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INTERVENÇÕES

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Intervenção do Presidente da República na Sessão de Encerramento do V Encontro Nacional de Inovação COTEC 2008
Porto, 2 de Junho de 2008

Senhor Presidente da Direcção da COTEC Portugal,
Senhores Empresários e Gestores,
Minhas Senhoras e meus Senhores,

É com muita satisfação que estou presente neste V Encontro COTEC, que este ano tem por tema de reflexão a problemática do reforço da inovação empresarial.

Estou certo de que o encontro de hoje proporcionará um excelente contributo para a abordagem desta questão e um estímulo aos empresários e gestores aqui presentes.

O reforço da inovação empresarial continua a ser um tema central a nível europeu e um objectivo comum a todos os países. De facto, no próprio centro da estratégia renovada de Lisboa coloca-se a questão de saber que medidas podem promover o aumento da eficiência do processo de inovação, de modo a conseguir resultados concretos e palpáveis em termos de novos produtos e serviços, menores custos operativos e mais emprego nos sectores de elevada intensidade tecnológica.

Trata-se, reconhecidamente, de uma questão determinante para o posicionamento das empresas e das economias europeias no contexto competitivo global do presente e, sobretudo, do futuro.

Em Portugal, e apesar dos progressos observados nos últimos anos, em alguns sectores, o desempenho da inovação empresarial continua a situar-se bastante aquém da média europeia.

Esta constatação é manifestamente preocupante e contrasta, de resto, com o progresso do investimento público em actividades de investigação.

Senhores Empresários e Gestores,

O desempenho recente da nossa economia e os acrescidos desafios que o futuro deixa antever não nos permitem outra alternativa que não seja a de aprofundar a transição para um novo modelo de crescimento económico, baseado na utilização do conhecimento e na inovação. Ora, isso exige, e com sentido de urgência, o reforço do investimento nestas áreas.

É sabido que a situação conjuntural da economia portuguesa, assim como as limitações da procura, tendem a condicionar os níveis de investimento em inovação. Mas é também sabido que a melhor forma de suavizar o impacto de flutuações conjunturais e de assegurar o potencial de crescimento económico passa por uma aposta forte na resolução das debilidades estruturais das empresas e da economia portuguesas.

As dificuldades associadas à dimensão das empresas, especialmente no caso das PMEs, assim como as restrições no acesso ao conhecimento, às novas tecnologias, aos mercados, aos recursos qualificados e aos parceiros certos, para além da insuficiente capacidade de financiamento, têm sido apontadas como as principais justificações para as nossas empresas não abraçarem com maior entusiasmo e profundidade os processos de inovação.

Nas últimas duas décadas, tem-se registado uma profunda evolução na maioria das instituições do sistema científico nacional, cujos resultados tenho acompanhado através dos Roteiros para a Ciência.

A par do desenvolvimento e do reforço das capacidades e competências dos centros de investigação, verifica-se um aumento significativo quer do número de investigadores qualificados quer da produção de conhecimento científico dirigido aos sectores produtivos.

As instituições científicas portuguesas passaram a dar resposta a muitos dos problemas que lhes são colocados pelas empresas.

Assiste-se, de resto, à progressiva internacionalização da investigação nacional, como reflexo da integração crescente dos nossos investigadores em redes científicas internacionais.

Considero que o sistema científico nacional tem vindo, de facto, a evoluir no sentido de abrir as suas portas ao mercado. E é de notar que esta maior convergência dos interesses de investigadores e das suas instituições com as necessidades do mercado e das empresas está já a ser traduzida em benefícios reais. O resultado desta aproximação tem sido a criação de tecnologias portuguesas que hoje são referências mundiais de valor incontestável e, não menos importante, a criação de relações estáveis e profícuas com as empresas suas parceiras.

Parece, por isso, paradoxal que, apesar dos exemplos positivos, a cooperação entre as instituições dos sistemas científico nacional e as empresas se tenha mantido, no geral, em níveis limitados, sobretudo tendo em conta o potencial de oferta de conhecimento do sistema científico hoje disponível e a necessidade de as empresas se manterem competitivas.

Convido, por isso, os senhores empresários e gestores a tomar a iniciativa e a conhecer mais de perto o dinamismo e as capacidades das nossas instituições científicas.

É hoje cada vez mais evidente que a inovação constitui um processo que se desenvolve a partir de redes de conhecimento e de competências, muitas delas situadas no exterior das próprias empresas.

Tenho tido a oportunidade de conhecer exemplos de empresas portuguesas que já se integram, ou são elas próprias orquestradoras, em redes de inovação com sucesso, demonstrado, na prática, pela criação de valor accionista.

Tenho constatado, igualmente, que as novas empresas de base tecnológica e forte vocação inovadora nascem já com uma dinâmica internacional, e que ambicionam estar, sem receios nem complexos, entre as melhores do mundo nos seus mercados.

As grandes empresas portuguesas envolvidas em processos de internacionalização poderão ter aqui um papel relevante, ao facilitar o caminho aos jovens empreendedores, tal como acontece noutras economias europeias. Encontrarão certamente um retorno positivo adicional nesse apoio à internacionalização do capital tecnológico e do capital do conhecimento.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Tenho sublinhado a importância de distinguir os bons exemplos e premiar o mérito.

Nos últimos dois Encontros, tive a oportunidade de entregar o Prémio COTEC PME Inovação. Um prémio que distingue a ambição e a coragem. Que premeia a capacidade de ver diferente, fazer diferente e fazer melhor, de identificar oportunidades e de enfrentar riscos para as conquistar. Que valoriza aqueles que atingem resultados que muitos afirmavam impossíveis ou inalcançáveis em Portugal.

A este propósito, confidencio-vos o sentimento de orgulho com que os premiados me têm falado desta distinção, em boa hora promovida pela COTEC.

Este ano, foi com muita satisfação que entreguei um novo prémio, dedicado à melhor inovação de produto. Felicito vivamente os galardoados.

Aproveito esta oportunidade para anunciar que os premiados do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa, escolhidos entre várias dezenas de candidatos, são Carlos de Mattos, dos Estados Unidos da América e Fernando Ferreira, da Austrália, em “ex-aequo”, a quem, desde já, saúdo, e a quem irei entregar os respectivos prémios no próximo dia 9 de Junho, nas cerimónias oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Senhores Empresários e Gestores,

Atravessamos actualmente um período de particular incerteza, decorrente, em larga medida, de choques económicos e financeiros externos.

Sei que as dificuldades e os factores de incerteza que rodeiam a presente fase do desenvolvimento da nossa economia podem levar a algum desânimo, mas é importante que se reconheça que há soluções e que essas soluções estão ao nosso alcance.

E a verdade é que muitos dos problemas que hoje se colocam a nível global trazem consigo novas oportunidades em matéria de investigação e inovação.

Acredito nas vossas potencialidades e nas vossas organizações empresariais. Tenho, por isso, confiança no futuro. Mas sei que esse futuro só será sustentável se hoje assumirmos, com atitude de ambição, a nossa responsabilidade conjunta na solução dos problemas económicos e sociais que Portugal enfrenta.

Por isso, saliento, uma vez mais, a importância do esforço de cooperação entre as empresas, os cidadãos e o Estado. Neste fórum de inovação da COTEC, esta é uma interpelação urgente que se coloca à vossa experiência e às vossas competências específicas. Portugal necessita, mais do que nunca, de novas abordagens empresariais para resolver as persistentes fragilidades com que ainda se defronta. Portugal precisa de vós.

Obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.