Bem-vindo à página ARQUIVO 2006-2016 da Presidência da República Portuguesa

Nota à navegação com tecnologias de apoio

Nesta página encontra 2 elementos auxiliares de navegação: motor de busca (tecla de atalho 1) | Saltar para o conteúdo (tecla de atalho 2)
Assembleia Geral das Nações Unidas
Assembleia Geral das Nações Unidas
Nova Iorque, EUA, 28 de setembro de 2015 ler mais: Assembleia Geral das Nações Unidas

INTERVENÇÕES

Clique aqui para diminuir o tamanho do texto| Clique aqui para aumentar o tamanho do texto
Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Encerramento do VIII Encontro da COTEC Europa
Madrid, Espanha, 3 de outubro de 2012

Saúdo com amizade Sua Majestade o Rei D. Juan Carlos e o Senhor Presidente da República de Itália, Giorgio Napolitano.

Este Encontro COTEC Europa foi uma oportunidade para uma reflexão conjunta sobre os desafios do aprofundamento da inovação tecnológica no tecido produtivo das nossas economias.

A inovação é o fator que mais diretamente influencia as diferentes dimensões da produtividade e, em consequência, o próprio desenvolvimento económico.

Apesar de todos os esforços na promoção de políticas de estímulo à inovação, constata-se uma significativa divergência da produtividade das economias do Sul face à generalidade dos outros países da União Europeia, fenómeno que surge, aliás, acentuado desde a crise económica de 2008.

O abrandamento da capacidade de gerar valor económico por unidade de trabalho é o sintoma mais evidente das fragilidades e da insuficiente consolidação dos sistemas de inovação empresarial das nossas economias.

É hoje evidente que o crescimento económico já não pode depender unicamente da mera redução de custos. São decisivos os avanços de produtividade e de competitividade baseados na qualidade e na inovação tecnológica.

Produtividade e inovação são determinadas pelos mesmos fatores, são produto de uma mesma realidade: trabalhadores qualificados e motivados, gestão competente, conhecimento tecnológico, investigação e, não menos importante, o estímulo da concorrência aberta e transparente.

As razões para as divergências que, em matéria de competitividade, as nossas economias apresentam relativamente ao resto da Europa são bem conhecidas. Em primeiro lugar, a nossa estrutura produtiva, quase exclusivamente assente em Pequenas e Médias Empresas, tem muitas dificuldades em beneficiar do caudal de conhecimento e de tecnologia produzido pelos sistemas de inovação.

Os setores de média e alta tecnologia, aqueles que geram níveis mais elevados de valor acrescentado, têm ainda uma expressão relativamente reduzida nas nossas economias.

Uma medida do défice tecnológico das economias do Sul reside na diferença no peso da despesa das empresas em atividades de I&D, que se situa 20 por cento abaixo da média da União Europeia.

Face a uma conjuntura empresarial desfavorável, a correção desta fraqueza enfrenta dificuldades acrescidas, especialmente a curto prazo.

Cabe às políticas públicas de apoio à inovação um papel indispensável de estímulo e de preservação do que foi conquistado ao longo da última década.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Os Encontros COTEC Europa têm debatido aprofundadamente as mudanças que se torna necessário realizar nas políticas europeias de fomento da inovação que visam impulsionar a capacidade tecnológica das Pequenas e Médias Empresas.

É indiscutível a importância das políticas europeias de ciência e tecnologia para a elevação da qualidade das instituições científicas dos nossos países.

No entanto, a capacidade de inovação tem progredido a um ritmo distante das necessidades do tecido produtivo dos nossos países e, em especial, da generalidade das Pequenas e Médias Empresas.

Uma política industrial europeia de inovação tecnológica com largo espetro terá que incidir o seu foco na produtividade das Pequenas e Médias Empresas, que representam 78 por cento do emprego nos setores industriais e são responsáveis por uma parcela significativa do crescimento económico.

As Pequenas e Médias Empresas são um veículo essencial para converter o capital de conhecimento tecnológico da Europa em mais inovação, mais produtividade, mais crescimento de emprego e, por tudo isso, deverão estar, cada vez mais, no centro das políticas nacionais e comunitárias.

O estímulo ao aumento da produtividade empresarial deve ser assumido, de facto, como uma nova missão da política comunitária e das suas vertentes nacionais.

Porque a produtividade tem um papel fulcral na competitividade das nossas economias, a capacidade inovadora dos Estados membros deverá tornar-se, ela própria, um objetivo de coesão europeia.

Recordo que a Comissão Europeia, designadamente na pessoa do seu Presidente, se mostrou disponível para articular a sua ação com as organizações COTEC.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Há quase uma década, as três organizações COTEC decidiram unir esforços no projeto que denominamos COTEC Europa.

Fizeram-no porque havia a necessidade de estimular, de uma forma articulada, a capacidade de inovação dos três países, partilhando experiência e conhecimento, divulgando boas práticas, e levando a cabo projetos de interesse mútuo.

Os propósitos fundadores da nossa colaboração mantêm-se válidos e, talvez mais do que nunca, oportunos. Tem especial importância continuar a afirmar uma visão partilhada das especificidades das economias do Sul, cujas sociedades agregam mais de 54 milhões de trabalhadores em 7 milhões de empresas, no quadro do “Espaço Europeu de investigação, desenvolvimento e inovação”.

Os nossos países atravessam momentos de grande exigência. Enfrentamos desafios financeiros, económicos e sociais que põem à prova a solidez das nossas economias, desafios cuja resposta requer reformas profundas e urgentes, a serem realizadas num contexto particularmente complexo.

Elevar a produtividade, atingir um crescimento económico mais robusto e sustentado e, ao mesmo tempo, criar emprego qualificado são mais do que objetivos prioritários, são metas vitais.

A reflexão que aqui teve lugar sobre os desafios da inovação tecnológica remete para as nossas responsabilidades coletivas e objetivos comuns.

Para lá das crises que persistem, a inovação empresarial é a mais poderosa das centelhas.

Compete-nos trabalhar com confiança e coordenadamente para vencermos os desafios com que estamos confrontados.

Muito obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.