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INTERVENÇÕES

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Intervenção do Presidente da República na Sessão de Encerramento das Comemorações do 60º Aniversário do Laboratório Nacional de Engenharia Civil
LNEC, Lisboa, 13 de Novembro de 2007

Senhor Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional,
Senhor Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações,
Senhor Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,
Senhor Presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil,

É com muito gosto que participo nesta cerimónia de comemoração dos 60 anos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

As múltiplas iniciativas que pontuaram, ao longo deste ano, as comemorações que agora se encerram divulgaram a história desta instituição, o modo como soube servir a sociedade e marcar a sua presença na evolução do País.

Afirmando-se desde muito cedo como um organismo de vanguarda no panorama nacional da investigação científica e da inovação tecnológica, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil agregou centros de investigação, conferiu-lhes um traço comum, disseminou o seu saber e tornou-se parte activa da construção das grandes infra-estruturas nacionais.

Estruturou o conhecimento, rasgou horizontes, atraiu competências e talentos, acumulou uma experiência de gerações, criou, enfim, uma sólida cultura técnica e científica que o transformou numa instituição de referência no desenvolvimento do país.

Pioneiro na afirmação das instituições públicas de investigação, o LNEC foi uma autêntica escola para os que aqui encontraram oportunidade de realização profissional, aprofundando saberes e transmitindo valores.

O rigor e a independência técnica que o têm caracterizado confirmam o LNEC como um actor da maior relevância na decisão dos grandes empreendimentos nacionais, merecedor do crédito e da confiança em que assenta a sua projecção nacional e internacional.

Alcançou prestígio além fronteiras como instituição de investigação de referência e grande escola de engenharia. Promoveu a afirmação de novas disciplinas, como a da segurança estrutural e da gestão da qualidade, numa abordagem multidisciplinar que associa a ética à engenharia, e alargou os campos da sua intervenção à avaliação do impacto da tecnologia na vida das sociedades, incluindo as vertentes ambientais, financeiras e sociais.

A estreita ligação às Universidades, bem como a intensa cooperação internacional, potenciando o capital humano e o aproveitamento dos recursos, foram também vertentes marcantes da acção desenvolvida pelo LNEC, na linha do que é hoje aceite como fulcral para a plena realização da missão de escolas e centros de investigação.

O LNEC é um relevante Laboratório de Estado. Permitam-me pois que, nesta ocasião, saliente, uma vez mais, como tenho feito no decorrer do Roteiro para a Ciência, a importância de uma aposta estratégica na ciência e na inovação.

Perante os desafios da competição global, numa era em que a integração dos mercados, as trocas comerciais e os movimentos de capitais são mais intensos do que nunca, a única resposta que nos fará vencedores radica na qualificação das pessoas, no desenvolvimento de uma nova carteira de actividades e de produtos de forte conteúdo tecnológico, na investigação científica, na disseminação das tecnologias de informação e na inovação empresarial.

Apesar do significativo esforço de investimento público em I&D que, nas duas últimas décadas, Portugal tem vindo a fazer, o desempenho nacional, quando comparado com outros Estados-membros da União Europeia, é ainda insuficiente, tanto ao nível da qualificação dos portugueses, como dos padrões de investigação e de inovação.
A leitura atenta dos estudos da U.E. e da OCDE mostram-nos que, mais do que de um baixo investimento em I&D, a raiz dos nossos problemas nasce principalmente da ineficiência desse investimento e do desequilíbrio da sua composição, de perfil preponderantemente público, com reduzido investimento privado.

É por isso que, em matéria de I&D, não basta fazer mais; precisamos, sobretudo, de fazer melhor.

Precisamos de reconhecer o mérito, a excelência e a capacidade de aplicar conhecimento.

Precisamos de uma intensa cooperação entre o mundo académico e o tecido empresarial, de modo a explorar o valor comercial dos bons resultados da investigação.

Precisamos de massa crítica nas unidades de I&D, indispensável à internacionalização do nosso sistema científico.

Precisamos, igualmente, de mais investigadores e de mais pessoas envolvidas nas actividades da economia do conhecimento, participando em redes internacionais e numa acrescida dinâmica de mobilidade.

O Prémio Manuel Rocha, hoje aqui entregue a cinco investigadores do LNEC, a quem felicito muito especialmente, tem evidenciado alguns dos que mais se têm distinguido neste percurso árduo e muito competitivo.

O LNEC, com os seus 60 anos de história, tem-se afirmado como um bom exemplo de excelência, internacionalização e cooperação com o sector privado.

Não é por acaso que um organismo como este se afirma como instituição e se constitui referência ao longo de décadas. Foi um processo de construção permanente, determinado por lideranças fortes, como o demonstra a simples consulta da vida e obra dos seus Directores. Não só como homens da ciência e da técnica, mas também como humanistas, no sentido da plena consciência da importância da sua acção sobre a sociedade e da criteriosa aplicação dos meios públicos ao serviço de todos.

Um organismo que comemora seis décadas de existência e que mantém um lugar distinto no panorama nacional tem uma grande responsabilidade, não só quanto ao dever de mostrar como se adaptou aos múltiplos contextos que se foram sucedendo, mas também quanto ao modo como perspectiva o seu futuro, respondendo às exigências do mundo moderno e ganhando robustez crescente num palco cada vez mais globalizado.

Não há respostas pré-definidas à necessidade de adaptação. As estruturas institucionais têm, em todo o caso, de conservar a flexibilidade suficiente para não serem atingidas por sobressaltos que provoquem rupturas difíceis de sanar, tal como não poderão cristalizar em modelos convencionais, na falsa confiança de que o esplendor do passado lhes perdoará o abrandar do ritmo no presente.

Uma sociedade precisa de instituições de que possa orgulhar-se. Deve apoiá-las quando precisam, reconhecer o seu esforço e dar-lhes o devido mérito. Só assim incentivará outros a seguirem-lhes os passos, permitindo que façam parte do traço de união que liga as diferentes gerações pelos laços culturais e por um passado de realizações digno de memória.

A história do LNEC é uma história de luta pela afirmação de novas mentalidades, recusando fechar-se nas vicissitudes que a poderiam tolher.

Abrindo-se à sociedade, desperto para as exigências do futuro, tem sido uma instituição capaz de servir o País, prestando serviço, estabelecendo parcerias, participando com coragem na resolução dos problemas que o desenvolvimento sempre acarreta.

Tudo isto lhe traz, repito, uma enorme responsabilidade, à medida do seu prestígio e do nome que conseguiu firmar no seu território de actuação. Uma grande responsabilidade para aqueles que dirigem o LNEC e nele trabalham, a quem cabe a preservação dos seus valores e da sua credibilidade.

O LNEC é uma instituição de que os portugueses se orgulham e é importante que assim continue a ser no futuro.

Comemorar os 60 anos do LNEC não é apenas fazer jus à capacidade de vencer resistências, à coragem de aliar o rigor científico à ética e à inovação tecnológica. É também prestar homenagem a todos os que lhe têm dedicado a vida e o talento, num trabalho profícuo que marcou e que, por certo, continuará a marcar muitas gerações de engenheiros, cientistas e portugueses.

A todos os que aqui trabalham, os meus parabéns e os votos de que as próximas décadas possam continuar a beneficiar da realização plena da nobre missão que vos está confiada.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.