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Cerimónia de agraciamento do Eng. António Guterres
Cerimónia de agraciamento do Eng. António Guterres
Palácio de Belém, 2 de fevereiro de 2016 ler mais: Cerimónia de agraciamento do Eng. António Guterres

PRESIDENTE da REPÚBLICA

INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República no Jantar de Estado oferecido em honra do Presidente da Irlanda, Michael D. Higgins, e Senhora Sabina Higgins
Palácio Nacional da Ajuda, 8 de dezembro de 2015

É com enorme gosto e satisfação que acolhemos em Portugal o Presidente Michael D. Higgins e a Senhora Sabina Higgins, assim como toda a comitiva que os acompanha nesta Visita de Estado. Sejam bem-vindos!

Espero que se sintam bem entre nós, nesta que é a primeira deslocação oficial do Presidente Higgins a Portugal, e que a visita seja profícua para o relacionamento entre os nossos dois países.

Portugal e a Irlanda têm uma já longa tradição de relacionamento bilateral e os laços de amizade entre os dois povos são centenários. Os primeiros contactos tiveram lugar em eras remotas. Durante o período medieval, registou-se um incremento do comércio entre os nossos povos, que se estendeu aos domínios cultural, religioso e intelectual. Para esta proximidade, contribuiu o facto de várias distintas famílias irlandesas se terem radicado em Portugal.

Partilhamos diversas afinidades. Desde logo, a geografia: situados na extremidade da Europa, somos povos de forte vocação marítima e voltados para o Atlântico. Somos abertos ao Mundo e a novas experiências, conhecemos bem a emigração. Hoje, compartilhamos também o projeto comum da União Europeia, com o qual estamos firmemente comprometidos e que constitui um eixo central do nosso relacionamento.

Admiramos a Irlanda, o calor humano e a generosidade das suas gentes, a criatividade dos seus músicos e escritores – basta recordar os nomes de Oscar Wilde, James Joyce, Samuel Beckett ou Seamus Heaney – a beleza das suas paisagens, o enorme dinamismo de que tem dado provas para se reinventar como uma “ilha global” e para alcançar um nível de prosperidade e de desenvolvimento a todos os títulos invejável.

É do interesse de ambos os países reforçarem a cooperação bilateral. Atendendo às ligações antigas, ao excelente entendimento político e às potencialidades existentes, estou certo de que podemos fazer muito mais.

Refiro-me, por exemplo, às trocas comerciais, ao investimento recíproco, ao turismo. Penso, nomeadamente, em setores em que os nossos países se têm distinguido nos últimos anos, como as tecnologias da informação e comunicação. Portugal é um país que investe no estrangeiro e que, pela sua história e legado, é também um parceiro natural para iniciativas conjuntas em outras regiões, nomeadamente em África e na América do Sul.

O reforço dos laços entre os povos passa, igualmente, pelo conhecimento recíproco das suas culturas, do património, das artes. Desejo que cada vez mais cidadãos irlandeses visitem Portugal, procurem conhecer o património e a cultura portuguesa, a gastronomia, os vinhos, a música, a literatura. Há muito, neste país atlântico mais a sul, para descobrir e desfrutar.

Portugal conta hoje com um significativo número de portugueses na Irlanda, na sua maioria jovens quadros colocados em multinacionais instaladas em Dublin ou em outras cidades irlandesas. Esta comunidade, integrada e respeitada, é, também ela, um fator inestimável na promoção das relações entre os nossos dois países.

Senhor Presidente,

Estes últimos anos foram, como bem sabemos, particularmente difíceis para os nossos países. Foram impostos sacrifícios muito pesados às nossas populações, com todas as consequências que daí advieram.

Hoje, virada a página, e cumpridos que foram os exigentes e rigorosos Programas de Assistência Económica e Financeira, Portugal e a Irlanda recuperaram o acesso aos mercados e apresentam economias mais competitivas, sustentáveis e integradas na economia global. São visíveis, especialmente na Irlanda, mas também em Portugal, os sinais de recuperação da atividade económica, com efeitos na redução do desemprego.

Estes foram – e são – igualmente tempos de enormes desafios para a Europa.

A crise financeira internacional expôs fragilidades e desequilíbrios a vários níveis, revelou a dificuldade de resposta adequada e tornou evidente o elevado grau de interdependência económica e financeira entre os Estados-Membros e, em particular, os da zona euro. Tenho empenhadamente defendido que os esforços nacionais de reforma e consolidação orçamental sejam acompanhados por uma forte agenda europeia orientada para o crescimento e para o emprego.

A Europa, e o mundo, são também hoje confrontados com desafios sem precedentes na área das migrações e luta contra o terrorismo, para os quais urge encontrar respostas comuns, dentro dos princípios e valores que partilhamos.

Senhor Presidente,

A longa trajetória política que conduziu V. Exa. ao alto cargo que atualmente ocupa é um exemplo de dedicação a causas nobres, como a defesa dos direitos humanos e da solidariedade entre os povos, a proteção dos mais vulneráveis, o amor à sua pátria, aos seus costumes e tradições. Um exemplo que admiramos e que merece ser sublinhado.

Sabemos que os portugueses e os irlandeses são dois povos que partilham referências e valores, se entendem e se apreciam mutuamente. Não pode haver melhor base para desenvolvermos as nossas relações, comerciais, económicas, científicas e culturais, para que possamos edificar uma relação ainda mais profícua, mais sólida e mais profunda.

É neste espírito que peço a todos que se juntem a mim num brinde à felicidade e saúde do Presidente Michael D. Higgins e da Senhora Sabina Higgins, à prosperidade do povo amigo da Irlanda e ao futuro das relações entre os nossos dois países.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.