Estou muito contente por estar aqui no Conselho de Investigação da Noruega, uma força motriz no domínio da ciência, tecnologia e inovação.
Agradeço a presença de tantos intervenientes portugueses - cientistas marinhos, académicos eminentes e empresários de biotecnologia marítima e respetivas empresas - agradeço também aos seus homólogos noruegueses que, juntos, tornaram possível este evento memorável.
Vivemos num mundo em rápida mutação. Isto aplica-se efetivamente à Europa e ainda mais a Portugal, onde muita coisa mudou ao longo dos últimos anos. Em particular, a economia e as principais políticas públicas estão a atravessar um processo de mudança. Não obstante, temos de construir novos caminhos para o crescimento económico sustentável e para a criação de emprego.
Tomando isto em consideração, tenho sido um forte defensor da necessidade incontornável de Portugal consignar mais recursos ao desenvolvimento da sua economia do mar - ou azul - e transformar a sua pequena base numa fonte económica sólida para o país. Esta linha de pensamento tem sido incorporada nas nossas políticas públicas e a Ministra da Agricultura e do Mar, aqui presente, tem sido a sua principal promotora.
Uma nova política exige novos parceiros para desenvolver a nossa política e economia do mar.
A nosso ver, a Noruega é claramente um parceiro desejável. É por isso que estamos aqui e é por isso que este evento é tão importante - é uma oportunidade para tantos cientistas e empresas norueguesas e portuguesas partilharem interesses comuns e forjarem os seus próprios laços.
Estou certo de que é possível desenvolver uma parceria estratégica entre a Noruega e Portugal em assuntos do mar, visando a promoção das nossas economias azuis.
A Carta de Intenções e o Memorando de Entendimento, que acabam de ser assinados, são passos importantes para este tipo de parceria. Felicito os Ministérios da Ciência da Noruega e de Portugal, bem como o Conselho de Investigação e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia pela sua visão e convido-os a trabalhar com afinco na sua implementação.
A Noruega e Portugal têm muito mais em comum do que as pessoas pensam à primeira vista: os nossos países são, na Europa, dois dos países mais ocidentais e orientados para o Atlântico. Ambos estão vinculados ao mar e têm uma rica história marítima. Em termos geográficos, são dois gigantes marítimos da Europa. As ciências marinhas e a investigação são uma prioridade fundamental para ambos os países e os setores da pesca têm um peso considerável nas economias tanto da Noruega como de Portugal. Também somos completares: a Noruega está situada à entrada do Oceano Ártico e Portugal fica próximo do Mar Mediterrâneo e à entrada da Bacia do Atlântico Sul. A Noruega tem amplos recursos piscícolas e nós temos uma grande variedade de recursos marinhos com uma biodiversidade inigualável na Europa. Já para não falar, obviamente, que os noruegueses capturam o bacalhau que nós tradicionalmente consumimos.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
O domínio das ciências do mar é uma área fundamental na qual, na minha opinião, a Noruega e Portugal podem desempenhar um papel de liderança na Europa. Podemos cooperar em projetos bilaterais, incluindo no âmbito do programa Horizon 2020. E podemos cooperar com o objetivo de alcançar o progresso científico marinho em outras partes do mundo, incluindo nos países africanos de língua oficial portuguesa.
A energia, incluindo a energia offshore, é outra área-chave de cooperação. Estamos a iniciar um processo de prospeção de combustíveis fósseis nas nossas águas costeiras que deverá ter em vista a prospeção na Zona Económica Exclusiva. A experiência norueguesa nessas áreas seria muito bem-vinda. O mesmo se aplica às energias renováveis, tais como os parques eólicos flutuantes offshore e as unidades de produção de macroalgas para biocombustíveis.
A biotecnologia marinha e as tecnologias subaquáticas serão, também, indústrias muito importantes no futuro. Ao desenvolver recursos biológicos marinhos e aplicar a biotecnologia, será possível multiplicarmos o valor que extraímos do mar como capital natural, sem contribuir para a sua degradação ambiental.
Para além disso, não devemos esquecer áreas mais tradicionais da economia azul neste diálogo entre Portugal e Noruega. Neste contexto, fico muito contente com a assinatura de um Memorando de Entendimento entre o Porto de Lisboa e a Autoridade Portuária norueguesa, bem como a assinatura de outro Memorando de Entendimento entre o Instituto de Investigação Marinha de Bergen e o IPMA, o nosso laboratório público de investigação das pescas. Os portos e as pescas são setores claramente importantes para o futuro das nossas economias azuis.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Não tenho qualquer dúvida que, unindo esforços para erguer economias mais sustentáveis, Portugal e a Noruega conseguirão alcançar muito mais do que se trabalharem separadamente.
Desejo-vos um dia de discussões produtivas e muito obrigado pela vossa atenção.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.