Intervenção da Drª Maria Cavaco Silva na cerimónia de entrega das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência
Academia das Ciências de Lisboa, 26 de Outubro de 2006
Tenho um grande prazer em estar aqui hoje.
Há várias razões para isso.
Ver o que está a acontecer de novo e de bom no meu país é sempre uma razão de alegria, principalmente quando há a ideia de que temos a tendência para a lamúria. Espero que estejamos a curar-nos dessa doença…
Quatro jovens cientistas portuguesas recebem um prémio que lhes vai abrir mais oportunidades para continuarem o seu trabalho de investigação.
A Filipa, a Leonor, a Patrícia e a Rosalina fazem parte de um Portugal novo que estou sempre a encontrar nas minhas deslocações num país que quer mudar, crescer, enfrentar sem esperas tudo o que pelo mundo vai acontecendo de estimulante.
Sei que nem tudo o que acontece é bom. Todos sabemos isso.
Mas centrarmo-nos no mau às vezes não nos deixa ver o bom e muito menos o óptimo. Convenhamos que isso não é uma atitude que faça crescer os povos. E nós precisamos tanto de crescer!
Os jovens como estas 4 cientistas que aqui estão hoje fazem-nos crescer.
As atitudes como a da empresa que hoje temos aqui fazem-nos crescer.
Que bom é ver que tantas e cada vez mais instituições ligadas a diversas actividades – neste caso a cosmética e a dermatologia – se preocupam com a melhoria do bem estar daqueles que têm muito pouco e que precisam de muito mais.
O envolvimento com as situações de carência, o envolvimento com a investigação – neste caso a científica – é uma atitude que todos aprovamos.
É a morte do egoísmo, é a certeza de que já somos muitos e cada vez seremos mais a preocupar-nos com todos os outros que não têm o mesmo bem estar de que usufruímos e que alguns de nós até têm a tentação de considerar um dado adquirido.
Atenção! Não é, nunca é. Exige luta, trabalho, exige solidariedade.
Solidariedade – esta é a palavra chave que muitas das instituições que nós considerávamos apenas vocacionadas para o negócio puro e duro nos estão agora a ensinar a ver de outra maneira. A solidariedade social.
Todos podemos ser solidários. Dar o nosso tempo, a nossa energia a causas que merecem a nossa acção.
Aqui hoje, temos um grande nome internacional no mundo da cosmética que se envolve e envolve milhares de pessoas em causas ligadas principalmente às mulheres e às crianças.
Mas não me venham dizer que os homens não usam produtos cosméticos, porque eu sei que isso já não é verdade…
Há muito para fazer mas também há muito por fazer.
O Prémio Nobel da Paz, o inventor do micro crédito, Prof. Muhammad Yunus, levantou esse pequeno ovo de Colombo que tanto tem feito no seu pobríssimo país, o Bangladesh, e em todo o mundo. Porque teve um sonho simples e realizável: apenas acabar com a pobreza no mundo.
À nossa maneira, também hoje estamos aqui a colaborar nesse projecto, porque todos sabemos que há muitas formas de pobreza.
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