Quero começar por saudar o Presidente Giorgio Napolitano e agradecer-lhe o convite para participar nesta sessão de mais um Encontro COTEC Europa, bem como o excelente acolhimento nesta bela cidade de Nápoles. Quero também dirigir uma saudação amiga a Sua Majestade o Rei de Espanha, D. Juan Carlos.
Felicito a Fundação COTEC-Itália pelo sucesso deste Encontro, sem esquecer as contribuições das suas congéneres espanhola e portuguesa. Em primeiro lugar, pela ampla participação das empresas associadas. Em segundo lugar, pela oportuna escolha do papel da inovação no desenvolvimento dos países designados por «BRICs» como um dos temas de reflexão. Conhecer em maior profundidade as trajectórias e as estratégias de desenvolvimento destes países é, certamente, uma útil base analítica e, até, uma fonte inspiradora para vencer os desafios que hoje enfrentamos.
Pese embora os progressos registados, a Europa continua a apresentar dificuldades na utilização do conhecimento e da inovação no âmbito da chamada «estratégia renovada de Lisboa».
Os nossos três países, com uma história e uma cultura de muitos séculos, enfrentam hoje grandes desafios comuns, associados, designadamente, à utilização eficiente da energia, ao cumprimento das metas ambientais, ao envelhecimento da população e à garantia da coesão social e da sustentabilidade.
Apesar dos passos que têm vindo a ser dados para redefinir as políticas energéticas, subsistem, nesta área, muitos problemas. Portugal, por exemplo, continua a apresentar uma forte dependência energética do exterior e uma elevada intensidade da energia e dos transportes no Produto Interno Bruto. Sendo a energia um factor essencial na produtividade e na competitividade das nossas economias, a melhoria da sua utilização não pode deixar de ser uma prioridade.
No sector das energias renováveis, o negócio do equipamento eólico tem crescido no mundo à taxa de 30 por cento ao ano e estima-se que venha a criar, até 2010, 1 milhão de novos postos de trabalho.
A União Europeia é líder mundial no sector das energias renováveis. No sector da energia eólica, as empresas europeias têm uma quota de 60 por cento do mercado mundial.
Mas o problema que se coloca não é apenas o da utilização de tecnologias limpas que permitam o cumprimento eficiente dos novos objectivos ambientais. É fundamental apostar, também, nas actividades de I&D que permitam o desenvolvimento de novas tecnologias limpas. Este é um grande desafio colocado ao sector empresarial e ao sistema científico.
O novo Programa-Quadro para a investigação da U.E. constitui uma oportunidade única para intensificar a produção de conhecimento em áreas como as novas fontes de energia, a nanotecnologia e a biotecnologia, privilegiando os projectos que envolvam três ou mais países e estabeleçam ligações entre os centros de conhecimento e o mercado.
Desafio, por isso, as empresas portuguesas, espanholas e italianas, assim como os centros de investigação dos três países, a integrarem, com o apoio da COTEC Europa, consórcios em projectos de investigação nestas e noutras áreas do conhecimento.
A cooperação entre os nossos países na criação de novo conhecimento em áreas científicas e tecnológicas de vanguarda é uma prioridade que devermos assumir. Existem já bons exemplos. É o caso da criação recente do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia. Trata-se de um centro de investigação criado no norte de Portugal, com um investimento anual previsto de 30 milhões de euros, resultante de um acordo entre Portugal e Espanha para uma iniciativa estratégica no domínio da investigação na área das nanotecnologias.
Sectores tradicionais, como o têxtil, vestuário e calçado, detêm na economia portuguesa, tal como nas economias espanhola e italiana, um peso significativo. Nas últimas décadas, face à concorrência global, passaram por profundas reestruturações, envolvendo novas estratégias de mercado assentes no design, na criação de marcas de prestígio, em novos produtos de intensidade tecnológica superior, assim como em novas redes de distribuição.
Urge intensificar o grau de ligação entre os «clusters» produtivos tradicionais dos três países da COTEC, criando mais organização em rede, mais troca de ideias e mais integração de conhecimento.
Muitas são hoje as empresas portuguesas que procuram, logo à nascença, a via da inovação e internacionalização como forma de rápido crescimento. A COTEC-Portugal oferece um bom exemplo de apoio a estas iniciativas através da sua rede de pequenas e médias empresas. Deveremos criar condições para uma troca regular de experiências entre as pequenas e médias empresas inovadoras da COTEC Europa.
Senhoras e Senhores,
No nosso último Encontro, em Lisboa, foi adoptado um documento conjunto que tinha como propósito apresentar à Comissão Europeia a disponibilidade da COTEC Europa para colaborar no aprofundamento das políticas de inovação para os países da Europa do Sul. Temos, com justificado sentimento de urgência, bons motivos de interesse comum para exigir a aplicação de novas medidas de reforço da eficiência dos nossos sistemas nacionais de inovação.
Se é importante preservar a memória do passado multissecular que nos une, não é menos importante antecipar no presente a chegada do futuro. É este o significado da prioridade conferida ao investimento na inovação. A globalização irá, cada vez mais, exigir às sociedades e às economias um esforço de adaptação constante para aproveitar oportunidades, mas também para enfrentar novos riscos. Confio na capacidade e no talento dos nossos empresários. Trabalhando em conjunto, saberemos estar à altura dos desafios do futuro. Este IV Encontro COTEC Europa reforça esta minha convicção.
Muito obrigado.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
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