É com o maior gosto que me associo, uma vez mais, à cerimónia que marca o encerramento do Encontro “Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa” e a entrega do respectivo Prémio. Felicito todos os nomeados e dirijo desde já, aos laureados, os meus parabéns.
Quero também saudar, de forma muito calorosa, os empreendedores vindos dos cinco continentes, agradecendo terem aceite o meu convite para participar nesta terceira edição do Encontro da Diáspora, bem como nas Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Permitam-me uma particular referência aos participantes no concurso “FAZ-Ideias de Origem Portuguesa”, oportuna iniciativa promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação Talento no domínio do empreendedorismo social, pelo seu contributo para o enriquecimento do debate e da abrangência deste Encontro da Diáspora.
A evolução muito positiva do número de candidaturas ao Prémio “Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa” e a crescente adesão ao Encontro por parte dos nossos compatriotas, quer os nomeados, quer os proponentes, são sinais inequívocos de uma vontade, por parte das comunidades portuguesas no exterior, de maior aproximação a Portugal.
O grupo de candidatos ao Prémio - candidatos esses que, vale a pena notar, se distribuem geograficamente por mais de 30 países - espelha bem o poder e o potencial das redes da diáspora lusitana. O montante do volume de negócios agregado das respectivas empresas ascende a mais de 4,5 mil milhões de euros, com a notável capacidade empregadora de mais de 60 mil colaboradores.
A ideia fundadora deste Prémio para o Empreendedorismo Inovador assenta na premissa de que os portugueses que partiram da sua Pátria têm uma história feita de determinação e de engenho, mas têm também um presente e um futuro que importa valorizar.
É, justamente, com uma noção do caminho de futuro do País que decidi apoiar a realização deste Encontro que junta a diáspora, os empreendedores e a inovação. Três elementos que se revelam fundamentais para que Portugal consiga ultrapassar as dificuldades com que se debate.
A recuperação da nossa economia depende em muito da nossa capacidade de reforçar a ligação com a economia mundial, de intensificar a capacidade dos empreendedores estabelecerem ligações globais em redes de inovação.
Não basta a dimensão física nem o poder económico da diáspora para determinar o seu sucesso enquanto força de desenvolvimento do país de origem. Mesmo com uma dimensão apreciável, com poder económico, com capacidade empreendedora e entusiasmo em promover a desejada aproximação, os membros das comunidades da diáspora acabam, frequentemente, por chocar com os constrangimentos e as barreiras institucionais impostos pela sociedade de origem.
São frequentes as queixas dos nossos compatriotas, motivados para investirem em Portugal, de que os seus esforços esbarram com regras incompreensíveis, tempos de espera inaceitáveis, e tratamentos inadequados para quem pretende apostar em criar emprego e prosperidade no seu País.
Outras nações, com dimensão semelhante à nossa, têm vindo, no entanto, a realizar apostas bem-sucedidas nas suas diásporas através de projectos concretos, que fomentam agendas e propósitos comuns.
Estou convicto de que a efectiva abertura de Portugal às suas comunidades dispersas pelo Mundo permitirá alcançar o sucesso de outros países de características idênticas ao nosso. Acontece que o fortalecimento dos laços com os nossos compatriotas no exterior não é meramente um problema de acção dos poderes públicos. É a sociedade portuguesa como um todo que terá de interiorizar a oportunidade decorrente do potencial empreendedor e de criação de riqueza da diáspora lusitana.
O processo de aproximação à nossa diáspora terá rapidamente que passar da retórica e das palavras a iniciativas concretas, sem as quais faltará credibilidade às intenções demonstradas e perder-se-á, porventura, a motivação para continuar.
É com o espírito de divulgar e reconhecer o mérito dos empreendedores da nossa diáspora e de semear novas ligações e contactos que hoje estamos aqui.
Mas não podemos julgar que o nosso entusiasmo se transformará espontaneamente em qualquer realidade tangível, nem confiar que o entusiasmo original se mantenha para sempre.
Sei que os contactos proporcionados em anteriores edições do Encontro da Diáspora puderam já contribuir para que alguns dos nossos compatriotas considerassem a decisão de voltar e investir no nosso país.
Para a COTEC, instituição que tem desenvolvido um trabalho tão exigente quanto pioneiro nesta matéria, o desafio é o de integrar esta iniciativa, de uma forma harmoniosa e profícua, nas restantes acções de promoção da inovação e empreendedorismo ao nível nacional.
Uma tão alargada presença neste Encontro é sinal, como já disse, de que os nossos compatriotas estão disponíveis para contribuir para ultrapassar os desafios que Portugal enfrenta.
Mas, insisto, a disponibilidade que sentimos por parte da nossa diáspora não será suficiente para produzir resultados palpáveis se não existir a necessária reciprocidade das instituições nacionais, das empresas e de outras organizações para conceber e levar a cabo iniciativas de interesse comum.
Todos não seremos demais para mobilizar esse enorme capital social que a diáspora portuguesa representa. Como já afirmei antes, mobilizar os seus recursos terá, inevitavelmente, de se tornar uma prioridade nacional.
Senhoras e Senhores,
Gerações de Portugueses dispersos por todo o Mundo têm sido a expressão do espírito empreendedor lusitano, do esforço e da ambição de ultrapassar o que sonharam possível.
Homenageamos nesta cerimónia, perante o País, o trajecto e a contribuição profissional e social de dois grandes empreendedores portugueses. Trata-se de dois percursos empresariais realizados em sociedades com diferentes valores e regras, mas sempre de elevada exigência, onde o mérito é o principal factor de sucesso; em sectores de actividade distintos, mas nos quais o conhecimento, a tecnologia e a inovação são factores indispensáveis para ser competitivo; com modelos de negócio muito diferentes, mas ambos de grande eficácia.
A todos os restantes nomeados, saúdo o mérito do vosso trabalho, igualmente merecedor da admiração de todos os portugueses.
Não gostaria de terminar sem referir que, para o prestígio que este Prémio tem granjeado desde o seu lançamento, em 2007, muito tem contribuído o esforço e a dedicação da equipa da COTEC, e, muito em especial, a visão e persistência do Presidente do Júri, Dr. Filipe de Botton, a quem dirijo um especial agradecimento.
A todos os que aqui se deslocaram, vindos das mais variadas partes do Mundo, desejo uma excelente estadia nesta vossa terra de Portugal.
Muito obrigado.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.