Agradeço a presença do Senhor Ministro para a Cidadania e a Imigração do Canadá. É um prazer e uma honra. Quero felicitar o Ministério do Desenvolvimento Económico do Ontário, assim como a AICEP, pela organização desta iniciativa. Saúdo e agradeço a presença de todos os participantes neste Seminário Empresarial, alguns que se deslocaram de outras Províncias do Canadá e muitos que viajaram desde Portugal. A vossa presença é sinal da importância que atribuem ao relacionamento entre os nossos dois países.
O Canadá é, reconhecidamente, um dos mais desenvolvidos países do mundo, com vastos recursos naturais e humanos e uma população acolhedora – que recebeu, em épocas distintas, tantos compatriotas nossos. Membro do G7, do G20, da NATO, o Canadá é, desde há muito tempo, um país aliado e amigo de Portugal. No mundo globalizado em que vivemos, é um bom exemplo de uma economia aberta e sofisticada, sendo, ao mesmo tempo, um mercado de grande dimensão e muito atrativo.
Portugal, membro fundador da NATO e membro da União Europeia, é hoje um País com mão-de-obra qualificada, uma economia num processo de mutação dinâmica e excelentes infraestruturas. A natureza complementar das nossas economias e a convergência dos nossos interesses estratégicos potenciam oportunidades comerciais, cooperação empresarial, desenvolvimento de novos negócios e investimento, tanto ao nível bilateral como em parcerias para terceiros mercados.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Com a crise financeira mundial em 2008, Portugal, como vários outros países, ficou exposto e fragilizado nas suas finanças públicas. Em maio de 2011, Portugal comprometeu-se com um ambicioso e abrangente programa de ajustamento económico, financeiro e orçamental. Passados quase 3 anos da aplicação desse programa, e a poucos meses da sua conclusão, existem dois aspetos que importa destacar. Por um lado, os compromissos assumidos foram cumpridos e as medidas previstas implementadas. Por outro lado, tanto o ajustamento financeiro e orçamental como as alterações estruturais na economia portuguesa têm sido muito significativos. Estou firmemente convicto de que os nossos parceiros e os mercados financeiros têm valorizado estes fatos. E Portugal tem conseguido criar confiança e recuperar a sua credibilidade internacional.
Os sinais dos últimos meses têm sido encorajadores e permitem-nos encarar o futuro com mais esperança. Portugal saiu da recessão em que esteve mergulhado desde o fim de 2010, a produção nacional cresceu consistentemente, nos últimos trimestres de 2013, sendo uma das maiores na UE, e verificou-se alguma redução do desemprego. As exportações continuaram a registar um comportamento muito positivo, fruto da capacidade de adaptação revelada pelas empresas portuguesas. A nossa balança externa foi positiva em 2013.
Sabemos que é necessário proporcionar a quem investe um ambiente empresarial estável e atrativo. E para isso estamos a trabalhar. Nesse sentido, estão em curso, entre outras, reformas essenciais na área das relações laborais, dos processos judiciais, do licenciamento e da redução progressiva da carga fiscal e burocrática sobre as empresas. Estamos preparados para acolher o investimento e, em particular, o investimento estrangeiro.
Portugal apresenta condições e oferece vantagens para ser uma “Priority Location” nas opções de investimento que se desenham no espaço europeu e internacional. Estou convicto de que os empresários canadianos e os portugueses aqui residentes não deixarão de olhar para Portugal como um bom destino de investimento. Acresce o facto de se estar a ultimar o acordo de parceria económica reforçada entre a União Europeia e o Canadá que, estou certo, irá criar todo um novo ambiente para o relacionamento empresarial.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Temos em Portugal uma nova geração de empresas e empresários. Com grande capacidade inovadora e tecnológica, apoiadas nas Universidades e noutros centros de saber. O tecido produtivo português comporta hoje em dia um vasto leque de atividades industriais e de serviços competitivos, à escala global. Na eletrónica, nas tecnologias de informação, na área das energias renováveis, na indústria farmacêutica, no sector automóvel e aeronáutico, no desenvolvimento de aplicações de software para processos de fabrico e de gestão, ou no turismo.
Também as nossas indústrias tradicionais – como o Calçado, a Têxtil e Vestuário, o Mobiliário ou os Vinhos – têm sido capazes de inovar e de reinventar-se. Hoje, detêm enorme experiência acumulada e uma posição comercial forte nos mercados internacionais. Uma capacidade de inovação e de reinvenção que está, aliás, bem patente no caso da Renova, como creio que tiveram oportunidade de verificar na apresentação que fez neste seminário.
Muitas destas nossas empresas pretendem expandir-se para o Canadá ou cooperar com congéneres locais, para abordagens em terceiros países. Portugal, sendo porta do Atlântico para a Europa, mantém laços ancestrais com a Ásia, África e América do Sul, o que abre um sem número de oportunidades para parcerias.
Permitam-me que acrescente uma palavra sobre a indústria do Turismo em Portugal. Trata-se de um sector particularmente bem inserido na dinâmica da economia global. Portugal é um destino de reconhecida qualidade. O seu clima, a hospitalidade da sua população, o ambiente geral de segurança, a par de uma extensa costa marítima de rara beleza e excelentes infra-estruturas, fazem do nosso país um destino turístico único, incluindo para estadias de longa duração ou mesmo residenciais. A Air Canada, através da sua subsidiária Rouge, como já o faz a portuguesa SATA, iniciará, em breve, voos diretos para Lisboa, o que, estou certo, dará uma nova dinâmica ao fluxo de turistas entre os nossos dois países.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
As relações entre Portugal e o Canadá têm estado, nos últimos anos, muito aquém do seu potencial a diversos níveis, incluindo o político e o económico. Por isso, os desafios que o futuro nos coloca são imensos, tão grandes quanto as oportunidades que nos oferece. Espero que a minha presença em Toronto contribua para o reforço do nosso relacionamento e para a criação de uma nova dinâmica que, estou convicto, nos trará benefícios mútuos.
Muito obrigado pela vossa presença e pelo vosso contributo.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.