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O livro que foi lançado aqui hoje “A Mais Minúscula Guerreira” de Nicola Maher termina com a seguinte frase:

Milagres também acontecem.

Se eu duvidasse disso, hoje teria começado a acreditar.

Por tudo o que vi e vivi aqui, senti-me como uma visitante muito especial.

Acho que todos nós gostamos de fazer visitas. Contacto humano, umas horas boas de conversa, sabermos uns dos outros numa época em que as pessoas vivem anos no mesmo prédio sem sequer se tratarem pelo nome.

Quando nos visitamos é para estabelecer pontes de afecto.

Espero que tenham gostado de me ter aqui hoje, porque eu posso dizer-vos que gostei muito de vir cá!

E não foi a primeira vez. Acho que também não vai ser a última.

Há muitos anos, quando o meu marido era Primeiro Ministro, estive cá com ele.

E ainda hoje guardamos uma memória boa das muitas coisas que aqui estavam a ser feitas.

E uma marca concreta do trabalho que há tanto tempo já aqui se fazia: um tapete de Arraiolos com desenho das calçadas de Lisboa.

Está à entrada da nossa casa do Algarve, o sítio do mundo de que eu mais gosto.

Isto só para vos dizer que nunca me esqueci do que aqui encontrei.

Passados muitos anos vim encontrar muito mais. Porque ninguém desistiu e continuam todos empenhados em construir um mundo melhor.

E esse mundo exige que estejamos atentos aos que precisam da nossa ajuda.

Como no livro que acabei de ler, vejo aqui tantos “minúsculos guerreiros”, mesmo que já sejam grandes, que estão dia a dia a conquistar a vida com a única arma que vale a pena utilizar: o amor.

Só o amor nos dá força para vencer todos os obstáculos. A certeza de que se preocupam connosco, de que somos importantes para alguém torna-nos invencíveis.

Vi aqui que todos sabem que são importantes, que todos sentem que são capazes.

A Liga há 50 anos que apoia pessoas que talvez tivessem ficado pelo caminho se não fosse o trabalho que se faz nesta casa.

Quem é capaz de fazer mais ajuda quem é capaz de fazer menos. Juntos vão conseguir fazer muito mais do que se cada um estivesse para seu lado.

É isso a solidariedade: estar junto e caminhar de mãos dadas.

E num mundo que muitos consideram desumanizado, há tantos que teimam em dar-lhe alma.

Hoje esta Associação avança mais um passo no caminho que percorre há 50 anos.

A sociedade está muito mais consciente na aceitação da diferença e no entendimento do lugar que o deficiente deve ocupar.

Mas as conquistas trazem sempre mais responsabilidades.

Sei que agora o sonho que está em marcha é um lar de acolhimento para os mais velhos que precisam de uma atenção diferente.

Com o que fizeram até aqui não tenho dúvidas de que vão conseguir.

Os que não desistem conseguem sempre.

Aproveito para desejar a todos um Santo Natal.

Gosto muito do Natal. É uma época do ano em que os milagres acontecem mais, e estamos mais atentos aos “minúsculos guerreiros” que precisam de nós.