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Visita ao Serviço de Pediatria do Hospital Central de Maputo
Visita ao Serviço de Pediatria do Hospital Central de Maputo
Maputo, Moçambique, 19 de Julho de 2012 ler mais: Visita ao Serviço de Pediatria do Hospital Central de Maputo

INTERVENÇÕES

Intervenções da Dra Maria Cavaco Silva

INTERVENÇÕES

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Cerimónia da 13ª Edição do Prémio Mulher Activa
Hotel Pestana Palace, 27 de Maio de 2013

Desde 2006 que partilho convosco a alegria da atribuição do Prémio Mulher Activa.

É difícil encontrar palavras novas para esta celebração tão importante para as mulheres em Portugal.

Mas talvez não seja assim tão vital encontrar palavras novas, porque aqui o verdadeiramente importante não é o que se diz, mas sim o que se faz e o que se tem celebrado desde o ano 2000, quando a revista feminina mais conhecida e apreciada pelas mulheres portuguesas teve a ideia deste prémio, que passou logo a fazer parte das coisas boas que acontecem entre nós.

Porque as muitas mulheres que ao longo destes anos têm passado aqui, como concorrentes ou vencedoras, não são afinal mulheres de muitas palavras, mas de muitos feitos.

Eu diria mesmo que à medida que o tempo passa e as coisas se têm tornado cada vez mais difíceis para a nossa comunidade, que vive dificuldades como já tínhamos pensado que não viveríamos de novo, as nossas heroínas do quotidiano não têm perdido ânimo nem imaginação para lutar contra aquilo que está errado, e para construir aquilo que está certo.

Em áreas muito diversas, mas cujo ponto comum é o facto de ser precisamente lá que fazem falta almas de boa vontade e muito bem preparadas.

Voluntariado, sim, mas a nossas mulheres activas não partem para o terreno sem uma forte consciência do que as espera e sabendo muito bem o que vão fazer. Querem resultados, querem ver crescer a dignidade de todos aqueles a quem dedicam o seu tempo e os seus talentos.

Elas dão-nos exemplos de coragem. Não é fácil lutar contra a violência doméstica, que tem entre nós uma forte tradição de intimidade que não deve ser perturbada. Entre marido e mulher…

Margarida Martins sabe que em Portugal todos os anos sobe o número de mulheres de todas as idades mortas às mãos de maridos, companheiros, namorados muito jovens, ex-companheiros, familiares.

Os números são assustadores e quem os segue deve espantar-se, como eu me espanto sempre: como é possível? No nosso tempo? Na nossa terra?

Mas esta realidade assustadora, não desmotivou a nossa Margarida.

A sua estadia em Inglaterra mudou-lhe a visão do mundo e hoje muito do que consegue é porque aprendeu a ir directamente ao assunto, sem se perder em rodeios tão caros aos latinos.

Das minhas recordações de infância guardo memórias de um povo onde os dentistas eram um luxo. Nas aldeias então, se o médico era muito importante e muito acarinhado pela população, a saúde oral era completamente ignorada.

A primeira vez que, criança ainda, fui ao dentista, e em Lisboa, com uma dor de dentes vim de lá sem o mau da fita, que nem sequer era de leite. A prática era: se dói arranca-se. Por muito jovem que fosse o queixoso.

A minha experiência (e muitas pessoas mais velhas poderão contar histórias semelhantes) faz-me entender bem a importância da ONG que a Mariana ajudou a fundar. O sorriso abre mesmo uma porta para um mundo melhor, como sugere a Isabel Jonet.

Já disse várias vezes em público que gosto muito de sorrisos. É ótimo para quebrar o gelo e aproxima as pessoas.

Todos os anos, quando leio as histórias de vida das nossas candidatas, aprendo muito, mesmo sobre matérias sobre as quais julgo que já tenho umas luzes.

Sendo madrinha da Raríssimas, interesso-me há muito por doenças raras, e infelizmente tenho tido algumas em familiares próximos; mas há sempre surpresas terríveis nesta área e com a Carolina aprendi mais um pouco, agora no campo dermatológico.

Na assistência a crianças em perigo Portugal ocupa um lugar que muito nos orgulha. Carla Semedo tem dedicado a sua vida a dar colo não só à sua Diana mas a muitos meninos e meninas que contam com a ajuda dela para se fazerem à vida.

E a nossa primeira bastonária feminina da Ordem dos Médicos Veterinários traz-nos um olhar mais humano sobre a saúde animal. Gostaria que isto do feminino já não tivesse importância mas ainda tem, principalmente num mundo tão masculino como o da veterinária.

Estamos no século XXI. Temos de aprender que todos fazemos parte do mesmo mundo e que o seu equilíbrio exige respeito entre os homens, mas também entre homens e bichos, usando a terminologia de Miguel Torga.

Para irmos bem mais atrás evocaria o irmão lobo de S. Francisco de Assis.

São estas as nossas finalistas para o Prémio 2012.

Ao longo destes 13 anos passaram por aqui muitas mulheres que nos têm feito crescer como comunidade solidária, activa, eficiente.
Só algumas ganham, mas todas nos fazem sentir um enorme orgulho na força das mulheres do nosso país.

Ganhe quem ganhar, o Prémio Mulher Activa fica sempre em boas mãos, como já nos ensinaram estes 13 anos de experiência.

E nunca é demais chamar a nossa atenção para o facto de o Prémio Mulher Activa arrancar do anonimato mulheres com um trabalho notável em áreas como arte, ciência, empreendedorismo, causas sociais.

Sem ele nunca ouviríamos falar destas centenas de mulheres que têm passado por aqui e a quem todos nós tanto devemos.

O Prémio Mulher Activa é também um acto de gratidão para com esse tesouro escondido que são as nossas formiguinhas laboriosas, que mantêm de pé pessoas e instituições que sem o seu trabalho corriam o risco de ruir.

Muito obrigada a todos (e são muitos) que tornam possíveis estes momentos bonitos que todos os anos vivemos em conjunto.

É com alma comovida que vos digo mais uma vez:
Tenho muito orgulho nas mulheres do meu país.

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