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Rio Maior, 3 de fevereiro de 2016 ler mais: Visita às salinas

INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República no jantar em honra da Comunidade Portuguesa na Califórnia
São José, Califórnia, 13 de Novembro de 2011

Caros compatriotas e amigos,

É com uma emoção muito especial que retorno, agora como Presidente da República, ao convívio com os meus compatriotas da Califórnia.

Foi há mais de um século que os Portugueses se fixaram na Costa Oeste dos Estados Unidos. Vieram em busca de melhores condições de vida, procurando, neste lugar de oportunidades, o que a sua terra lhes negava.

Debruçada sobre o Pacífico, esta costa era, para os nossos compatriotas do passado, uma terra longínqua. Simplesmente, para os Portugueses «não há longe, nem distância», para usar o título da edição portuguesa de um livro de um popular escritor norte-americano: There's No Such Place As Far Away.

Na verdade, para os Portugueses a distância nunca foi obstáculo, nem razão para desistir. A nossa vontade levou-nos aos recantos mais distantes do planeta, numa aventura que abriu as portas do Mundo à primeira globalização.

Nos nossos dias, uma nova geração tem rumado à Califórnia, e também a outros estados da Costa Oeste e do resto dos Estados Unidos. Uma geração constituída, na sua maioria por jovens empreendedores, investigadores e cientistas talentosos, que se destacam pelas suas qualificações e pela excelência das suas aptidões nos domínios da ciência e da tecnologia.

No passado como no presente, os Portugueses têm sabido mostrar que não se resignam ao destino, que querem tomar o futuro nas suas mãos. Essa é uma qualidade que o nosso povo nunca perdeu e que representa um enorme capital de esperança para ultrapassar as adversidades com que Portugal actualmente se confronta.

É reconfortante verificar, aliás, como as sucessivas gerações de emigrantes souberam aproximar-se e formar uma comunidade coesa, sólida e prestigiada.

A nova geração compreendeu, com inteligência, que tinha muito a beneficiar da experiência e do prestígio que os Portugueses aqui haviam acumulado. Por seu turno, os que se haviam instalado há mais anos nesta Costa acolheram com entusiasmo e generosidade os jovens que vieram trabalhar em Universidades de reputação mundial e em centros de investigação que se distinguem pela excelência e pela exigência.

Graças também ao papel agregador de associações, colectividades e líderes locais, que muito têm feito para manter acesa a chama da portugalidade nesta costa dourada dos Estados Unidos da América a comunidade portuguesa ficou consideravelmente mais forte.

Os Portugueses da Costa Oeste são uma comunidade que preserva as suas particularidades culturais e que possui a sua autonomia, mas que se revê inteiramente nos ideais de liberdade, de democracia e de solidariedade que sempre nortearam a História dos Estados Unidos da América. Apraz-me registar, como Presidente da República, que os Portugueses se encontram plenamente integrados nesta terra e que, juntamente com os seus filhos e netos, os luso-descendentes, se destacam pela qualidade do seu trabalho e da sua contribuição cívica e política.

Meus amigos,

Portugal tem para convosco uma enorme dívida. Das autoridades portuguesas exige-se que tudo façam para manter e aprofundar os laços que unem as comunidades da diáspora ao seu país de origem.

Segui, com a maior atenção, o filme que acabou de ser exibido. Um filme extraordinário, que nos trouxe a diversidade e o dinamismo das comunidades que integram o vasto espaço desta região consular. Um filme que atesta, de forma tocante, o seu apego ao País de que todos somos filhos.

Tomei boa nota de tudo quanto ali foi dito e das perguntas que foram formuladas, e tenho a certeza que o mesmo terá acontecido com o Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, aqui presente. Há um ponto comum em todas elas: o desejo de que as autoridades portuguesas valorizem e apoiem adequadamente o que aqui se faz em prol de Portugal, e de que estejam atentas às vossas necessidades e iniciativas. Posso assegurar-vos que nada do que ali foi dito será esquecido e que não deixarei, pelo meu lado, de tudo fazer para que as vossas preocupações tenham a resposta e o seguimento que merecem.

