O combate à pobreza e à exclusão social assume uma importância decisiva na construção de uma Europa socialmente mais justa e solidária. A recente crise económica mundial veio recolocar, de forma muito intensa e ainda mais premente, o problema da pobreza na agenda política dos Estados e das instituições internacionais.
O desemprego, as novas situações de pobreza e de exclusão constituem realidades que têm de ser enfrentadas pelos responsáveis políticos e pelos agentes económicos da União, em estreita articulação com a sociedade civil.
Desde o início do meu mandato como Presidente da República, elegi como uma prioridade a inclusão social. Numa sociedade moderna e num regime democrático nascido sob ideais de liberdade e de justiça, a persistência de situações intoleráveis de pobreza e exclusão é algo que não podemos admitir. Temos de juntar esforços para que Portugal seja um País mais solidário e inclusivo.
Lancei, neste contexto, a iniciativa dos «Roteiros para a Inclusão». Por todo o País encontrei exemplos de boas práticas que devem servir de modelo e de estímulo. De Norte a Sul, estive com jovens que se dedicam ao voluntariado, organizações não-governamentais que lutam por maior justiça social, instituições públicas e privadas que se empenham num combate que é de todos.
Estou consciente de que há ainda um longo caminho a percorrer. Sei que a luta pela justiça social e pela igualdade de oportunidades não se vence num dia, nem sequer em alguns anos. Trata-se de um esforço permanente, de uma tarefa sempre inacabada.
Mas nem por isso é utópico o ideal por que nos batemos. Não é irrealista pensar que Portugal pode criar mais riqueza e pode distribuí-la de forma mais equitativa, com transparência e equilíbrio.
Além da erradicação das situações extremas e mais evidentes de privação material, é necessário favorecer a inclusão. Tal pressupõe que se conceda às pessoas nessas situações a oportunidade de contribuir activamente para um Portugal melhor.
O combate à exclusão é um combate de igualdade, mas também, e acima de tudo, um combate de dignidade. É urgente quebrar laços de dependência que não dignificam os mais desfavorecidos. É fundamental que estes possam conquistar a sua autonomia e assumir a sua responsabilidade como cidadãos de pleno direito.
Em boa hora a União Europeia escolheu 2010 como o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social. No ano em que se comemora o centenário da implantação da República, este é um combate que merece ser travado. Um combate feito em nome da dignidade de todos, enquanto homens livres e cidadãos responsáveis de um Portugal inclusivo e de uma Europa solidária.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.