Portugal tem vindo a fazer um esforço, em especial desde o final da década de 80, de investimento público em I&D, de apoio à formação avançada de recursos humanos e de constituição de equipas de investigação em todo o país, tal como se pode verificar nos gráficos e tabelas seguintes (respeitantes à evolução das dotações orçamentais, ao número de doutoramentos e à quantificação das instituições de I&D):
Actores nacionais de I,D&I | Número |
Laboratórios de Estado | 11 |
Centros Tecnológicos | 8 |
Laboratórios Associados | 21 |
Parques Tecnológicos | 13 |
Centros de Transferência de Tecnologia | 11 |
Centros de Incubação | 21 |
Institutos de novas tecnologias | 18 |
Unidades de investigação | 403 |
Contudo, no exercício de benchmarking europeu na Investigação, Desenvolvimento e Inovação, o nosso desempenho é ainda insuficiente. A consulta dos relatórios da EU e da OCDE permite concluir que:
Ao nível da qualificação e conhecimento, Portugal tem,
- A mais baixa % de população jovem no ensino secundário (50% quando a média EU é de 77,3%). A Eslováquia tem 94%.
- Apenas 12,5% da população entre os 25 e 64 anos com diplomas de ensino superior. A média EU é de 21,9%. A Finlândia tem aproximadamente 35%.
- Apenas 8,2 diplomados em C&T, por milhar de habitantes. A média EU é de 12/1000 e a Irlanda tem 24/1000.
- 3,8 investigadores por milhar de empregados. A média EU é de 4,8 e a Finlândia tem 15,8.
- 20% das famílias com ligação à Internet banda larga. A média EU é de 23%. A Finlândia tem 36%.
- Uma taxa de aprendizagem ao longo da vida (participação em acções de educação/formação da população entre os 25 e 64 anos) de 4,6%. A média da UE é de 10,8%.Na Suécia esta taxa é de 35%.
Ao nível da Ciência e Tecnologia, Portugal tem,
- Cerca de 0,3 novos doutorados por milhar de habitantes entre os 25 e os 34 anos. A média EU é de 0,55.
- Uma produção de 406 publicações científicas anuais por milhão de habitantes. A média EU é de 639. Na Suécia este valor é de 1600.
- 4,6 pessoas no sector da I&D por milhar de empregados. Na EU este valor é de 9,4 e na Finlândia de 21.
- A despesa pública portuguesa em I&D é de 0,52% do PIB, quando a média EU é de 0,7% do PIB. Na Finlândia esse valor é de cerca de 1% do PIB.
- A despesa das empresas portuguesas em I&D é de apenas 0,3% do PIB. Este é um valor consideravelmente inferior ao da média da EU (1,3%)
Ao nível da competitividade e inovação,
- O emprego nas indústrias de média e alta tecnologia, em Portugal, representa apenas 3,2% do total de emprego. Na EU este valor é de 6,6% e na Finlândia de 7%.
- O emprego nos serviços de alta tecnologia, em Portugal, representa apenas 1,45% do total de emprego. Na EU este valor é de 3,2% e na Finlândia de 4,5%.
- O valor acrescentado (VAB) das indústrias de média e alta tecnologia em Portugal é de apenas 4,9% do valor acrescentado (VAB) da economia. A média EU é de 15,8%. Espanha tem o dobro do nosso valor.
- O valor acrescentado (VAB) dos serviços de alta tecnologia em Portugal é de 4,0% do valor acrescentado (VAB) da economia. É um valor idêntico ao de Espanha mas inferior à média da EU (6,4%)
- O peso das exportações de produtos de alta tecnologia face ao total das exportações portuguesas é de 7,4%. Este valor é superior ao de Espanha mas muito inferior ao da média da EU (17,8%).
- Portugal apresenta um baixíssimo índice no registo anual de patentes: apenas 4,3 por milhão de habitantes quando a média EU é de 133,6.
- Portugal regista, anualmente, 21 novas marcas. A média da EU é de 59. Na Finlândia este valor é de 78.
- Portugal apresenta um baixo investimento em capital de risco: 0,09% do PIB. A média da EU é de 0,285 % do PIB.
- Portugal, não sendo naturalmente caso único, enfrenta uma preocupante fuga de cérebros, com cerca de 30% dos bolseiros portugueses de doutoramento no estrangeiro a decidirem não regressar nos anos seguintes.
Os cinco gráficos seguintes (divulgados no “Key figures 2005 on Science, Technology and Innovation”, DG Research, EC) demonstram que o problema português não radica apenas no baixo investimento em I&D mas principalmente na ineficiência desse investimento e na composição desse investimento (preponderantemente público, com baixo investimento privado).
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