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Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Atribuição do Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores
Fundação Calouste Gulbenkian, 22 de Outubro de 2011

As minhas primeiras palavras são para felicitar Gonçalo M. Tavares, autor do livro premiado, a quem apresento os meus sinceros parabéns.

Numa situação normal, talvez não fosse necessário acrescentar de que prémio se trata. Neste caso, porém, o livro conheceu uma tal aceitação, que os prémios se sucedem um após outro. Ainda não se procedeu à entrega de um, já está a ser anunciado o seguinte. Convém por isso acrescentar, tratando-se de Gonçalo M. Tavares, que o prémio que hoje lhe é entregue é o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, por sinal o mais antigo galardão atribuído em Portugal a obras de criação literária.

Não irei alongar-me no elogio do premiado. Depois de tudo o que já foi aqui dito, depois de tantas traduções, tantos prémios nacionais e internacionais, e tantos aplausos por parte da crítica mais exigente, é difícil não cairmos na redundância, ao falar do conjunto desta obra: uma obra que em apenas uma década, e por mérito próprio, impôs Gonçalo M. Tavares como um dos nomes indiscutíveis no panorama das letras contemporâneas.

Aquilo a que vimos assistindo, a cada nova edição, é de facto um consenso tão alargado, expresso de tantos modos e por tão qualificados representantes quer da academia, quer da opinião pública e dos media, que seguramente o seu significado não se resume a um episódio passageiro.

Pela minha parte, gostaria apenas de exprimir a enorme satisfação que todos nós, os portugueses, sentimos, ao testemunhar o sucesso e a justa projecção alcançada por um dos nossos escritores.

Satisfação e reconhecimento. O prestígio alcançado além-fronteiras por um escritor, por um artista ou por um homem de ciência, é sempre uma mais-valia para o património comum. Cada leitor que ele conquista, cada prémio que lhe é atribuído, reflecte-se na imagem global do País e aumenta a consideração e o interesse por tudo aquilo que é português.

O mérito e os louros, obviamente, cabem-lhe por inteiro só a ele. É no seu talento, na sua imaginação, na sua força criadora e no seu trabalho, que reside o segredo de todos os êxitos que já alcançou até aqui.

Não há, de resto, outra explicação para esse prodígio, que é ser lido e apreciado nos quatro cantos do mundo, por leitores que possuem culturas e modos de vida completamente distintos.

Mas, de alguma forma, todos nós beneficiamos colectivamente, quando uma obra como esta é reconhecida no plano internacional.

Porque é também na língua de Camões e Fernando Pessoa, de Vieira e Eça de Queiroz, na língua em que nós falamos todos os dias, que Gonçalo M. Tavares escreve os livros, de que depois se fazem traduções.

Através dos seus romances e da sua poesia, dos seus contos e peças de teatro, a língua portuguesa tornou-se mais rica e, através dela, enriqueceu-se igualmente a cultura universal, com novos modos de ver, imaginar e sentir.

São obras como as de Gonçalo M. Tavares que verdadeiramente conferem ao português o estatuto de uma língua viva. Já não é apenas o facto de ser uma língua falada e escrita por muitos milhões de homens e mulheres. É sobretudo o facto de ela ser um espaço dinâmico, no interior do qual a cultura e a ciência universais também se transformam e renovam, num diálogo permanente entre povos e entre gerações.

Uma viagem à Índia, o livro que nos trouxe aqui hoje, é o exemplo desse cruzamento de perspectivas e memórias diferentes, mediante o qual a arte consegue rasgar novos horizontes, e fazer, ao nível da ficção, aquilo que o poeta dizia que tinham feito as viagens dos portugueses: «dar novos mundos ao mundo».

É um livro com um título que remete para a nossa história, da mesma forma que a sua arquitectura faz lembrar a dos Lusíadas.

Basta, além disso, folhear algumas páginas, para nos ocorrerem Camões e outros escritores viajantes, como Fernão Mendes Pinto e João de Barros, em cujas obras aparece também o confronto entre mundos e civilizações diferentes.

Contudo, e sem menosprezo para essas marcas de origem, facilmente identificáveis, Uma viagem à Índia é acima de tudo um texto actual e universal, um texto em que se reflecte a complexidade e a incerteza, que são marcas inconfundíveis do nosso mundo e do tempo em que vivemos.

Há, portanto, boas razões para nos congratularmos com a sua publicação e para saudarmos vivamente o autor, Gonçalo M. Tavares, a quem a Associação Portuguesa de Escritores quis este ano distinguir.

Estou seguro de que outros títulos da sua autoria virão juntar-se a este, e a conhecer idêntico sucesso.

Muito obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.