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Mensagem do Presidente da República
Bangalore
16.01.2007

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Intervenção do Presidente da República Portuguesa na sessão inaugural do Seminário Económico de Goa

Chief Minister de Goa,
Senhor Ministro da Economia e Inovação de Portugal,
Senhor Presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Goa,
Senhores Empresários,
Senhoras e Senhores

É com uma emoção muito particular que, nesta minha visita de Estado a convite do Presidente da República da Índia, chego a terras de Goa, e com grande satisfação que saúdo os participantes deste Seminário Económico, em boa hora organizado sob os auspícios da Câmara de Comércio e Indústria de Goa, a quem felicito desde já, na pessoa do seu dinâmico Presidente.

A emoção que sinto é aquela que cada um de nós experimenta ao reconhecer traços da sua História e da sua civilização. A História deixou-nos, é um facto, todo um legado de afinidades. As características culturais de Goa são disso claro testemunho, tal como o é a presença, em Portugal, de múltiplos exemplos da extraordinária riqueza da civilização indiana, bem como de uma extensa comunidade de origem indiana, plenamente inserida na sociedade portuguesa, e que constitui uma expressiva mais-valia para o país e para a sua economia.

Nenhum de nós é refém da sua História. A História faz-se todos os dias. Importa, assim, que saibamos fazer do legado histórico um activo comum, instrumental para a relação de futuro que pretendemos construir entre a Índia e o Portugal do século XXI.

Beneficiamos, para tanto, de um excelente relacionamento político entre os nossos dois países, de uma adequada rede de acordos e protocolos celebrados em diversos âmbitos, da vontade dos agentes políticos, económicos e culturais e do empenho da sociedade. Não há razões de base que impeçam um futuro promissor ao nível do fortalecimento dos laços empresariais e das relações económicas entre Portugal e a Índia, que, de alguma forma, se têm mantido muito aquém das possibilidades e das expectativas.

E porque Goa poderá ter, neste contexto, um papel fundamental, tanto mais me apraz constatar o dinamismo, a lucidez e a visão estratégica que caracteriza a acção da Câmara de Comércio e Indústria de Goa, que ainda recentemente conduziu uma missão a Portugal. Felicito a Câmara de Comércio pelos esforços desenvolvidos visando a consolidação de Goa como destino turístico de qualidade, bem como pelo apoio prestado às políticas destinadas a favorecer a evolução do tecido produtivo goês para actividades mais intensivas em conhecimento, como é o caso da indústria farmacêutica, das TI e, mais recentemente, das biotecnologias.

O forte espírito de iniciativa e o papel desempenhado por esta Câmara na promoção de Goa como destino de novas indústrias e fonte de competências foi, de resto, publicamente reconhecido pela Associação Empresarial do Oeste e Sul da Índia, que a premiou, há alguns meses atrás, com o “Most Enterprising Award”.

Pese embora ser o mais pequeno Estado da União Indiana, Goa apresenta uma posição invejável no que diz respeito a indicadores de desenvolvimento social e qualidade de vida. Além disso, creio existir em Goa, por parte tanto dos seus agentes económicos como dos seus responsáveis políticos, uma consciência muito viva dos desafios e das oportunidades associados, por um lado, à melhoria da competitividade interna e externa do Estado e, por outro, à preservação de um padrão de crescimento sustentável e centrado nas pessoas.

Não posso deixar de realçar, também neste contexto, a oportunidade proporcionada por este Seminário para um melhor conhecimento e para um contacto mais estreito entre empresários goeses e portugueses.

A delegação empresarial que me acompanha nesta visita é representativa de vários dos sectores mais dinâmicos da economia portuguesa - das tecnologias de informação, robótica e comunicação às biotecnologias, ao turismo e à engenharias, passando pelos produtos farmacêuticos, agro-alimentares e serviços financeiros. É composta por responsáveis de topo de empresas com presença internacional e vocação global, seleccionadas pelo seu interesse na Índia ou no estabelecimento de futuras parcerias com empresas indianas. Partilham certamente com os seus congéneres aqui presentes de uma visão estratégica e de uma postura empresarial virada para o futuro e para o mundo.

É preciso que os empresários se conheçam melhor, que os fluxos de informação e de comunicação entre os nossos dois países sejam reforçados e que os agentes políticos contribuam com a criação de condições para que os negócios aconteçam.

Portugal é um país moderno, seguro, acolhedor, uma economia aberta com excelentes infra-estruturas, um sistema financeiro altamente desenvolvido, e uma classe empresarial crescentemente orientada para a inovação e para a internacionalização. Reflexo das relações privilegiadas que Portugal mantém com a África e a América Latina, as empresas portuguesas têm vindo a canalizar um elevado nível de investimentos para essas economias, designadamente para os países de língua oficial portuguesa. Enquanto membro da União Europeia – hoje em dia, um dos principais parceiros comerciais da Índia -, Portugal é também plataforma de acesso a um mercado consolidado de mais de 500 milhões de consumidores.

O Portugal do Século XXI é um país empreendedor, capaz de multiplicar centros de criatividade científica e empresarial, de se afirmar como um país de oportunidades. Um Portugal que sabe, tal como Goa, que o futuro dependerá, em larga medida, da capacidade de criação de riqueza baseada na inovação e no conhecimento. E que vê a emergência económica e política da Índia como um processo natural, face aos enormes recursos e potencialidades do País, e à sua ambição de assegurar um desenvolvimento rápido e sustentável.

Vivemos a transição para um mundo e uma sociedade em rede. Mais do que um fenómeno económico, a Globalização é também um fenómeno cultural, social e político, que nos torna cidadãos activos de uma comunidade cada vez mais alargada, em que as fronteiras geográficas deixam de ser protecção ou obstáculo.

Há poucos meses, reuniram-se em Portugal cerca de duas dezenas de líderes das maiores empresas mundiais, provenientes de doze países dos diferentes continentes, em conjunto com outros tantos representantes de empresas portuguesas com ambição global, para debater os desafios da globalização. Mais precisamente, este Conselho, criado sob o meu patrocínio, debruçou-se sobre a forma de promover uma globalização que abra espaço à participação de todos os países, ou seja, uma globalização plural.

E tornou claro que, numa economia do conhecimento, não há países periféricos. Há líderes empresariais capazes de descobrir o conhecimento disperso pelo mundo fora, com o qual irão construir a sua vantagem competitiva, capazes de o mobilizar e integrar, capazes de aumentar o seu nível de eficiência. Uma empresa não tem necessariamente de pertencer a uma economia rica para competir no mercado global.

A globalização deve, com efeito, ser plural, facilitando o trabalho em conjunto, numa lógica de interdependência e num jogo de complementaridades e de concorrência justa, por forma a que o vencedor do processo seja a Humanidade como um todo.

Portugal tem, nesta perspectiva, muito para oferecer à Índia, e a Índia tem, seguramente, muito para oferecer a Portugal. Acredito ser muito o que podemos fazer juntos. E acredito, também, que as singulares afinidades que unem Goa a Portugal e às comunidades aí residentes podem fazer de Goa um poderoso agente mobilizador da aproximação entre os nossos dois países e proporcionar a construção de uma nova plataforma de relacionamento, cooperação e parceria que a todos beneficie.

Só posso desejar a cada um dos participantes deste Seminário o melhor dos sucessos nos trabalhos que irão ter início.

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