Senhores Ministros e Secretários de Estado,
Senhores Deputados,
Senhor Presidente da DEIK, (Foreign Economic Relations Board – Mr. M. Rifat Hisarciklioglu),
Senhor Presidente da AICEP,
Senhora Presidente da TUSIAD (Turkish Industrialists` and Businessmen`s Association – Mrs Arzuhan Dogan Yalcindag),
Senhores Empresários,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Quero começar por saudar a presença de todos vós e dirigir um especial agradecimento à DEIK e à AICEP pela organização desta reunião de trabalho e dos encontros empresariais bilaterais que se lhe seguirão.
Tenho sublinhado, durante esta minha visita, o excelente relacionamento político entre os nossos dois países e a manifesta complementaridade das nossas economias, factores que potenciam oportunidades de cooperação empresarial e favorecem o desenvolvimento de novos negócios e investimentos.
Nos seis anos que se seguiram à crise de 2001, a economia turca cresceu, em média a uma taxa anual próxima de 7 por cento. Esses resultados, notáveis em qualquer parte do mundo, assentaram numa eficaz gestão das políticas macroeconómicas, numa aposta clara na modernização da administração pública e do sistema bancário, e num programa de privatizações e de liberalização dos mercados.
O actual contexto de crise económica e financeira internacional, que a todos afecta, veio, inevitavelmente, travar este caminho. Apesar de os resultados de 2008 e as estimativas para 2009 não serem muito favoráveis, a economia turca tem mostrado uma boa dose de resistência.
“Ponte política e económica” entre dois continentes, interface entre os mercados do mundo árabe e dos países da Europa central e oriental, incontornável plataforma comercial de saída, transporte e distribuição de mercadorias e hidrocarbonetos, a Turquia é um país de enorme importância geoestratégica.
Ao acomodar diversas realidades culturais e religiosas, a Turquia é, também, uma “ponte entre culturas”, projectando a tolerância, a estabilidade e a segurança para lá das suas fronteiras, através do valor do seu exemplo, a que se soma uma política externa particularmente activa e prestigiada. Ora, como sabemos, a paz e a estabilidade são condições vitais para a edificação de sociedades abertas e criativas, e de economias saudáveis.
A União Europeia, pelo seu lado, é um caso único de integração económica e política. Tem agora 27 Estados membros e cerca de 500 milhões de consumidores. Embora contabilizando, apenas, cerca de 7 por cento da população do nosso planeta, a União Europeia é responsável por um quinto do total das exportações e importações mundiais e mais de metade dos fluxos turísticos internacionais.
O Euro, a moeda única europeia lançada em 1999, tornou-se uma importante divisa internacional e Portugal, com uma economia moderna e plenamente integrada na União Europeia, partilha a sua moeda com outros 15 países europeus.
A economia portuguesa desenvolve, actualmente, um vasto leque de actividades industriais e de serviços. Muitas das nossas principais empresas, algumas aqui presentes, operam em diversos sectores no mercado global e vêem com interesse a possibilidade de se expandir para a Turquia e, em cooperação com congéneres locais, para os países limítrofes.
Os nossos produtos tradicionais, como os têxteis e vestuário, o calçado e a cerâmica mantêm uma posição forte nos mercados internacionais, mas a nossa economia tem vindo a apresentar um maior grau de diversificação, assente sobretudo em produtos com crescente coeficiente tecnológico.
Temos uma nova geração de empresas, com capacidade empreendedora, inovadora e tecnológica. Muitas estão a desenvolver produtos e serviços para novos segmentos do mercado mundial: na electrónica, nas tecnologias de informação, na área das energias renováveis, na industria farmacêutica, no desenvolvimento de aplicações de software. E, ainda, na estruturação da oferta de novos produtos turísticos.
As relações comerciais entre a Turquia e Portugal, apesar de alguma evolução positiva nos últimos anos, estão, ainda, muito aquém das suas possibilidades (2008: €224 milhões de exportações para a Turquia e €366 milhões de importações).
No turismo, sector em que os nossos dois países são muito fortes como receptores, deparamos com níveis reduzidos nos fluxos bilaterais, na interdependência operacional e no investimento. A alteração deste cenário aconselha, no meu entender, uma troca de experiências e um diálogo aprofundado entre os agentes do sector.
Na cooperação empresarial e no investimento, há exemplos de diversas empresas portuguesas com significativos projectos na Turquia. Não posso deixar de referir, neste contexto, a recente aposta da CIMPOR, com um dos maiores investimentos de raiz não financeira jamais executado na Turquia. (€710 milhões).
A constituição de plataformas de cooperação e dinamização económica voltadas para a penetração em mercados terceiros deve merecer especial ponderação aos empresários de ambos os países.
Portugal mantém relações históricas e privilegiadas nos vários cantos do mundo, designadamente em África – onde países como Angola e Moçambique falam português e mantêm ligações políticas, económicas e culturais fortes com Portugal – e na América do Sul, onde são particularmente relevantes as nossas ligações económicas e culturais com a maior nação de língua portuguesa, o Brasil.
Por seu lado, a Turquia é uma nação com um excelente acesso à maioria dos países da região em que se insere e que dispõe de contactos privilegiados com os países do Golfo e do Cáucaso.
A Delegação Empresarial que me acompanha é representativa das melhores e mais modernas empresas portuguesas. Todas elas manifestaram um forte empenho em encontrar parceiros e trabalhar com a Turquia. São empresas de áreas-chave para o crescimento equilibrado e sustentável das nossas economias: energias renováveis, tecnologias de informação e gestão de processos, obras públicas e produção de cimento, novos materiais para acabamentos, industria farmacêutica, equipamentos e turismo.
Desafio e encorajo as empresas turcas aqui presentes a trabalhar com as suas congéneres portuguesas na identificação e desenvolvimento de projectos comuns.
Estou particularmente impressionado com o espírito empreendedor e com a motivação que vim encontrar na classe empresarial da Turquia.
Acredito, firmemente, que estão reunidas as condições para que estas iniciativas produzam os resultados positivos que todos desejamos. Resultados que permitam conduzir o nosso relacionamento económico e empresarial a um novo patamar, mais consentâneo com a excelência do nosso relacionamento político e mais próximo do potencial existente.
Muito obrigado.
http://www.presidencia.pt/turquia2009/?idc=731&idi=27284