Rodrigo Leão é um dos mais reconhecidos compositores portugueses contemporâneos. Tanto dentro como fora de portas. A sua música já viajou por todo o mundo tendo recebido aplausos nas mais distintas latitudes: por toda a Europa, mas também no Extremo Oriente ou na América. Por tudo isso é apenas natural que o novo álbum de Rodrigo Leão, intitulado «A Mãe», seja quase um registo de viagens: «Este disco foi escrito em vários sítios», explica o músico e compositor, «Em Goa, em Nova Iorque, em Espanha, Itália e, claro, em Portugal». «As músicas», prossegue, «foram compostas em movimento, com diferentes janelas sobre o mundo, o que me permitiu explorar diferentes emoções, diferentes olhares». Rodrigo confessa que se habituou a incluir na sua bagagem um par de auscultadores, um computador e um pequeno teclado com que foi escrevendo as histórias que agora se contam no novo registo que descreve como «mais introspectivo, nostálgico e melancólico. Apesar de ter alguns temas mais alegres, este é um disco que eu fiz muito voltado para dentro,» assegura.
Com temas como «Vida Tão Estranha», «Histórias», «Segredos», «Canciones Negras», «A História do Carro» ou «A Corda», este é um álbum onde as melodias de Rodrigo Leão cruzam uma certa sensibilidade pop com uma sofisticação de arranjos que tem sido marca registada dos seus aplaudidos trabalhos. A Sinfonieta de Lisboa participa mesmo nalguns dos momentos do novo registo, ajudando a transportar os arranjos para outra dimensão.
«O Cinema Ensemble», explica Rodrigo, «participa muito mais neste disco. A Ana Vieira canta cinco ou seis temas e em dois deles ela ajudou-me mesmo a compor as frases vocais. Está completamente integrada. E todos os outros elementos, como a Celina da Piedade, por exemplo, revelam novas facetas, estando completamente entregues». O Cinema Ensemble continua a contar com Celina da Piedade, Ana Vieira, Viviena Toupikova, Marco Pereira, Bruno Silva, Luís Aires e Luís San Payo, uma equipa imbatível tanto em estúdio, como em palco, local onde já se habituou a arrancar “bravos” e incessantes aplausos com a música que executa e que soa quase mágica.
Rodrigo Leão tem trabalhado de forma intensa nos últimos anos, mas na verdade a sua carreira sempre se pautou pela dedicação profunda. Na década de 80 o seu visionário trabalho nos Sétima legião lançou pistas que ainda hoje são exploradas pela nossa pop e no processo criou alguns importantes clássicos da nossa história, como «Glória» ou «Sete Mares». O capítulo seguinte da sua história passou pela conciliação da pop com a tradição do fado e das sonoridades tradicionais nos Madredeus, grupo com que começou por explorar o mundo e com quem gravou três álbuns que angariaram aplausos em todo o planeta.
Logo depois, Rodrigo aventurou-se a solo com enorme sucesso. «Ave Mundi Luminar», editado em 1992, levou o seu nome aos mais importantes mercados do mundo e conseguiu vendas assinaláveis que o impuseram desde o arranque como um valor seguro. Seguiram-se trabalhos como «Mysterium» (1995), «Theatrum» (1996), «Alma mater» (2000) e a compilação «Pasion» (também de 2000), degraus seguros numa ascensão imparável na cena internacional, com Rodrigo a cruzar influências clássicas, minimalismo, arranjos inspirados em cinema e ecos de pop de forma absolutamente original. Com o álbum «Cinema», de 2004, a sua música alcançou novas audiências, tanto em Portugal como no exterior, reaproximando-o de uma esfera pop que há já algum tempo não explorava. Depois, a compilação «O Mundo», lançada internacionalmente em 2006, garantiu-lhe os mais rasgados elogios: Pedro Almodovar, por exemplo, não teve dúvidas e descreveu Rodrigo Leão como «um dos mais inspirados compositores do mundo». E músicos como Ryuichi Sakamoto ou Beth Gibbons dos Portishead também não hesitaram quando receberam convites de Rodrigo Leão para deixarem a sua marca nos discos que foi criando.
Em 2007, Rodrigo deu música às imagens da excelente série de televisão «Portugal – Um Retrato Social» e percorreu várias salas do nosso país com essa música que ajudou a compor o retrato sociológico do nosso país. Seguiu-se o desafio dos responsáveis pela maior série de ficção já produzida no nosso país, «Equador», para a qual Rodrigo compôs algumas evocativas peças que são já momento alto dos seus concertos, por estarem ligadas a alguns dos mais emocionantes momentos do desenrolar dessa história. E em 2009 chega «A Mãe», álbum com que Rodrigo Leão procura homenagear o mais puro dos amores, ao mesmo tempo que explora as suas próprias visões do mundo. Ao vivo, temas novos como «Vida Tão Estranha» cruzam-se com momentos altos do seu reportório, como «A Casa», «Voltar» ou «Solitude», num desfiar de um mágico novelo de melodias que entrelaçam imagens no nosso imaginário. «É sempre bom regressar ao palco», explica Rodrigo Leão. «As canções que são escritas e gravadas em circuito fechado abrem-se finalmente aí perante as pessoas. E esse é um processo sempre singular, sempre maravilhoso».