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Inauguração do Centro de Acolhimento Temporário para Crianças Refugiadas, Casa Caçula
Inauguração do Centro de Acolhimento Temporário para Crianças Refugiadas, Casa Caçula
Lisboa, 15 de Maio de 2012 ler mais: Inauguração do Centro de Acolhimento Temporário para Crianças Refugiadas, Casa Caçula

INTERVENÇÕES

Intervenções da Dra Maria Cavaco Silva

INTERVENÇÕES

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Intervenção da Dra. Maria Cavaco Silva no projecto de responsabilidade social “Swatch/Conselho Português para os Refugiados” - Casa Caçula
Lisboa, 5 de Novembro de 2009

Creio que nesta altura, em que as pessoas já me vão conhecendo mais um pouco, não é novidade dizer-vos como é para mim uma grande, uma enorme alegria, estar mais uma vez presente no lançamento de um projecto de solidariedade da Swatch.

Vejo aqui presentes todos os que fazem o êxito das iniciativas que têm nascido e crescido à sombra amiga das vossas boas vontades.

Ainda não há muito tempo, fiz mais uma visita à Casa das Cores. É sempre tão bom verificar in loco como os espaços degradados que fomos vendo transformar-se ao longo do tempo, são agora uma casa amiga, funcional, acolhedora para as crianças que dela precisam.

Uma casa/lar para crianças que estão a construir o seu lugar no mundo. E onde pessoas eficientes e afectivas os ajudam nessa tarefa maior para todo o ser humano.

Estamos de novo, hoje, no ponto zero (ou abaixo de zero se olharmos bem para as fotos que nos mostram o muito trabalho que temos pela frente), mas os êxitos do passado fazem-nos ter a certeza de que mais uma vez estamos a partir para um projecto ganhador.

E desta vez é um projecto que tem tanto a ver com o nosso país.

Este ano, em Julho, fizemos uma visita de Estado à Áustria e o meu marido teve a ideia de repescar do passado um momento feliz em que Portugal mais uma vez abriu as suas portas a um mundo ferido, neste caso na II Guerra Mundial.

O primeiro Encontro que tivemos foi precisamente com um grupo (já bastante sénior) das ainda hoje chamadas Crianças austríacas.

Aliás, esta designação foi enganadora para os empregados do hotel que se interrogavam por que razão tinham ordens para servirem bebidas alcoólicas a crianças…

Esse grupo (bastante numeroso e onde alguns ainda falam um óptimo português) é uma associação que recorda o acolhimento que o nosso país lhes deu, nos anos 40, quando tinham à volta de 8/10 anos, para lhes matar a fome e dar um pouco de tranquilidade, difícil de ter num país tão atingido e destruído pela guerra.

Alguns dos que aqui estão hoje talvez ainda recordem o acolhimento a vários grupos de crianças austríacas, dinamizado pela Caritas logo a seguir ao armistício, em 1945. Portugal disse sim, como é seu hábito.

Foi talvez o momento mais importante para nós, porque extremamente emotivo.

Tantos anos depois, estávamos reunidos com um grupo de pessoas que guardavam fotografias, falavam português, e tinham tantas memórias boas do nosso país num tempo tão difícil para toda a Europa e para o mundo. Como imaginam, tudo o que foi dito e recordado nesse encontro fez-nos sentir muito orgulhosos da nossa terra.

Portugal é um país de acolhimento.

Portugal descobriu o Mundo e deixou-se descobrir pelo mundo.

Portugal emigrou tanto que está agora a aprender, rapidamente e bem, a ser um país de imigração.

Portugal das muitas raças, das muitas línguas, dos muitos credos.

Portugal de coração aberto ao mundo vai ter o seu primeiro Centro de Acolhimento para jovens refugiados.

Todos sabemos que, infelizmente, o mundo está a ficar um lugar muito perigoso e é nosso dever melhorá-lo na medida das nossas possibilidades.

Aqui temos agora uma óptima oportunidade de pormos em prática esse desejo.

Vamos empenhar-nos neste projecto que vai erguer paredes para proteger os mais frágeis e abrir portas para os ajudar a encontrarem o seu lugar no Mundo.

Queremos ver em breve esta Casa habitada por aqueles que tanto precisam dela.

Mãos à obra!

Maria Cavaco Silva
 

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