Caros compatriotas,

Venho até vós, em nome daquilo que nos une, que é Portugal. Um Portugal que para uns será a terra, em muitos casos a ilha onde nasceram, e para outros é uma referência cultural e identitária essencial, que lhes chegou pelos Pais ou pelos Avós.

Venho em nome de um Portugal que, mais do que nunca, precisa de todos, para construir o seu futuro.

É em nome do futuro de Portugal que vos quero falar. É em nome desse futuro que apelo a todos para que se lembrem da vossa origem e sintam que têm um imperativo de portugalidade, dando o melhor do vosso talento em prol do país de onde vieram, ou a que estão ligados por laços de sangue e de afecto.

É sabido que a nossa Pátria enfrenta um período de dificuldades, que implicam muitos e difíceis sacrifícios. Não tenham dúvidas: vamos ultrapassá-las, como tantas vezes aconteceu, no passado. Mas, para que isso aconteça, Portugal tem de saber tirar partido de factores que o distinguem positivamente face a outros países e que constituem uma mais-valia num mundo crescentemente competitivo. Um deles é, inquestionavelmente, o extraordinário potencial que constitui a nossa diáspora, feita de muitos milhões de portugueses e luso-descendentes, espalhados pelos cinco continentes.

A ela se pede que divulgue as potencialidades que Portugal oferece desde logo, enquanto Estado-membro da União Europeia, o maior mercado do mundo, com milhões de consumidores dotados de um elevado poder de compra. E a verdade é que em sectores estratégicos como a floresta ou a economia do mar, no turismo de qualidade ou nas novas tecnologias, Portugal dispõe de extraordinários recursos e potencialidades, além de uma geração altamente qualificada de empresários dinâmicos e inovadores, de autarcas motivados para apostar no lançamento de iniciativas locais geradoras de emprego.

O nosso País está, aliás a desenvolver um esforço muito sério e consistente de promoção das suas exportações e de atracção de investimento, no quadro de um processo mais vasto de reestruturação empresarial, que aposta na internacionalização e que incluirá a privatização de importantes sectores económicos. Àqueles que desejam investir em Portugal deve ser dada a possibilidade de o fazerem sem entraves burocráticos ou constrangimentos administrativos.

Em suma, como a Califórnia, como os Estados Unidos, também Portugal é uma terra de oportunidades, para quem as saiba aproveitar no momento certo. Esse momento é hoje, é agora.

Sei que posso contar convosco para continuar a erguer, bem alto, o nome da terra que vos viu nascer ou a que vos sentis ligados. Para divulgar as suas belezas, a riqueza da sua História quase milenar e do seu património cultural. E para afirmar o valor económico e cultural da nossa língua, a sexta do mundo, falada por mais de duzentos e cinquenta milhões pessoas, nos cinco continentes. Mas sei que posso, ainda, contar convosco para lembrar que Portugal é um destino de investimento atractivo e uma fonte de produtos de alta qualidade, que merecem ser conhecidos, divulgados e testados.

Caros amigos e compatriotas,

Quero agradecer, mais uma vez, a vossa presença, tão numerosa, esta noite, o vosso calor e hospitalidade. Permitam-me, aliás, uma palavra de especial gratidão a todos quantos, dentre vós, se envolveram mais directamente na organização deste jantar e desta minha Visita. Quero agradecer-vos, ainda, como Presidente da República e como vosso compatriota, tudo quanto fazeis, todos os dias, para honrar o nome do nosso querido Portugal.

Levarei comigo a saudade do vosso convívio, mas também o vosso exemplo de tenacidade, de vontade de vencer, de amor a Portugal. Ele será, sempre, para mim, fonte de estímulo e de encorajamento. Estou-vos muito grato por isso e desejo-vos, do fundo do coração, em meu nome, e também no de minha Mulher, as maiores felicidades na vossa vida pessoal e profissional.

Até sempre e muito obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.