beneficiaremos da concretização deste projeto.
Senhor Presidente,
Os nossos dois povos e os nossos países encontram-se ligados por laços seculares. Não obstante, é no passado recente, na atualidade dos nossos dias, que a História do nosso relacionamento mais se aviva em exemplos que tão particularmente nos animam e nos dão esperança no futuro.
Permito-me, Senhor Presidente, citar Gabriel García Márquez quando dizia: “Basta abrir os jornais para saber que entre nós ocorrem coisas extraordinárias todos os dias”. Somos tentados a dizer que o grande escritor colombiano parecia falar do relacionamento entre o seu país e Portugal.
Devemos aproveitar a atual dinâmica para enriquecer ainda mais este nosso relacionamento com uma cooperação reforçada em áreas como as novas tecnologias de informação, as energias renováveis, a construção de infraestruturas ou o turismo.
Senhor Presidente,
No mundo globalizado em que hoje vivemos, o fenómeno da integração regional ganha cada vez maior peso. A América Latina não é alheia a essa dinâmica.
A Aliança do Pacífico, que será em breve presidida pela Colômbia, constitui um marco no futuro das relações comerciais entre os países que a integram e o resto do Mundo. Portugal pediu já para ser admitido como membro observador. Aproveito, aliás, esta ocasião para agradecer o apoio concedido pela Colômbia a esta nossa pretensão.
Tal como em Lisboa, há uns meses, quero expressar os meus mais sinceros votos para que o processo de paz em curso, do qual Vossa Excelência é o grande protagonista, chegue a bom porto. Todos sabemos que a paz e a estabilidade são elementos fundamentais na consolidação do Estado de direito democrático e no fortalecimento da posição da Colômbia nesta região e no Mundo.
Senhor Presidente,
É com este espírito de amizade fraterna que gostaria de reiterar a minha convicção de que as relações entre os nossos dois países serão cada vez mais fortes. Peço, pois, que se juntem a mim num brinde a Vossa Excelência, Senhor Presidente, e à Senhora D. Maria Clemência de Santos, à paz e prosperidade do povo colombiano e ao futuro da amizade luso-colombiana.
Muito obrigado.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
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