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10º aniversário da Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras – Raríssimas
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Lisboa, 28 de Setembro de 2012 ler mais: 10º aniversário da Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras – Raríssimas

INTERVENÇÕES

Intervenções da Dra Maria Cavaco Silva

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Lançamento do Serviço Municipal de Apoio ao Voluntariado da Câmara Municipal do Porto (1)
Lançamento do Serviço Municipal de Apoio ao Voluntariado da Câmara Municipal do Porto (2)
Lançamento do Serviço Municipal de Apoio ao Voluntariado da Câmara Municipal do Porto (3)
Lançamento do Serviço Municipal de Apoio ao Voluntariado da Câmara Municipal do Porto (4)

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INTERVENÇÕES

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Intervenção da Dra. Maria Cavaco Silva na Cerimónia de lançamento do Serviço Municipal de Apoio ao Voluntariado da Câmara Municipal do Porto
Porto, 14 de Junho de 2007

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Rio
Minhas Senhoras e Meus Senhores,

É-me particularmente grato estar presente no lançamento do novo Serviço Municipal de Apoio ao Voluntariado da Cidade do Porto.

Por várias razões. E talvez a primeira seja mesmo o facto, não muito habitual, de ser uma câmara municipal a lançar este serviço.

Ao fazê-lo, está a interpretar o sentimento mais profundo e a disponibilidade que milhares de cidadãos portuenses têm vindo a demonstrar para ajudar a sua comunidade, os seus próximos, os seus vizinhos que, de alguma forma, precisam de uma mão amiga, de um afecto, um minuto de atenção.

O mais difícil por vezes é dar o nosso tempo aos outros, porque a correria do quotidiano torna o tempo um bem precioso, porque escasso.

Mas uns breves minutos dados ao outro que às vezes só precisa de falar ou de ser escutado, faz tanta diferença numa vida solitária ou sofrida.

Trata-se de uma iniciativa simples, julgo que financeiramente comedida, mas que pode alcançar uma dimensão difícil de imaginar pelo impacto que poderá ter na vida das pessoas, quer para os que se disponibilizam para uma acção de voluntariado, quer para os que beneficiam dessa dádiva humana que parece tão simples mas pode ir tão longe e tão fundo na alma de quem dá e de quem recebe.

É afinal uma troca sem contabilidade de números.

Muitas vezes – eu diria que a maior parte das vezes – a acção de uma Autarquia é avaliada pela dimensão da “obra” legada por uma determinada gestão camarária. Esta obsessão pelas grandes obras, daquelas que deixam marcas na paisagem urbana e obrigam-nos a lembrar, ou algumas vezes a tentar esquecer, quem a erigiu, atiram para o nível da insignificância mediática os pequenos gestos como este que estamos hoje aqui a lançar.

Eu sei que são as grandes obras que enchem o olho de quem passa, mas são estes pequenos gestos que enchem o coração de quem sofre.

É precisamente por isso que estou grata por me terem deixado partilhar convosco esta iniciativa.

Uma outra razão prende-se com a ideia de voluntariado e com a assinalável generalização que a sua prática vem revelando na sociedade portuguesa, especialmente entre as gerações mais novas. É um bom sinal que nos alimenta a esperança numa sociedade mais justa, mais participada e mais solidária.


A prática do voluntariado é um dos pilares fundamentais do que se designa de cultura cívica, da consciência interiorizada de que a plena expressão dos direitos só tem sentido quando sustentada na concretização responsável dos deveres.

Essa é a cidadania necessária para que a sociedade portuguesa possa ser mais solidária e socialmente mais coesa.

O voluntariado não pode ser só entendido como uma dádiva, como uma atitude altruísta e filantrópica. Eu entendo-o como um acto de justiça daqueles que, tendo beneficiado das oportunidades que a sociedade pôs à sua disposição, entendem ser chegada a altura de poder retribuir a essa mesma sociedade um pouco do seu sucesso, da sua iniciativa, do seu bem-estar, em benefício daqueles que, por tantas razões difíceis de enumerar e muitas vezes mesmo de compreender, não puderam ou não souberam aproveitar oportunidades semelhantes.

É tempo de não deixar para o Estado a responsabilidade exclusiva do combate à pobreza e à exclusão social. Esse é um desafio cujo desfecho, para ser bem sucedido, exige do cidadão comum um pouco mais da sua atenção e da sua disponibilidade. Do seu tempo, afinal.

Foi esse o sentido da proposta de um “compromisso cívico para a inclusão social” que o meu marido quis fazer aos portugueses. É uma causa a que não podemos ficar alheios, porque a todos diz respeito, porque a todos responsabiliza.

Eu sei que o Povo Português é um Povo solidário e são já muitas as respostas a esse apelo.

Tenho-o visto nos muitos contactos que o meu “voluntariado” pessoal, a partir da Presidência, me tem proporcionado.

Mas se há uma participação crescente nas causas humanitárias, e isto é um facto, perderam-se os laços de vizinhança e família alargada que eu ainda conheci. Concretamente nas aldeias onde passava férias no Algarve e na minha “aldeia de Lisboa”, o bairro de Campo de Ourique.

Isto significa que as pessoas estão mais sozinhas, principalmente nas cidades.

Isto significa que este Serviço Municipal de Apoio ao Voluntariado da Cidade do Porto faz muita falta e faz todo o sentido.

Portanto só me resta desejar, de todo o coração, o sucesso a esta iniciativa que estamos a lançar hoje aqui.

Gostaria que este exemplo se multiplicasse pelo meu país fora.

Foi-me muito grato estar hoje convosco, num momento que é tão importante para a leal, invicta e agora mais solidária Cidade do Porto.

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