Intervenções da Dra Maria Cavaco Silva
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Hoje estamos todos aqui para fazermos, em conjunto, uma coisa muito simples: vamos pintar um arco-íris num Céu Azul.
Quando interrogadas sobre o mundo que gostariam de ter, as crianças insistiram neste aspecto do arco colorido que no céu marca a velha Aliança entre Deus e o Homem.
Aqui o temos todos no braço, pela mão da Tempus Internacional, o swatch Mundo Perfeito desta campanha que vai ajudar o Movimento ao Serviço da Vida no restauro da casa que a Câmara Municipal de Lisboa em boa hora decidiu, bem haja por isso, disponibilizar para este projecto tão bonito.
Mas os projectos bonitos e simples nascem normalmente de situações menos bonitas e muito mais complicadas.
Como tudo tem solução, é para isso que aqui viemos hoje: para dizer a estas pessoas que dão o seu trabalho e o seu entusiasmo para que tenhamos um mundo melhor, mais solidário e mais fraterno, que estamos todos dispostos a ajudá-las na concretização deste sonho.
Um sonho que é, afinal, um sonho colectivo, uma ambição que é de todos nós, como comunidade solidária que queremos e temos a obrigação social de ser.
Esta é uma ambição cheia de futuro porque tem como alvo um mundo cheio de futuro.
Quando falamos muito de futuro já estamos à espera que se fale de crianças.
Nos Roteiros para a Inclusão, várias vezes o meu marido afirmou:
“Uma sociedade que não trata bem as suas crianças não tem futuro”.
Esta casa vai ser um centro de acolhimento temporário para crianças e jovens em risco, precisamente porque já somos muitos a querer que Portugal seja um país que trata bem as suas crianças.
O Movimento ao Serviço da Vida só foi mais longe na sua ambição de abraçar ao mesmo tempo as crianças em risco e as respectivas famílias. Tarefa que é com certeza difícil, mas de que não vão desistir.
Sabemos – é uma realidade com a qual infelizmente nos vamos confrontando com mais frequência – que também muito de mau acontece nas famílias, por tantas causas desestruturantes que são cada vez mais e mais frequentes na vida moderna. Não é preciso nomeá-las porque todos as conhecemos e hoje é um dia de alegria, queremos só falar de coisas boas.
Dar às crianças em risco uma instituição que lhes dê ambiente familiar, cuidados de saúde, escolaridade, formação a todos os níveis necessários para o seu crescimento saudável, material e afectivamente.
Dar-lhes, enfim, um futuro feliz.
E percebem bem que, nestas circunstâncias, é melhor tentar soluções abrangentes.
Não se desiste de, nesse futuro, incluir as famílias de origem.
Porque se acredita que o que acontece de mau pode ser melhorado.
Porque se privilegia o trabalho de reestruturação dos laços familiares.
Porque se quer apoiar as famílias, ajudando-as no melhor desempenho das suas funções parentais.
Porque se acredita que os laços às vezes podem estar apenas fragilizados, não totalmente cortados.
Porque se acredita, afinal, na força dos afectos.
E nós estamos aqui hoje, também com o nosso afecto, para ajudar a que tudo isto aconteça.
Estes momentos especiais, e vão sendo muitos felizmente, em que nos reunimos com objectivos comuns, fazem-me sempre pensar que afinal é possível “dar a volta a isto”, uma expressão que utilizamos quando queremos do fundo do coração mudar profundamente qualquer coisa.
Depois do que ouvi e do que estou a ver aqui hoje, já não tenho dúvidas.
Com o empenhamento que já referi, mais a boa, a óptima notícia que a Fundação Luís Figo acabou de nos dar, com a garantia que a presença da Comunicação Social, principalmente a RTP, nos dá de que este momento bonito e importante não vai ficar aqui fechado, parto daqui muito tranquila.
Lendo há tempos uma entrevista do Dr. Pedro Sottomayor sobre este projecto, quando ainda lhe faltavam muitos milhares de euros para não perder o edifício que a Câmara tinha posto à disposição do Movimento ao Serviço da Vida, houve uma frase que me fez lembrar a Madre Teresa de Calcutá, que acreditava em Deus, mas também nos homens. À pergunta se acreditava que o financiamento para a recuperação do edifício ia chegar, a resposta foi:
“ - Claro que sim! Não acredito noutra coisa.”
Todos nós estamos aqui hoje porque também acreditamos, Dr. Pedro Sottomayor.
Como metade do cronograma está cumprido, podemos dizer que temos mais de meio caminho andado.
Será pela união das nossas vontades e pela mensagem que soubermos transmitir aos que nos rodeiam, para que também eles pintem um risco colorido neste arco-íris, que caminharemos para um Mundo cada vez mais Perfeito.
Quando, em Setembro de 2008, nos encontrarmos todos de novo na inauguração da Casa azul, vamos estar ainda mais felizes do que hoje, porque fizemos o que devíamos para iluminar a vida destas crianças e demos-lhes instrumentos para elas conquistarem um mundo perfeito, cada uma à sua maneira.
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