Bem-vindo à página ARQUIVO 2006-2016 da Presidência da República Portuguesa

Nota à navegação com tecnologias de apoio

Nesta página encontra 2 elementos auxiliares de navegação: motor de busca (tecla de atalho 1) | Saltar para o conteúdo (tecla de atalho 2)
Visita ao Centro de Formação  da Escola da Guarda (GNR)
Visita ao Centro de Formação da Escola da Guarda (GNR)
Portalegre, 11 de fevereiro de 2016 ler mais: Visita ao Centro de Formação  da Escola da Guarda (GNR)

PRESIDENTE da REPÚBLICA

INTERVENÇÕES

Clique aqui para diminuir o tamanho do texto| Clique aqui para aumentar o tamanho do texto
Discurso do Presidente da República por ocasião da visita ao Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC)
Porto, 20 de junho de 2014

O Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, abreviadamente conhecido como UPTEC, é um espaço comum de trabalho de cientistas e investigadores. Mas é também – e acima de tudo – um exemplo notável da cultura que emerge do relacionamento profícuo entre a universidade e as empresas.

A ligação à comunidade científica, as condições de apoio aos investigadores para transformarem os seus resultados em projetos empresariais, o ambiente de cooperação entre cientistas são fatores que contribuem para o reconhecido êxito deste projeto.

Mas é igualmente a existência de uma visão de longo prazo que fez a Universidade do Porto assumir-se, através deste Pólo de Ciência e Tecnologia, como um protagonista ativo no domínio da iniciativa empresarial e na transferência de conhecimento para a economia.

Na essência da Universidade está sempre um espaço de liberdade, de procura da verdade, de independência, de criatividade. Mas, enquanto instituição social, a Academia não pode alhear-se da sua envolvente, não pode deixar de questionar-se sobre qual o seu contributo para a sociedade.

Portugal é um caso único na Europa de progresso, num curto período de tempo, em matéria de ciência e tecnologia.

As universidades portuguesas e os nossos investigadores ombreiam com os seus pares internacionais em muitas áreas do conhecimento.

Para alcançar este sucesso, o apoio do financiamento público foi decisivo. Sem ele, nunca poderiam ter-se atingido os resultados que hoje celebramos.

Acontece, contudo, que esta evolução não teve reflexo no perfil de especialização da economia nacional, que continua maioritariamente assente em sectores de baixa e média intensidade tecnológica.

A atividade e a produção de conhecimento da comunidade científica têm ainda pouca influência na vida da maioria das empresas nacionais.

Temos de olhar para a infraestrutura científica e tecnológica como um investimento, relativamente ao qual é justo esperar, no entanto, um dado retorno.

Sabemos que o maior incentivo para os investigadores é a publicação em revistas internacionalmente prestigiadas, sendo a aplicação prática do conhecimento algo secundarizada. Deste modo, a transferência de conhecimento pode subalternizar-se nas prioridades de muitos investigadores universitários.

Para que a universidade tenha maior influência na economia, será necessário estimular os seus agentes através de um sistema de incentivos que leve a Academia a tornar-se um protagonista mais ativo na criação de riqueza nacional. É certo que a Universidade deve buscar o saber, não pode converter-se num agente dos interesses das empresas. Contudo, há que encontrar um equilíbrio virtuoso entre o conhecimento teórico e o contributo académico para a comunidade.

Precisamos, pois, de valorizar de forma significativa a investigação aplicada, quer na progressão da carreira académica, nas áreas consideradas relevantes, quer, inclusivamente, como critério no financiamento público das universidades.

Como isto, repito, não se trata de diminuir o papel das universidades no sistema de inovação, mas sim de o reforçar no contexto empresarial.

A ligação fortalecida da Universidade às empresas pode gerar novas unidades produtivas de base tecnológica, nas quais o investigador deve, também ele, assumir o papel de empreendedor.

É este o caso de muitas das startups com que tenho contactado, desenvolvidas num contexto universitário e criadas por cientistas e investigadores.

Por outro lado, a relação entre as universidades e as empresas no domínio da inovação poderá ser reforçada pela disponibilidade das empresas para acolherem investigadores nos seus quadros.

A elevação do valor acrescentado da produção nacional, essencial ao nosso futuro coletivo, terá que acontecer por via da maior intensificação tecnológica nos sectores onde o país é competitivo.

A forma como a Universidade se relaciona com o tecido empresarial assume, por isso, particular relevância. É importante que o conhecimento produzido nos centros universitários chegue às nossas empresas, gerando riqueza e criando postos de trabalho.

Senhoras e Senhores,

A UPTEC é um bom exemplo de valorização do conhecimento produzido em ambiente universitário em áreas de grande potencial económico. Entre essas áreas, destacam-se as novas tecnologias, a economia do mar, as indústrias criativas e a biotecnologia.

A UPTEC foi também reconhecida, de resto, como uma das melhores incubadoras de empresas da Europa, onde a investigação aplicada faz o seu caminho, dos laboratórios até aos mercados.

Os projetos empresariais que aqui visitei resultam de uma saudável proximidade entre a academia e a economia e ilustram bem como é possível valorizar o conhecimento e criar emprego em sectores com grande intensidade tecnológica e elevado valor acrescentado.

Quero, por isso, felicitar a equipa dirigente da UPTEC, na pessoa do seu Presidente, o Professor Novais Barbosa.

Quero igualmente deixar uma palavra de apreço pelo trabalho da equipa Reitoral da Universidade do Porto, que brevemente irá cessar funções. O sucesso da UPTEC é também o resultado de uma visão estratégica quanto ao contributo da Universidade para o desenvolvimento do país.

A todos vós, cientistas, investigadores, estudantes, docentes e empresários, o meu muito obrigado.

Bem hajam pelo vosso talento e pelo vosso trabalho.

O Professor José Carlos Marques dos Santos completa, em breve, o seu mandato como Reitor da Universidade do Porto, função que desempenhou com reconhecida competência durante 8 anos.

Já antes, havia servido o País com grande distinção como diretor da Faculdade de Engenharia.

Como Reitor foi decisivo o seu contributo para a projeção internacional da Universidade do Porto.

O Parque de Ciência e Tecnologia é um resultado bem evidente do seu trabalho assim como a ligação ao mundo empresarial e a criação e desenvolvimento da UPTEC.

Como reconhecimento público pelos relevantes serviços prestados à Universidade e ao País decidi agraciá-lo com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública e é com muita honra que lhe irei impor as respetivas insígnias.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.