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INTERVENÇÕES

Intervenções da Dra Maria Cavaco Silva

INTERVENÇÕES

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Intervenção da Drª Maria Cavaco Silva no Lançamento da Primeira Pedra do Centro de Acolhimento Temporário para Crianças Refugiadas
Lisboa, Parque da Bela Vista, 22 de Novembro de 2010

Estamos hoje aqui reunidos para o lançamento da primeira pedra da Caçula.

Mas as chamadas primeiras pedras já não são o que eram.

Quando se ia a uma cerimónia de lançamento de primeira pedra era-se confrontado com uma pedra, um tijolo.

Em suma, algo de sólido, concreto.

Metia-se mãos à obra com a massa e achava-se que se tinha ali um princípio real do edifício que, logo nesse momento, nos punhamos a imaginar, com o auxílio das plantas de arquitectura.

Agora as primeiras pedras são muito “high tech”, para utilizar uma expressão que a semana passada ouvi atribuída a uma primeira pedra tão sofisticada que perguntei mesmo se ia lançar, pela primeira vez na minha vida, uma primeira pedra virtual.

Não era bem, mas quase.

No caso dos projectos de Responsabilidade Social da Swatch esta história da primeira pedra é apenas um pretexto simpático para nos juntarmos numa tarde de convívio e trocarmos algumas palavras encorajadoras para quem está no terreno a trabalhar.

Em todos os projectos da Swatch há, no centro, uma casa. Uma casa para uma Escola, em Timor, uma casa para bébés na Ajuda de Berço, uma casa para acolher crianças doentes na Casa do Gil, uma casa para acolher crianças em risco na Casa das Cores. Porquê? Talvez porque todo o ser humano sente que a sua casa é o seu mundo primeiro, onde se constrói como pessoa e donde quer partir para cumprir o seu destino.

Primeiro sonha-se com o projecto, depois vai-se à procura de uma casa em ruínas que se queira ajustar ao sonho. Por isso, quando começamos, pedras já há e muitas. Caídas, aos montes, todas desorganizadas, mas muitas; tantas e em tal estado que, às vezes, em vez de ajudarem, atrapalham. É preciso pô-las no sítio, ampará-las com jeitinho e dizer-lhes, para as entusiasmar: “ Ora vamos lá todos juntos pôr esta casa mais bonita”.

E as pedras, primeiras ou últimas, quando bem orientadas fazem uma casa.

E é para isso que estamos aqui hoje todos reunidos, mais uma vez, em nome de mais uma causa muito bonita e muito necessária. Mais uma casa Swatch. Mais um abrigo, mais um aconchego de quatro paredes e um telhado.

Nesta casa, o “destroço”, permitam-me a expressão tão portuguesa, já tem uma boa parte do seu caminho de restauro andado, e a nossa reunião é apenas para verificarmos “in loco” o andamento das obras.

A Caçula já aqui está a caminhar para o seu destino: ser o porto de abrigo para crianças e jovens que nos procuram a pedir amparo contra um mundo que teima em tratar tão mal quem não lhe fez mal nenhum.

Portugal, através de todos estes parceiros que se reuniram para dar corpo a este objectivo, está a cumprir, no século XXI, uma vocação que lhe nasceu há muitos séculos e a que tem dado corpo e alma, melhor ou pior, ao longo dos tempos.

País aberto ao mar e ao mundo, inventor da primeira aldeia global, Portugal quer-se terra de acolhimento.

A Casa Caçula vai ser um pequeno ponto de partida para esse acolhimento que queremos dar aos jovens que precisam da nossa ajuda para encontrar em paz o seu lugar no mundo.

O refugiado é sempre alguém num profundo desamparo e, infelizmente, os nossos tempos muito civilizados são tempos de muitos desamparados por razões várias: catástrofes naturais, guerras, alterações climáticas, políticas desumanas.

Quando se é muito jovem há menos defesas e tudo parece ainda mais complicado, o abandono mais duro de suportar.

Os números são difíceis de saber com rigor, mas há cada vez mais refugiados em todo o mundo e os muito jovens também aumentam.

A Casa Caçula é um primeiro passo no caminho certo da ajuda a estes desamparados. Passo pequeno mas dado com muita convicção de que estamos no bom caminho e que o exemplo pode colher bons frutos.

Como os projectos Swatch cumprem as datas, podemos já marcar um próximo encontro para festejarmos a abertura da Caçula.

Aí é que vamos mesmo fazer uma festa. Estão todos convidados e, como cantava Zeca Afonso, tragam um amigo também.
 

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