O Presidente da República enviou uma mensagem ao XI Congresso Nacional de Radiodifusão, que decorre em Vila Real, entre os dias 14 e 16 de Novembro.
É o seguinte o teor da mensagem do Presidente:
"Saúdo todos os participantes neste XI Congresso Nacional de Radiodifusão, bem como a entidade organizadora, a Associação Portuguesa de Radiodifusão. Apesar de não estar convosco em Vila Real, julgo que as palavras, sobretudo quando são ditas e são sentidas, podem superar a presença física e a imagem. Os profissionais da rádio, mais do que ninguém, conhecem a importância da palavra falada e, por isso, compreendem o que vos possa saudar à distância, e forma muito calorosa.
Nos nossos dias – e ao contrário do que muitos por vezes supunham –, a rádio não perdeu importância enquanto meio de comunicação. Pelo contrário: trabalhos recentes, que todos bem conhecem, concluem que os Portugueses confiam na informação veiculada pela rádio. No «Estudo de Recepção dos Meios de Comunicação Social», a primeira grande investigação sobre a relação dos Portugueses com os «media», a maioria dos inquiridos considerou a rádio como o meio informativo mais credível. Tal não sucede por acaso. Além das naturais funções de lazer e de entretenimento, é inquestionável que a informação radiofónica possui uma elevada credibilidade. Temos, pois, de estar atentos a tudo o que percorre o espaço radioeléctrico. A rádio tem um ritmo próprio, que favorece a reflexão e a profundidade na abordagem dos mais diversos temas. A rádio permite a criação de espaços de diálogo e de contraditório entre os cidadãos como, porventura, nenhum outro meio de comunicação de massas. A rádio permite chegar aos públicos mais variados e é um dos principais instrumentos de contacto de muitos Portugueses com a realidade nacional e internacional.
A isenção e o pluralismo da comunicação social são valores essenciais da qualidade da nossa democracia. Tenho abordado esse tema em diversas intervenções e hoje a ele regresso, pois considero que a comunicação social tem também um papel a exercer nesta batalha pela qualidade da democracia. Sem ceder à demagogia ou a populismos fáceis, temos de lançar um debate sereno e objectivo sobre este assunto, um debate para o qual os meios de comunicação terão de ser necessariamente convocados. Porque a democraticidade de um regime não passa apenas pelas instituições formais ou pelos agentes políticos. A democraticidade de um regime exige e pressupõe o pluralismo informativo, a independência dos meios de comunicação social, a imunidade dos jornalistas a pressões ilegítimas. Da parte dos poderes públicos, existe um dever essencial: não interferir, directa ou indirectamente, no exercício livre da actividade jornalística; da parte dos meios de comunicação e dos seus profissionais, exige-se uma atitude de responsabilidade e de firme defesa da sua independência e da sua liberdade.
A rádio tem sabido manter a isenção, a qualidade e o pluralismo. Por isso, merece a confiança dos Portugueses. E, também por isso, merece o meu maior e mais caloroso apreço.
Aníbal Cavaco Silva"
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.