Elvas foi a cidade mais fortificada da Europa e alberga o maior sistema de fortificações abaluartadas do mundo e das mais originais, pela sua conceção e implantação. Neste conjunto, classificado como Património da Humanidade pela UNESCO, destaca-se o Forte de Nossa Senhora da Graça, obra-prima da arquitetura militar europeia do século XVIII.
Elvas alia a esse passado histórico um cunho de modernidade que faz com que já não seja apenas um ponto de passagem. É obrigatoriamente uma cidade em que vale a pena parar e estar, para sentir o significado do que se vê.
Visitar Elvas é também a oportunidade de melhor conhecer o caráter do alentejano que, no dizer de Miguel Torga (1) “Manteve-o vertical e sozinho, para que pudesse ver com nitidez o tamanho da sua sombra no chão. Modelou-o de forma a que nenhuma força, por mais hostil, fosse capaz de lhe roubar a coragem, de lhe perverter o instinto, de lhe enfraquecer a razão. E é das coisas mais consoladoras que existem contemplar na feira de qualquer cidade alentejana a compostura natural dum abegão, ou vê-lo passar ao entardecer, numa estrada, com o perfil projetado no horizonte, dentro do seu carro de canudo. É preciso ter uma grande dignidade humana, uma certeza em si muito profunda, para usar uma casaca de pele de ovelha com o garbo dum embaixador”.
No Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas procuramos evocar e interpretar um passado que possa enquadrar um forte sentimento de esperança para o futuro. Elvas, pela excelência do ambiente que se respira e pela largueza de horizontes que oferece, convida à meditação tranquila e ao reencontro com o nosso destino coletivo.
José Albino da Silva Peneda
Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
(1) Miguel Torga, “Portugal” Coimbra, Ed. Autor, 1950.