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Cerimónia de despedida das Forças Armadas
Cerimónia de despedida das Forças Armadas
Lisboa, 17 de fevereiro de 2016 ler mais: Cerimónia de despedida das Forças Armadas

INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Homenagem e Agraciamento dos Pioneiros da Transplantação
Palácio de Belém, 18 de Outubro de 2010

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

No passado mês de Maio, tive ocasião de visitar três unidades de transplantação e um dos centros de estudo de compatibilidade de órgãos e tecidos existentes no nosso País.

Pude então constatar pessoalmente a particular qualidade desta área da Medicina portuguesa e a sua crucial importância para a qualidade de vida dos nossos concidadãos.

Muitas vezes, a transplantação não é apenas um factor que aumenta a qualidade de vida. É o elemento decisivo, o elemento literalmente vital, que assegura a sobrevivência dos seres humanos. A transplantação aumenta a esperança de vida das pessoas – no fundo, dá mais vida à vida.

A transplantação de órgãos e tecidos é uma actividade que reúne um vasto conjunto de saberes e espelha o resultado de muitos anos de investigação.

A transplantação só é possível graças aos progressos da Medicina e, muito em especial, à concretização desses progressos no seio de unidades dotadas de equipas multidisciplinares e pluriprofissionais que se empenham em tornar possíveis resultados que julgaríamos, à partida, impensáveis.

Para tanto, é necessário aliar aos imprescindíveis conhecimentos científicos e técnicos, talento, vocação e, sobretudo, experiência.

É fundamental ainda uma enorme capacidade de organização de todos os elementos requeridos para a realização de um objectivo preciso, tantas vezes milimétrico, mas de proporções gigantescas no seu alcance mais profundo: permitir a vida.

Temos uma actividade muito relevante em quase todos os tipos de transplantação de órgãos e tecidos. Portugal é líder europeu no número de transplantações de rim e de fígado por milhão de habitantes e situa-se na média europeia de transplantações de medula óssea e do coração. A transplantação de pâncreas tem crescido de forma já significativa e há avanços recentes no transplante de pulmão. O número de córneas transplantadas tem vindo também a crescer anualmente.

Somos um dos países do mundo com maior número de colheitas de órgãos, possivelmente apenas superado por Espanha.

Nos últimos anos, houve um aumento muito significativo de dadores vivos de rim e de fígado e de colheitas em dadores cadavéricos.

Temos um dos maiores registos a nível europeu de dadores voluntários de medula óssea, com cerca de 200 mil inscritos. São números expressivos, que reflectem o grande espírito de solidariedade dos Portugueses

Todas as grandes obras têm um princípio e é para publicamente homenagear aqueles que foram pioneiros na transplantação de órgãos que aqui presto o meu testemunho de grande reconhecimento a quem primeiro trilhou os árduos caminhos que tornaram possível chegar aonde já chegámos.

Ser pioneiro, como já o disse uma vez, é “ir à frente, abrir caminhos, rasgar horizontes”. Mas os pioneiros que hoje aqui se encontram pouco alcançariam se tivessem actuado sozinhos e, por isso mesmo, quero também distinguir, nas suas pessoas, todos os profissionais que os acompanharam neste percurso admirável. Um percurso feito de líderes, mas também do pessoal que os seguiu e ajudou, nos mais diversos serviços e organizações.

Mário Caetano Pereira, infelizmente já falecido, Alexandre Linhares Furtado, Manuel Antunes, João Rodrigues Pena, João Queirós e Melo e Eduardo Barroso, já anteriormente agraciados, Manuel Abecasis, Joaquim Murta, Manuel Teixeira e Pedro Pimentel são nomes que estarão sempre ligados à primeira linha da transplantação de órgãos e tecidos em Portugal. As instituições onde trabalham ou trabalharam são pólos assistenciais, científicos e académicos da maior projecção no contexto do nosso sistema de saúde. A todos presto homenagem.

A actividade de transplantação é, entre nós, um dos melhores exemplos de bom investimento público, uma referência de topo a nível técnico e um expoente em matéria de cooperação nacional e internacional e de mobilização de vontades solidárias.

A transplantação de órgãos e tecidos é o resultado de um conjunto articulado de acções de âmbito nacional que ultrapassa o limite físico das unidades onde o acto médico se realiza. Isto deve-se à acção dos responsáveis pela coordenação nacional e regional de colheita e de transplantação, tarefa que vários dos homenageados desempenharam ou ainda desempenham. Só por isso, para lá do vosso esforço pioneiro, mereceriam uma palavra de grande apreço.

Mas os resultados em transplantações que nos devem encher de orgulho são também devidos ao trabalho conjunto dos centros de estudo de compatibilidade e ao esforço notável dos Gabinetes Coordenadores de Colheita e de Transplantação.

Permitam-me que dirija uma saudação muito especial aos dadores e às suas famílias, pela imensa generosidade que representa dar, verdadeiramente, uma parte de nós próprios ou de um ente muito querido para que outros possam continuar a viver. É difícil conceber maior acto de altruísmo. Sem dadores não haveria transplantação de órgãos ou tecidos. A participação em grande escala dos Portugueses na doação de órgãos e tecidos projecta-nos internacionalmente e revela a grandeza solidária do nosso povo.

É também em nome dos que beneficiaram ou poderão vir a beneficiar do seu altruísmo e do vosso esforço pioneiro que expresso a todos os homenageados o reconhecimento da República pelo vosso empenho e pela vossa dedicação. Quem resgata uma vida, salva a Humanidade inteira. A vós que, ao longo das vossas vidas, muitas vidas resgataram, dirijo apenas uma, mas muito comovida, palavra: obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.