Bem-vindo à página ARQUIVO 2006-2016 da Presidência da República Portuguesa

Nota à navegação com tecnologias de apoio

Nesta página encontra 2 elementos auxiliares de navegação: motor de busca (tecla de atalho 1) | Saltar para o conteúdo (tecla de atalho 2)
Visita ao Centro de Formação  Profissional de Setúbal,  no âmbito da 6ª jornada do Roteiro para uma Economia Dinâmica dedicada à Educação e Formação Profissional
Visita ao Centro de Formação Profissional de Setúbal, no âmbito da 6ª jornada do Roteiro para uma Economia Dinâmica dedicada à Educação e Formação Profissional
Setúbal, 11 de setembro de 2015 ler mais: Visita ao Centro de Formação  Profissional de Setúbal,  no âmbito da 6ª jornada do Roteiro para uma Economia Dinâmica dedicada à Educação e Formação Profissional

INTERVENÇÕES

Clique aqui para diminuir o tamanho do texto| Clique aqui para aumentar o tamanho do texto
Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Entrega do Prémio Nuno Viegas Nascimento
Coimbra, Fundação Bissaya Barreto, 26 de Novembro de 2009

Senhora Presidente da Fundação Bissaya Barreto,
Senhor Presidente do Grande Conselho,
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Coimbra,
Senhoras e Senhores,

É com muito gosto que me associo a esta cerimónia de entrega do Prémio Nuno Viegas Nascimento, prémio constituído por ocasião do cinquentenário da Fundação Bissaya Barreto. Simbolicamente realiza-se no dia em que a Fundação celebra mais um aniversário.

O Prémio em si e a instituição hoje premiada, a Associação Criança, já seriam razões mais do que suficientes para justificar a relevância desta cerimónia e o interesse do Presidente da República.

Mas acresce que esta é também uma boa oportunidade para dar público testemunho do apreço e da admiração pela obra que esta Fundação tem desenvolvido.

Oportunidade também para relevar a figura do patrono do Prémio, o Eng. Nuno Viegas Nascimento que tive a felicidade de conhecer bem.

A Fundação Bissaya Barreto é uma instituição, a muitos títulos, exemplar. Trata-se de uma iniciativa privada dedicada a suprir carências e dificuldades, a contribuir para a melhoria das condições sociais, em particular dos segmentos mais vulneráveis, como as crianças e os idosos. A sua missão tem sido desempenhada de modo a complementar a acção do Estado, onde ela se revelou insuficiente ou omissa.

Na génese da Fundação há, sem dúvida, o espírito altruísta do fundador, o Prof. Bissaya Barreto. Mas há também o gosto pela iniciativa empreendedora. Iniciativa que não esperou pelo Estado. Ao contrário, foi ela própria um estímulo, uma pressão acrescida para que o Estado respondesse pelas suas responsabilidades. Beneficiou, ao longo destes cinquenta anos, muitas pessoas carenciadas, em particular na região centro.

A atenção à criança, às suas carências, às suas dificuldades, às suas exigências específicas, está no registo genético da Fundação e aí também se revelou o espírito generoso e visionário do Prof. Bissaya Barreto.

O futuro das nossas comunidades locais, das nossas regiões, do nosso País depende da qualidade que soubermos garantir à formação e às condições sociais das crianças.

A Fundação tem sido também inovadora. Não se limitou a oferecer assistência, serviço, apoio. Procurou fomentar a inovação social: para aumentar a eficácia da acção social; e para poder beneficiar segmentos populacionais excluídos.

Vários são os exemplos de iniciativas inovadoras, algumas a gerarem um estimulante efeito-demonstração. É o caso do Instituto dos Surdos de Bencata, é o caso da iniciativa SOS-Mulher, para protecção da mulher sujeita a violência doméstica. O Portugal dos Pequenitos foi precursor de exposições temáticas permanentes dedicadas a promover a cultura e os valores da identidade nacional.

Essa capacidade de empreender e de inovar de que a Fundação tem dado provas é um exemplo para a sociedade civil e um alerta para o Estado.
Exemplo para novas iniciativas privadas que podem inspirar-se na acção da Fundação. Alerta para que o Estado saiba agir como parceiro, aliado e apoiante das iniciativas da sociedade civil que visam melhorar a qualidade de vida dos portugueses.

Tendo permanecido fiel aos princípios e à missão que estão nas suas raízes, a Fundação tem sabido agir sempre de acordo com o seu tempo, isto é, atenta à evolução da sociedade que procura servir e à mutação dos desafios a que tem de responder.

É neste contexto que quero relevar publicamente o contributo do Eng. Nuno Viegas Nascimento que, durante quase três décadas, até meados do ano passado, liderou a Fundação Bissaya Barreto.

Em diversas circunstâncias e ocasiões pude testemunhar as qualidades humanas do Eng. Nuno Viegas Nascimento. Desde logo, pela integridade do carácter, pela lisura do trato, pela transparência na acção, pela fidelidade aos valores, a todos os valores que distinguem quem é credor do respeito público.

Infelizmente abandonou-nos cedo demais, mas deixou uma obra notável e um não menos notável testemunho de vida e de acção.

A criação do Colégio Bissaya Barreto, em meados dos anos noventa, foi um dos marcos da sua obra, adoptando, no ensino básico, um modelo inovador de atenção e dedicação não apenas aos alunos, mas também às suas famílias. Inovador também como escola inclusiva.

A constituição do Instituto Superior Bissaya Barreto, outra iniciativa de referência do Eng. Viegas Nascimento, deu à Fundação a possibilidade de passar a contribuir directamente para a formação a nível universitário, para o estudo e para a pesquisa científica, nomeadamente nas áreas da saúde infantil, da violência doméstica e da gereontologia social.

O Centro de formação jurídica Ferrer Correia, dedicado à formação pós-licenciatura, complementou o edifício universitário da Fundação Bissaya Barreto.

O Prémio hoje atribuído à Associação Criança, uma entidade que, reconhecidamente, tem contribuído para a melhoria da educação infantil, preenche bem um triplo objectivo: prestigiar esta Fundação, honrar o nome do Eng. Viegas Nascimento e incentivar a iniciativa e a acção da sociedade civil nas áreas e temas que correspondem à missão da Fundação Bissaya Barreto.

Iniciei há dias, como é sabido, um novo roteiro dedicado às comunidades locais inovadoras. As iniciativas locais, em particular as que inovam, no domínio económico, social ou cultural, devem ser valorizadas e estimuladas. Há aí um grande potencial por explorar ao serviço do desenvolvimento económico e social das nossas populações. Quer a Fundação Bissaya Barreto, quer a Associação Criança se inserem neste perspectiva que entendo deve ser encorajada pelo Estado.

Felicito, pois, vivamente, a Associação Criança e naturalmente a sua direcção liderada pelo Prof. Doutor João Formosinho, bem como toda a equipa que trabalhou o “Projecto Infância” hoje aqui celebrado com o Prémio Nuno Viegas Nascimento. Que este prémio seja mais um estímulo para continuarem a trabalhar na defesa de uma escola cada vez mais qualificada e apetrechada para formar as crianças do nosso tempo.

Uma palavra final que quero dirigir à Fundação Bissaya Barreto, na pessoa da sua Presidente, Dra. Patricia Viegas Nascimento. Persistam na vossa missão, mantenham vivo o espírito de servir, de inovar e de empreender, fortaleçam os laços com as comunidades que vos são próximas.

Porque o vosso contributo é uma mais valia para a sociedade inclusiva que desejamos para Portugal.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.