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Cerimónia de agraciamento do Eng. António Guterres
Cerimónia de agraciamento do Eng. António Guterres
Palácio de Belém, 2 de fevereiro de 2016 ler mais: Cerimónia de agraciamento do Eng. António Guterres

PRESIDENTE da REPÚBLICA

INTERVENÇÕES

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Intervenção do Presidente da República na Universidade de Estudos Internacionais de Xangai
Xangai, República Popular da China, 14 de maio de 2014

É para mim uma grande honra ser recebido na Universidade de Estudos Internacionais de Xangai. Quero, por isso, agradecer o convite que me dirigiram para encerrar este Seminário, uma iniciativa conjunta da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai e do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua. Quero agradecer ainda a calorosa hospitalidade com que esta comunidade académica recebeu a delegação portuguesa que me acompanha na Visita de Estado à China.

A excelência dos intervenientes neste colóquio vem enriquecer, de uma forma muito particular, a reflexão sobre um tema de grande atualidade. Desde há muito que tenho manifestado especial interesse pela questão central deste colóquio, «O valor das línguas». Nos diversos contactos que tenho mantido, em Portugal e no estrangeiro, tenho procurado sublinhar o valor da aprendizagem das línguas e, em especial, a importância e o potencial da língua portuguesa.

A lusofonia, enquanto ativo de Portugal no Mundo, é uma valia estratégica do nosso país. Neste contexto, a língua e a cultura devem ser encaradas como dois eixos que se reforçam mutuamente. A língua é o veículo de uma cultura; a cultura, na sua riqueza e diversidade, reflete a densidade da linguagem.

Pelo facto de ser uma língua partilhada por diferentes países e culturas, em continentes diversos, a língua portuguesa reveste-se, atualmente, de um acrescido valor cultural, económico e geopolítico. Contudo, o potencial da língua portuguesa não constitui uma realidade inteiramente nova.

A verdade é que, durante séculos, o português foi a língua de negócios em África e na Ásia. Era, de igual modo, um importante veículo de conhecimento. Nesta primeira globalização, a língua portuguesa revelou também a capacidade de se assumir como um instrumento de comunicação entre povos com visões do mundo muito diferentes. Há 500 anos, o português tornou-se uma língua global.

A língua portuguesa retém esta pluralidade, enriquecida diariamente nas ruas de Lisboa, Brasília, Maputo ou Díli. Língua oficial de cerca de 250 milhões de pessoas, o português é um dos idiomas em maior expansão no Mundo, dos mais utilizados na Internet. O português, importa sublinhá-lo, é a língua mais falada no hemisfério sul do planeta. Em simultâneo, é língua oficial de várias organizações internacionais, incluindo a União Europeia, a União Africana e a Comunidade Ibero-Americana. A escala global do português é ainda reforçada pelas diásporas dos diversos países de língua portuguesa.

Aquando da Presidência portuguesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a escolha do tema “A Língua Portuguesa: Património Comum, Futuro Global” para a Cimeira que teve lugar em Lisboa, em 2008, procurou lançar a reflexão sobre a importância da conjugação de esforços na prossecução de políticas que projetassem a Língua Portuguesa internacionalmente. Aqui se preparou o caminho para a adoção do Plano de Ação de Brasília e, mais recentemente, do Plano de Ação de Lisboa, que estabeleceram um conjunto de estratégias conjuntas para a promoção e a difusão da língua portuguesa. O Plano de Ação de Lisboa definiu duas grandes áreas de incidência: a língua portuguesa no reforço do empreendedorismo e da economia criativa; e a língua portuguesa no desenvolvimento científico e na inovação.

Com efeito, no contexto da globalização contemporânea, a língua deve ser valorizada, também ela, enquanto vantagem competitiva. Assim se compreende, por exemplo, o interesse que a aprendizagem do português suscita na China, dado o elevadíssimo nível de empregabilidade que o conhecimento da língua portuguesa aqui garante.

As universidades, cada vez mais, têm-se revelado agentes privilegiados na projeção internacional da língua e da cultura portuguesa. Neste contexto, cabe naturalmente realçar a importância da cooperação entre as academias portuguesas e chinesas, nas mais diversas áreas do saber.

A prestigiada Universidade de Estudos Internacionais de Xangai tem-se distinguido pelo seu dinamismo na cooperação com diversas universidades portuguesas de excelência, criando extensas e muito profícuas redes de conhecimento. A aposta num Centro de Estudos de Portugal e a promoção de iniciativas como o colóquio que agora se encerra comprovam o papel que a língua portuguesa aqui detém e o potencial que lhe é reconhecido.

Saúdo vivamente estas iniciativas e, em particular, a organização deste colóquio, pelo sucesso alcançado. Faço votos para que este Seminário, de elevadíssimo nível académico, reforce o crescente interesse pelas questões relacionadas com o valor das línguas e, em especial, permitam-me que o sublinhe, pelo valor estratégico da língua portuguesa.

Muito obrigado. Xié, xié.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.