É com muito gosto que acolho, no Palácio de Belém, este encontro da Associação de Empresários pela Inclusão Social. Trata-se, como sempre tenho sublinhado, de uma iniciativa de grande mérito, em resposta a um apelo meu para a mobilização da sociedade em torno do combate ao abandono e ao insucesso escolares enquanto via privilegiada de combate à exclusão social.
Ao longo de quase sete anos de existência, a EPIS tem sabido protagonizar um notável exemplo do que podem dar empresários, municípios e voluntários da sociedade civil na procura de soluções diferenciadas para a promoção da justiça e da equidade social.
Apoio hoje esta iniciativa com redobrado entusiasmo e louvo o trabalho realizado. Os empresários pela inclusão social constituem, de facto, um exemplo de combinação de visão empresarial e de cultura cívica de responsabilidade social que é justo salientar.
Esta é uma causa que é do interesse de todos e a todos diz respeito. Uma causa que assume especial relevância no contexto das grandes dificuldades com que o País se confronta, em que a sociedade civil mais intensamente é chamada a suprir os poderes públicos, de modo a evitar ruturas sociais e quebra de valores que não podemos abandonar.
É fundamental, por isso mesmo, que haja um novo impulso coletivo de organização e ação pela justiça social e pela integração, sem o que as desigualdades irão acentuar-se.
Senhoras e Senhores,
A missão da EPIS assenta na convicção do papel fundamental da Educação e da igualdade de oportunidades na construção de uma economia mais próspera e de uma sociedade mais justa.
Exige-se hoje muito às escolas. Espera-se que a escola ensine, eduque, integre, oriente e acompanhe. Espera-se, em suma, que o sistema educativo seja, além de fonte de aprendizagem e de qualificação, um dos motores de equidade, contrariando tanto quanto possível os fatores adversos de origem, sejam eles de natureza individual, social ou económica.
Mas a verdade é que não será possível assegurar essa tarefa gigantesca sem a convergência de esforços e a participação ativa de toda a sociedade.
Nos tempos conturbados que o País atravessa, em que os níveis de desemprego não poupam os mais qualificados, ninguém deverá pensar, todavia, que não vale a pena estudar, porque isso já não lhe garante uma oportunidade de emprego.
Pelo contrário, o tempo deve ser aproveitado para ir mais longe, para acumular competências, para estudar e aprender.
A única certeza que temos é a de que aqueles que menos estudaram são, isso sim, os mais desfavorecidos num mundo de grande competição e exigência como aquele em que hoje vivemos.
Portugal é dos países onde é maior o retorno do investimento em educação. Retorno para os próprios, porque têm melhores condições para vir a ter uma vida profissional mais realizada, mas também retorno para a sociedade como um todo.
A educação é o fermento do progresso e do desenvolvimento. Se Portugal esmorecesse no esforço para elevar os níveis de educação dos seus cidadãos, em particular dos jovens, esse desperdício constituiria um novo fator de agravamento da pobreza.
Podemos hoje lamentar, e com toda a razão, o êxodo de muitos jovens que não encontram trabalho no nosso País. Mas, se alguma coisa os pode amparar entretanto, é, sem dúvida, o seu nível de qualificações, que lhes permite serem valorizados em qualquer parte do mundo.
Ninguém pode perder de vista a efetiva importância da educação, ainda que, por circunstâncias do imediato, ela possa surgir menos evidente.
Quanto pior não seria o panorama social de hoje se os nossos jovens não dispusessem de bons níveis de escolaridade para poderem aceder ao mercado e procurar o seu caminho profissional!
Olhemos para o futuro, não nos deixemos aprisionar pelas condicionantes de um presente muito difícil.
Nesta perspetiva, mais importante se torna ainda que a sociedade civil se envolva, com todos os meios ao seu alcance, na missão de grande alcance que é a de promover a inclusão social através do estímulo à educação.
É essa, justamente, a razão de ser da EPIS, cuja constituição patrocinei e a que tenho dado o meu apoio.
Ouvimos aqui o balanço e a apresentação do seu Plano de Ação para 2013-2014, que demonstram a sua capacidade de execução e de visão para o futuro.
São múltiplas e muito meritórias as atividades em execução, com destaque para a ação de proximidade desenvolvida pelos mediadores para o sucesso escolar, focalizados nos jovens e nas famílias em risco.
Felicito todos os Municípios que, até agora, corresponderam ao desafio de participação neste projeto da EPIS.
De entre os que foram pioneiros, permitam-me que destaque o município de Paredes - aqui representado pelo seu Presidente da Câmara, cuja determinação em colocar a educação como prioridade no seu Concelho pude testemunhar e apreciar.
Saúdo também cada um dos Municípios que, de Norte a Sul, mais recentemente têm vindo a integrar o grupo, com Grândola e S. Braz de Alportel entre os exemplos mais recentes.
As taxas de sucesso na melhoria de resultados escolares e as dezenas de casos de regresso à escola são resultados claramente positivos e encorajadores para que outros Concelhos se juntem aos que já beneficiam da intervenção da EPIS.
A metodologia de mediação para o sucesso escolar, que é a marca de diferenciação da EPIS, foi aqui ilustrada por uma mediadora, a Dra. Isabel Duarte, que deu vivo testemunho do trabalho diário que se realiza no terreno. E há sinais promissores da projeção deste método fora de fronteiras, como nos deu conta o Eng. Roberto Carneiro.
Espero que se multipliquem, por todo o País, os jovens como a Joana Filipa, que está hoje na universidade e a quem desejo um futuro digno do seu mérito e dos seus sonhos.
Ouvimos também o testemunho do Dr. Diogo Silveira Godinho, um dos voluntários do projeto Vocações de Futuro, que envolve dezenas de quadros de empresas na abertura de novas perspetivas de integração profissional aos jovens que apoiam.
Trata-se, a meu ver, de uma experiência mutuamente enriquecedora, que deve ser valorizada pelas empresas e pela sociedade.
Temos também de saudar o alargamento da ação da EPIS ao apoio à inserção profissional dos jovens, através da atribuição de bolsas para estágios em empresas.
A EPIS está em permanente inovação, quer mudar a realidade, não se conforma com ela, inventa, propõe, mobiliza, concretiza. Foi isso que vimos no balanço, é isso que confirmamos nas linhas de ação futura. Os associados de hoje têm boas razões para manter o seu apoio a esta causa, sendo que este dinamismo merece e justifica a atenção e participação de mais empresas associadas, de mais municípios, de mais voluntários.
Espero que novas empresas possam vir a juntar-se, nas modalidades possíveis, a um compromisso que é tão importante para cada um dos jovens abrangidos como para toda a sociedade portuguesa.
Quero agradecer à equipa EPIS, nas pessoas do seu Presidente, Dr. Pires de Lima, e do seu Vice-presidente, Dr. Luís Palha, bem como aos empresários associados e aos voluntários, todo o trabalho realizado e o modo corajoso e determinado como projetam o futuro da Associação.
Felicito todos os alunos e as famílias que lutam pelo sucesso escolar dos seus filhos. Essa é, sem dúvida, a melhor forma de olhar pelo futuro daqueles a quem mais queremos.Quero interpelar todos os jovens para que aproveitem as oportunidades de estudar, não poupem esforços, não desistam, não desperdicem o que está hoje ao vosso alcance e que dará os seus frutos quando mais precisarem.
A todos desejo muitas felicidades.
Muito obrigado.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.