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Rio Maior, 3 de fevereiro de 2016 ler mais: Visita às salinas

PRESIDENTE da REPÚBLICA

INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República por ocasião do Almoço oferecido pelo Presidente do Governo de Espanha
Madrid, 26 de Setembro de 2006

Senhor Presidente

Quero, antes de mais, agradecer, também em nome de minha mulher e no de toda a comitiva que me acompanha, o amável convite para este almoço, bem como as palavras que acaba de proferir. Permita-me, ainda, Senhor Presidente, que agradeça a sua mulher, Senhora D. Sonsoles Espinosa, ter querido honrar-nos com a sua presença nesta ocasião.

Partilho com Vossa Excelência a avaliação que faz sobre o nosso relacionamento bilateral e o desejo de uma cooperação ainda mais estreita entre os nossos dois países.

As Cimeiras luso-espanholas permitiram o desenvolvimento de um quadro de diálogo, cooperação e concertação que abrange múltiplos sectores da governação. A nossa relação bilateral é hoje caracterizada por um elevado grau de interdependência. Como venho dizendo, “nada do que acontece em Espanha é irrelevante para Portugal e nada do que acontece em Portugal é irrelevante para Espanha”.

No domínio económico, Espanha é o nosso principal parceiro. Exporta para Portugal mais do que para toda a Ásia, para a América Latina, para a América do Norte, ou para o conjunto dos novos membros da União Europeia. Segundo um estudo recente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola, Portugal conta com cerca de 1050 empresas de capitais espanhóis, facturando mais de 13 mil milhões de euros.

No domínio do investimento, Espanha liderou o investimento estrangeiro em Portugal, em anos recentes, e Portugal está entre os maiores investidores em Espanha. Terei, aliás, oportunidade de, nas Astúrias, visitar a Hidrocantábrico, o maior investimento português neste país.

No plano cultural, nunca o nosso relacionamento foi tão intenso. Nunca se aprendeu e falou tanto espanhol em Portugal, nem tanto português, em Espanha; nunca tantas obras literárias foram traduzidas. No quadro europeu, Espanha é, de longe, o destino preferido dos portugueses que beneficiam dos programas Erasmus e Leonardo da Vinci.

Apraz-me registar, ainda, o nível de cooperação entre as nossas zonas fronteiriças, que muito contribui para o desenvolvimento sustentado dessas regiões. Trata-se de um vector fundamental das relações entre vizinhos.

Também no domínio da ciência e tecnologia, que tão importante é para vencermos os desafios do mercado global, Portugal e Espanha têm reforçado consideravelmente a sua cooperação. Os resultados da Cimeira Luso-Espanhola de 2005 permitem equacionar novas parcerias: a próxima criação e operação conjunta de um Instituto de Investigação, com sede em Braga, será um exemplo particularmente emblemático.

Em síntese, dispomos de uma base de relacionamento que nos permite ser ambiciosos quanto ao futuro.

O potencial é imenso. Num mundo globalizado e perante um projecto de integração tão exigente quanto a União Europeia, os nossos dois países só têm a ganhar se explorarem as sinergias que resultam de projectos comuns.

Enfrentar o futuro implica dar resposta ao repto da competitividade global. E ganhar este desafio depende, em muito, da qualificação dos nossos recursos humanos, do desenvolvimento tecnológico, da investigação científica e da capacidade de inovação.

Aproveitar as oportunidades proporcionadas pelos programas da União Europeia e promover a mobilidade universitária, as parcerias entre instituições científicas e empresas de base tecnológica, intensificar a partilha de resultados científicos, de modo a traduzi-los em valor económico e social, deverão ser prioridades nas relações entre os nossos dois países.

Procurei que a comitiva que me acompanha reflectisse a minha convicção da importância do estreitamento dos nossos laços nas áreas de investigação científica e tecnológica e da inovação. Comigo estão jovens cientistas e empresários que são exemplos da excelência do trabalho que, nestes domínios, se está a desenvolver em Portugal.

Vencer o desafio da “Agenda de Lisboa” implica um enorme, mas necessário esforço por parte dos nossos países. A acção impulsionada pelos dois Governos é fundamental, mas não é suficiente. É preciso envolver cada vez mais a sociedade civil e o tecido empresarial.

Senhor Presidente

Já referi a necessidade de promover uma cooperação que permita melhor fazer valer os nossos interesses na União Europeia. A concertação de posições, sempre que estejam em causa interesses comuns, deve continuar a ser apanágio do relacionamento entre os nossos países.

A integração dos nossos países na União Europeia é uma história de sucesso. Sendo certo que o nosso desenvolvimento económico e social muito deve à integração europeia, importa sublinhar que a União Europeia também beneficiou muito com a adesão de Espanha e de Portugal, como tive oportunidade de referir no meu discurso de ontem à noite.

A União Europeia tem que estar à altura das legítimas expectativas que gerou junto dos cidadãos europeus. Os europeus pedem soluções europeias para muitos dos problemas que os afligem, como sejam a insegurança e o desemprego.

O mesmo se pode dizer relativamente à imigração ilegal. Esta é uma questão que necessita de uma resposta europeia. Uma resposta no domínio do controlo de fronteiras, mas também, como a Espanha e Portugal vêm lembrando, que vá ao âmago do problema: o desenvolvimento económico e social dos países de onde provêm estas massas de deserdados. Permito-me recordar a importância, neste contexto, do diálogo euro-africano e da realização, durante a próxima Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, da II Cimeira União Europeia-África.

A menos de um ano da terceira Presidência Portuguesa da União Europeia, estou certo de que encontraremos na Espanha um parceiro e um aliado na defesa dos interesses europeus, em particular na promoção de uma Europa aberta e solidária, mais próxima dos seus cidadãos e mais capaz de dar resposta aos seus anseios.

Muito obrigado

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.