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INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República no Jantar em honra da Presidente da República Federativa do Brasil
Palácio de Queluz, 10 de junho de 2013

É com grande emoção e com uma satisfação muito particular que a acolhemos, Senhora Presidente, nesta Visita a Portugal, no dia em que celebramos Portugal, Camões e as Comunidades Portuguesas.

Permita que lhe expresse, Senhora Presidente, em nome de todo o povo português, o quão sensibilizados estamos por Vossa Excelência ter aceitado o meu convite para visitar Portugal nesta data.

A amizade e os laços históricos que unem os nossos dois países gozam hoje de uma vitalidade que nos deve orgulhar. O relacionamento entre o Brasil e Portugal tem um valor estratégico fundamental, sobretudo num presente em que tantos desafios nos são colocados, de um lado e do outro do Atlântico.

Os profundos laços que existem entre os nossos dois Povos e Países enraízam-se num passado comum, reforçam-se num presente partilhado e projetam-se num futuro de aspirações que temos a responsabilidade de prosseguir em conjunto.

O Brasil, mais do que um país do futuro, é, já hoje, uma referência incontornável do presente à escala mundial.

É a primeira economia da América Latina e ocupa um lugar proeminente no ranking das maiores economias mundiais. Este é o resultado de muitos anos de trabalho, de aposta no longo prazo, fruto de profundas reformas económicas e da opção pelo desenvolvimento de políticas sociais que permitiram a milhões de brasileiros melhorar de forma significativa as suas condições de vida.

No seio da Comunidade das Nações, o Brasil, membro do G20, conquistou um lugar destacado, que o faz um sério candidato a um lugar permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Reitero o apoio de Portugal a esta candidatura, no quadro da desejada reforma daquele órgão das Nações Unidas.

É também esta posição ímpar que levou o Brasil a conquistar a organização do Campeonato Mundial de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016.

Foi ainda com regozijo que, em Lisboa, acolhemos a notícia de que um brasileiro será o próximo Diretor-Geral da Organização Mundial do Comércio, candidatura que contou com o nosso apoio inequívoco desde a primeira hora.

Senhora Presidente,

O Brasil sabe que tem em Portugal um amigo especial na União Europeia. Não por acaso, foi durante a Presidência Portuguesa, em julho de 2007, que se realizou a primeira Cimeira entre o Brasil e a União Europeia. Estas Cimeiras são, hoje, um marco incontornável da Parceria Estratégica entre o Brasil e a Europa.

Juntos fundámos a CPLP, um espaço comum, que assenta na língua de Camões. Somos hoje mais de 240 milhões falantes de português. A Lusofonia, uma potência linguística em franco crescimento, mais do que uma marca da História deve ser uma dinâmica que nos projeta no futuro. É uma responsabilidade e um compromisso que temos o dever de assumir. Citando Fernando Pessoa, “Esta língua, a nossa língua, é uma Pátria comum de todos aqueles que falam português”.

Congratulo-me com a realização esta tarde da XI Cimeira Luso-Brasileira, na continuação do diálogo a nível de Chefes do Executivo institucionalizado em 1991.

Com entusiasmo, celebrámos o Ano do Brasil em Portugal e de Portugal no Brasil, que simbolicamente se encerra hoje, aqui em Lisboa. Foi um momento alto das relações entre os nossos dois Povos e Países, que muito contribuiu para reforçar o dinamismo das relações bilaterais e renovar os laços que nos unem.

Senhora Presidente,

O mercado brasileiro é estratégico para a internacionalização da economia portuguesa, num tempo em que o crescimento e a criação de emprego devem estar no fulcro das prioridades dos nossos decisores políticos. A batalha pelo desenvolvimento sustentado não se trava apenas no plano da contenção do défice público. Pelo contrário, tem de ser complementada por uma agenda de crescimento orientada para a produção de bens transacionáveis, como venho sublinhando desde há muito e a Europa agora reconhece.

O Brasil constitui um dos principais destinos das empresas portuguesas, do investimento e das exportações. Nos mais variados setores da atividade económica, os empresários portugueses acreditam no Brasil e no seu futuro, assim como, estou certo, os empresários brasileiros acreditam em Portugal.

Os nossos estudantes, investigadores, artistas, escritores têm o Brasil no seu horizonte. E o mesmo se passa com os estudantes e artistas brasileiros.

Temos este “Fado” em comum, o “traço de união” de que falava o poeta Miguel Torga. Apercebemo-nos deste espelho fraterno pela constância do movimento pendular, nos dois sentidos, entre os nossos dois países: ora os portugueses rumam ao Brasil, ora os brasileiros chegam a Portugal.

Nunca um brasileiro será um estrangeiro em Portugal ou um português um estrangeiro no Brasil Em ambos os países existem comunidades organizadas e dinâmicas, que são um fator de referência na vida económica, social e cultural do Brasil e de Portugal.

Senhora Presidente,

Acredito firmemente que Portugal e o Brasil têm uma importante palavra a dizer na construção de um mundo melhor, mais justo e mais solidário.

Tenho a firme convicção de que a História dos nossos dois países se escreve e escreverá em comum.

Por isso, em meu nome e no de minha mulher, peço a todos que se juntem num brinde à saúde e felicidade pessoal da Presidenta Dilma Rousseff, à prosperidade do Povo irmão do Brasil e ao futuro das relações entre os nossos dois Países.

Muito obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.