Imagem de Luís Vaz de Camões
10 de junho
Domingo
  • 09:45
    Homenagem aos Militares Mortos, com colocação de coroa de flores no Monumento aos Combatentes
  • 10:00
    Cerimónia Militar comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
  • 11:30
    Sessão Solene comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
  • 13:00
    Cerimónia de largada da etapa de Lisboa da Regata Volvo Ocean Race
  • 19:00
    Sessão de Apresentação de Cumprimentos do Corpo Diplomático
  • 20:30
    Jantar oferecido pelo Presidente da República, por ocasião das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
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Lisboa

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“Lisboa pertence ao número raro das cidades maravilhosas do mundo antigo, que saíram dele envoltas de mistério e de perfume lendário, e entraram no mundo moderno fadadas para grandes cousas”.

Lisboa vem de longe, de muito longe. A fundação deu-se há mais de 3000 anos. Com D. Afonso Henriques, em 1147, abre-se um novo capítulo na sua história. Em Quinhentos, o Tejo impera sobre o mundo. E ninguém esquece esse 1.º de Novembro de 1755 em que a terra, a água e o fogo tomaram conta da cidade.

Lisboa é este rio imenso, este horizonte de apelos sem fim. Não se pode nascer nesta toalha de água, larga e calma, sem ficar marcado de um anseio de partir e de tornar. Nem só de glórias vive esta cidade, que conheceu tantos desastres, incêndios, pestes, terrores e violências, e a pior de todas as desgraças, a pobreza e o desleixo.

Mas o Tejo lava a cidade de mágoas e leva as águas para o mar. A alma de Lisboa é feita de maresia. A sua luz cresce por cima das sete colinas, saltitando nos cantos e recantos das ruas e ruelas, das calçadas e travessas, que acabam por vezes, subitamente, num espairecimento do rio.

Lisboa é dos poetas. “Que bom seria tê-los a uma mesa / De café comparando as emoções / E a descobrirem novas relações / Entre o seu fado e a língua portuguesa”. Em Abril, a poesia esteve na rua e fez-nos emergir da noite e do silêncio. A Liberdade abriu-nos a vida.

Em Lisboa, há mais de 140.000 estudantes do ensino superior. E muitos outros vêm da Europa, do Brasil, de África, de todas as partes. É preciso compreender o alcance desta realidade. A energia do conhecimento está a transformar a cidade. É este o seu futuro.

Lisboa é mulher, sempre desenhada como figura feminina. Seu nome próprio: Maria. Seu apelido: Lisboa. É Mátria. E há-de ser Frátria. Penso nos outros, logo existo. A solidariedade tem de bater no coração da cidade.

Lisboa é porto de abrigo. Aqui chegou muita gente. Daqui partiu muita gente. E partir é sempre mais importante do que chegar. Aqui acaba a Europa e começa o mar. Pelo Tejo vai-se para o mundo.
 

António Nóvoa
Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas


(*) O texto é redigido em homenagem a autores que escreveram sobre Lisboa. Aproprio-me das suas palavras. Apenas coloco entre aspas as duas citações mais longas, de Norberto de Araújo (1.º parágrafo) e de Vasco Graça Moura (5.º parágrafo). Presentes estão ainda Damião de Góis, José Rodrigues Miguéis, Raul Proença, Manuel da Fonseca, Maria Isabel Barreno, Sophia de Mello Breyner, David Mourão-Ferreira, Natália Correia, José Gomes Ferreira e Fernando Pessoa.